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Ministro da Educação, Abraham Weintraub, fala sobre contingenciamento nas universidades
Ministro da Educação, Abraham Weintraub| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, retornou à Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (4) para dar esclarecimentos sobre o programa Future-se, recém lançado pela pasta e que será enviado ao Congresso Nacional via Projeto de Lei. O responsável pelo MEC também anunciou que o contingenciamento do orçamento das universidades será revertido ainda neste mês.

“O contingenciamento vai voltar agora, a partir de setembro. Isso vai gerar um alívio, e vai ser a prova de que houve contingenciamento e não corte. E, aí, quem falou que teve corte vai ter que se explicar”, disse o ministro aos parlamentares. Diversas universidades afirmaram que suas atividades seriam paralisadas ainda no fim do primeiro semestre deste ano, por conta do contingenciamento.

Sobre as bolsas de pesquisa anuladas pelo MEC, no entanto, Weintraub afirmou que a ação não será revertida. “A gente cortou, não contingenciou, bolsas que estavam vazias, de cursos que estavam mal avaliados há mais de 10 anos. Cortamos, também, bolsas que estavam disponíveis para reitores, alguns ganhavam até 100, as quais eles podiam dar, por livre arbítrio, para quem quisessem”, disse. “A vida é feita de escolhas e, às vezes, a gente tem que falar não, para poder falar sim”.

Segundo ele, a anulação dessas bolsas permitiu que a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento Profissional de Nível Superior) estivesse em uma situação “muito mais confortável atualmente do que a do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão do Ministério da Ciência que ficou sem recursos para bancar bolsas de pesquisas.

“Estou administrando uma situação de crise. Temos tempo para buscar solução para ampliar os recursos e evitar cortes em bolsas. Meu interesse não é acabar com a pesquisa no Brasil, é acabar com desperdício que, infelizmente, existe”, disse Weintraub. “É mentira que a gente pode ter tudo o tempo inteiro para todo mundo. Temos que fazer escolhas e alocar para quem mais precisa”.

“O trigo e o joio”

Aos parlamentares, o responsável pelo MEC voltou a comparar o programa Future-se como uma “separação do trigo e do joio” que existem no “campo educacional do Brasil”. “A proposta do Future-se não é arrancar o joio, trata-se de estimular que o trigo germine, produza mais sementes e gradualmente domine o campo. No passado, com a ingestão de recursos sem controle nenhum, se estimulava que o joio prevalecesse”, afirmou.

Criticado sobre seu “diálogo ríspido” e “balbúrdia”, Weintraub disse que, quando fala em “vagabundo”, “malandro” e “porcaria”, não está se referindo a tudo que envolve as universidades federais do país. “Algumas universidades são torres de marfim, pouco porosas, que ficam falando para si mesmas”.

As Organizações Sociais (OSs), que poderão participar da gestão das universidades que aderirem ao Future-se, são uma grande preocupação para o MEC. “Não quero ter nada debaixo de ação minha envolvida com corrupção, é uma preocupação grande. No Future-se, as OSs são ligadas à educação, como o Impa e tantas outras, e todas elas não tiveram nenhum caso de corrupção”, disse.

“Sonho de consumo” e CEFET

Implementar o modelo cívico-militar nas escolas públicas do país é um “sonho de consumo” para Weintraub. “A gente pretende chegar a 10% de escolas cívico-militares no país, até o final do mandato, mas hoje eu colocaria até mais, é um sonho de consumo”, disse ele.

O governo pretende lançar ainda essa semana uma campanha pela ampliação do modelo nas escolas do país. O MEC estuda propor aos responsáveis pelas instituições de ensino uma consulta pública para a adesão ao modelo.

Criticado pelo deputado Marcelo Freixo (Psol) de ter “interferido” no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) do Rio de Janeiro, o ministro afirmou que, “evidentemente, não fez isso por questão de voluntarismo”.

“Existe uma razão técnica, muito específica, para isso, que eu ainda não posso divulgar, as autoridades competentes ainda estão verificando. Para eu fazer esse tipo de coisa, eu preciso estar muito respaldado, e há indícios fortes [de irregularidades na eleição para reitor]. O ministério público vai dizer o que é”, afirmou. Na última semana, alunos da instituição expulsaram o interventor do MEC com gritos de ordem.

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