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A orientadora de Artes Plásticas Rosângela Grafetti, do Centro de Criatividade, usa o desenho como forma das crianças mostrarem sua interpretação do mundo | Aniele Nascimento Gazeta do Povo
A orientadora de Artes Plásticas Rosângela Grafetti, do Centro de Criatividade, usa o desenho como forma das crianças mostrarem sua interpretação do mundo| Foto: Aniele Nascimento Gazeta do Povo

Em casa

Diferentes materiais incentivam o desenho. O mais importante é deixar vários suportes e instrumentos disponíveis em casa, com tamanhos, texturas e formas distintos:

1 a 3 anos: vale estimular a percepção tátil com papéis com textura, tintas e massinhas à base de farinha e gelatina (para que a criança possa pintar com os dedos e levá-los à boca).

3 a 6 anos: é a idade em que param de levar as coisas à boca. Os materiais de registro já podem ser sintéticos, como canetinhas coloridas e giz de cera, sempre com a ponta larga, para que a criança sinta firmeza ao fazer os traços. O suporte pode ser de papelão ou de papéis maiores.

6 anos em diante: apresente pincéis, lápis grafite e de cor e tintas. Os papéis devem variar no formato, cor e tamanho e os pais já podem apresentar a tela como base para o desenho.

Fonte: Ceres Medeiros, coordenadora de artes do Centro de Estudos e Pesquisas do Colégio Bom Jesus.

Para colorir

Os desenhos desse tipo ajudam no desenvolvimento, mas não devem substituir o desenho livre da criança, segundo Rosângela Grafetti, orientadora de artes plásticas do Centro de Criatividade de Curitiba, da Fundação Cultural. "Para aproveitar ao máximo essa atividade, os pais ou professores podem questionar os motivos de escolher determinadas cores. Mas apenas pintar limita a expressão da criança."

O ato de desenhar estimula a criatividade. Mas também é uma ferramenta preciosa de comunicação de sentimentos e de fortalecimento da autoestima. Se na primeira infãncia preponderam os rabiscos – que apesar de não ter simbolismo estimulam a atividade motora – , até os 10 anos a atividade ganha forma e passa a comunicar sentimentos.

O desenho reflete as experiências da criança, ajudando-a a pensar o mundo. "Ela trabalha a imagem como se fosse uma história, retrata as pessoas e as situações que conhece. Isso faz parte do processo de maturação", diz Ricardo Carneiro, coordenador do curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor em Educação com ênfase em ensino de Arte para crianças.

Autoestima

Além de melhorar a coordenação motora e aguçar a criatividade, desenhar também aumenta a autoestima, como explica Rosângela Grafetti, orientadora de Artes Plásticas do Centro de Criatividade da Fundação Cultural de Curitiba. "Quando a criança percebe que consegue se comunicar por meio do desenho e transmitir suas ideias, ela se sente realizada. Para as mais tímidas o desenho pode ser um recurso muito importante", explica a professora.

Segundo Rosângela, o adulto deve dar importância às ideias que a criança tenta passar e incentivar a desenvolver uma forma própria de compreender o mundo. "É preciso mostrar que o olhar dela tem valor, fazer com que ela se sinta segura para encarar o mundo como ela quiser, com autonomia", completa.

Carneiro concorda e acredita que a melhora na autoestima ocorre principalmente nos primeiros cinco anos de vida. "Nessa época, a criança tem grande prazer em pegar o material para desenhar. Essa satisfação vem de poder pensar e conseguir transmitir esse pensamento, aos pais em especial, e a ela mesma", explica.

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Etapas

Quando elas perdem o interesse

Aos 10 ou 12 anos, algumas crianças perdem o interesse pelo desenho. Nessa idade, a atividade deixa de ser uma brincadeira, uma forma de se relacionar com o mundo, e a criança passa a se preocupar com a qualidade do desenho em relação à representação da realidade.

Essa é a etapa em que a criança se frustra ao produzir imagens que não condizem com a realidade, achando que não sabe desenhar, como assinala Camilla La Pastina, mestre em Artes Visuais com ênfase em desenho infantil e professora do curso de Artes Visuais da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).

Para ajudar a criança a superar essa fase, Camilla sugere atividades que enriqueçam o "vocabulário visual" e ativem a imaginação. "Mostrar como outras culturas e artistas representam a mesma coisa, com base em suas crenças e opiniões, ajuda a criança a perceber que não há certo e errado no desenho: cada um representa aquilo que vê", diz. "Mostrar fotos do que é retratado ou levar a criança a lugares em que ela possa ver aquilo que retrata também ajuda na formação de uma memória visual, importante no momento de compor um desenho", completa.

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