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Artur Ávila: brasileiro e ganhador do “Nobel” da matemática | Mastrangelo Reino - Caixa Preta - Folha PressMastrangelo Reino
Artur Ávila: brasileiro e ganhador do “Nobel” da matemática| Foto: Mastrangelo Reino - Caixa Preta - Folha PressMastrangelo Reino

Com maus resultados nos rankings internacionais, problemas graves de gestão e péssima distribuição de recursos, a educação brasileira dificilmente pode ser tida como exemplo. Ainda assim, há o que celebrar: nos últimos dez anos, pelo menos 15 premiações internacionais relevantes foram concedidas a pesquisadores do Brasil em áreas como matemática, ciências sociais, saúde e meio ambiente. 

Entre os destaques, está a professora e integrante titular da Academia Brasileira de Ciências Marilda Sotomayor, que ganhou o TWAS, o prêmio mais prestigiado da ciência para países em desenvolvimento. Já o carioca Artur Ávila Cordeiro de Melo se tornou o primeiro pesquisador brasileiro e da América Latina a receber a Medalha Fields, equivalente ao Nobel de matemática. 

Outro exemplo é o gaúcho Cesar Victora, que levou o Prêmio John Dirks Canada Gairdner 2017 de Saúde Global, apontado como uma vitrine para potenciais candidatos ao Nobel. Para conhecer mais sobre os “cérebros” fabricados no Brasil, confira a seguir a lista com os detalhes sobre os prêmios, compilados pela reportagem da Gazeta do Povo

Yvonne Mascarenhas 

Prêmio: IUPAC 2017 Distinguished Women in Chemistry or Chemical Engineering Awards 

Detalhes: Única cientista da América do Sul entre as 12 vencedoras, a física e química Yvonne Mascarenhas levou a premiação dada pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac, na sigla em inglês) a mulheres que se destacaram na química e na engenharia química. Indicada pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ), ela teve trabalho reconhecido por ter implantado no Brasil pesquisas com cristalografia – o estudo da determinação das estruturas cristalinas e moleculares por difração de raios-X. 

Cesar Victora 

Prêmio: Prêmio John Dirks Canada Gairdner 2017 de Saúde Global 

Detalhes: Em março deste ano, o epidemiologista gaúcho Cesar Victora ganhou uma das premiações mais importantes do mundo no campo da medicina – o Gairdner, do Canadá. Ele venceu na categoria Saúde Global, destinada a países em desenvolvimento. Victora foi premiado por contribuições para nutrição materno-infantil, com foco na amamentação exclusiva até os seis meses para prevenção da morte de bebês. As pesquisas influenciaram a construção de políticas públicas no Brasil e em outros países. O Gairdner é apontado por especialistas como uma vitrine para potenciais candidatos ao Nobel. 

Fernanda de Pinho Werneck 

Prêmio: Rising Talents 

Detalhes: Em abril deste ano, a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Fernanda de Pinho Werneck recebeu uma bolsa de 15 mil euros do programa, mantido pela Fundação L'Oréal em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Ela poderá investir os recursos em estudos sobre os efeitos das mudanças climáticas na vida animal, estimando os riscos de extinção e capacidade de adaptação de espécies que vivem na Amazônia e no Cerrado brasileiro. Fernanda nasceu em Goiânia e é formada pela Universidade Federal de Brasília, com doutorado em biologia integrativa pela Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos. 

Vanessa Dias 

Prêmio: Emerging STEM Scholar Award 

Detalhes: Em março deste ano, Vanessa Dias recebeu o Emerging STEM Scholar Award, premiação de maior prestígio para jovens cientistas nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Ela é bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelo programa Ciência sem Fronteiras. Sua pesquisa de doutorado propõe o melhoramento de uma técnica de controle de insetos pragas, chamada Técnica do Inseto Estéril (TIE). 


Marcelo Viana 

Prêmio: Grande Prêmio Científico Louis D. 

Detalhes: Em 2016, o diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana, foi o primeiro brasileiro e primeiro matemático do mundo a receber o Grande Prêmio Científico Louis D., considerada a principal premiação científica da França. O carioca dividiu os 450 mil euros com outro ganhador, o francês François Labourie, da Universidade de Nice. Os recursos foram destinados para financiar estudo sobre sistemas dinâmicos. 

Marina Demaria Venâncio e Hani Rocha El Bizri 

Prêmio: Green Talents Award 

Detalhes: Em 2016, os mestrandos Marina Demaria Venâncio, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Hani Rocha El Bizri, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), foram dois dos vencedores da 8ª edição do Green Talents Award. O prêmio é concedido pelo Ministério Federal da Educação e Pesquisa da Alemanha, com a finalidade de dar visibilidade a cientistas autores de projetos em desenvolvimento sustentável no mundo. Ela, por exemplo, teve publicado o livro “A Tutela Jurídica da Agroecologia Brasil - Repensando a Produção de Alimentos na Era de Riscos Globais”, enquanto ele atua como pesquisador associado do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) e conduz estudos sobre a caça de subsistência na Amazônia. 

Adriano Costa de Camargo 

Prêmio: Fereidoon Shahidi Fellowship Award 

Detalhes: No ano passado, o cientista de alimentos Adriano Costa de Camargo levou o prêmio, um dos mais importantes do mundo na área de Ciências Agrárias. Pela primeira vez um pesquisador da América Latina teve trajetória acadêmica considerada de excelência por esta premiação. Em seus estudos, Camargo busca identificar compostos naturais com potencial para a prevenção da diabetes, obesidade, câncer e doenças cardiovasculares. Ele também conduz pesquisas sobre segurança alimentar, conservação de alimentos e desenvolvimento de produtos. 

Caroline Dallacorte e Thales Akimoto 

Prêmio: Advanced Materials Competition (AdMaCom) 

Detalhes: Em 2016, a dupla de Chapecó (SC) ficou em primeiro lugar na competição organizada pela Innovation Network for Advanced Materials e destinada ao incentivo de startups tecnológicas. Na UnoChapecó, ela fez engenharia de alimentos e ele, engenharia elétrica. Em 2015, os dois criaram a PackID Soluções em Tecnologia, focada em soluções para o controle de temperatura na cadeia dos alimentos. A dupla levou o prêmio de 10 mil euros para serem investidos na empresa. 

Carlos Afonso Nobre 

Prêmio: Volvo Environment Prize 2016 

Detalhes: Em outubro passado,  Nobre foi reconhecido como pioneiro no empenho para compreender a Floresta Amazônica e estudar a relação entre biodiversidade e clima, além de focar em políticas nacionais e internacionais para a área. Desde 1990, essa é uma das premiações mais respeitadas do mundo científico. Todos os anos são agraciados cientistas com iniciativas inovadores no campo da sustentabilidade. 

Marilda Sotomayor 

Prêmio: The World Academy of Sciences for the Advancement of Science in Developing Countries (TWAS) 

Detalhes: No final de 2016, a professora aposentada da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do Rio de Janeiro Marilda Sotomayor recebeu a premiação na categoria Ciências Sociais. Ela destacou-se por fazer pesquisas que abordam um ramo específico da Teoria dos Jogos – os mercados de matching. O TWAS é considerado o Nobel da ciência para países em desenvolvimento, e premia também nas áreas de Ciências Agrícolas, Biologia, Química, Geociências, Engenharia, Matemática, Ciências Médicas, Física. 

Thaisa Storchi Bergmann e Carolina Andrade 

Prêmio: L’Oréal-Unesco Para Mulheres Ciência 

Detalhes:  A astrofísica Thaisa Storchi Bergmann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e a farmacêutica e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Carolina Andrade, ganharam o prêmio em 2015. Thaisa foi reconhecida por estudar buracos negros supermassivos, estruturas imensas formadas por estrelas, planetas, nuvens de gás e outros elementos. Já Carolina levou a premiação em razão da pesquisa feita para o tratamento da Leishmaniose, doença que afeta milhões de pessoas no mundo. 

Artur Ávila Cordeiro de Melo 

Prêmio: Medalha Fields 

Detalhes: Em 2014, o carioca destacou-se como o primeiro pesquisador da América Latina a receber a Medalha Fields, considerado um prêmio equivalente ao Nobel da matemática. A União Internacional de Matemáticos (IMU), que concede a premiação, apontou que o brasileiro fez “notáveis contribuições no campo dos sistemas dinâmicos, análise e outras áreas, em muitos casos provando resultados decisivos que resolveram problemas há muito tempo em aberto". Anteriormente, ele já havia conquistado o Prêmio Salem (2006), o Prêmio da Sociedade Matemática Europeia (2008), o Grande Prêmio Jacques Herbrand da Academia Francesa de Ciências (2009), o Prêmio Michael Brin (2011), o Prêmio da Sociedade Brasileira de Matemática (2013) e o Prêmio Twas em Matemática (2013). 

Camila Patrícia Bazílio Nunes 

Prêmio: ACM Student Research Competition 

Detalhes: Em 2011, Camila Patrícia Bazílio Nunes, doutoranda em Engenharia de Software do Departamento de Informática do Centro Técnico Científico da PUC-Rio, conquistou o primeiro lugar na competição. A pesquisa que garantiu o prêmio identificou erros em tarefas de mapeamento de um software e propôs soluções para os problemas. Camila concorreu com estudantes da França, Suíça, Chile e outros dois colegas da unidade carioca. 

Wagner Farid Gattaz 

Prêmio: Federação Mundial de Sociedades de Psiquiatria Biológica 

Detalhes: Em 2009, o psiquiatra brasileiro Wagner Farid Gattaz foi o primeiro latino-americano a receber o prêmio de pesquisa da Federação Mundial de Sociedades de Psiquiatria Biológica, que reúne instituições de 65 países. Ele foi escolhido por suas contribuições científicas na pesquisa dos mecanismos moleculares das doenças neuropsiquiátricas. Criada em 2001 e concedido a cada dois anos, a premiação é considerada a mais importante na área de psiquiatria biológica. 

Mayana Zatz 

Prêmio: Prêmio México de Ciência e Tecnologia 2008 

Detalhes: A geneticista Mayana Zatz levou o Prêmio México de Ciência e Tecnologia 2008 "por suas contribuições pioneiras na introdução das técnicas de genética molecular, que geraram conhecimento relevante sobre a distrofia muscular". Ela foi escolhida entre 55 outros pesquisadores de países da América Latina, da Espanha, de Portugal e do Caribe. O Brasil está entre os países com mais estudiosos reconhecidos por essa premiação.

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