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Centro de Filosofia e Ciências Humanas na UFSC, em Florianópolis.
Centro de Filosofia e Ciências Humanas na UFSC, em Florianópolis.| Foto: Gazeta do Povo

Quinta-feira, 19 de setembro, 14h07. No estacionamento do campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, a mesma dificuldade de encontrar uma vaga. Lotado.

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Em outros espaços como biblioteca e pontos de ônibus, o movimento de alunos também era típico de um dia letivo. No último dia 10 de setembro, em uma assembleia organizada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), a maioria dos estudantes presentes, 2.250, conforme a entidade, decidiu iniciar uma greve geral.

No mesmo dia que a Gazeta do Povo percorreu o campus para conhecer os reflexos da paralisação, os professores filiados à Associação dos Professores da UFSC (APUFSC) anunciaram o resultado da votação que avaliava o apoio à greve: 66% dos professores que participaram votaram contra a paralisação.

De acordo com o DCE, a greve foi motivada pelos cortes da educação e a rejeição ao projeto Future-se, do governo federal. Entre as reivindicações, os estudantes pedem a recomposição completa do orçamento da UFSC - contingenciado no início do ano (3,83% do total do orçamento, R$ 59,3 milhões de R$ 1,55 bilhão) e que deve ser desbloqueado nos próximos dias - e o fim do governo de Jair Bolsonaro.

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Em um dos centros, quando o repórter da Gazeta do Povo se identificou como jornalista e pediu para contar o número de chaves de salas de aulas que não haviam sido retiradas, a expressão do funcionário se tornou imediatamente preocupada. Sugeriu que tomasse cuidado e percorresse o campus como se estivesse buscando alguma sala específica. Relatou hostilidade por parte de alguns estudantes diante de outros alunos e professores contrários à paralisação.

Greve "dispersa"

De modo geral, o que ficou evidente é que as aulas aconteciam, ou não, conforme a iniciativa de alunos e professores a favor ou contra, e de diferentes formas em cada centro.

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Enquanto no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) as carteiras e mesas foram retiradas das salas e colocadas nos corredores, para impedir que os professores e alunos decidissem pela continuidade das aulas, no Centro de Ciências da Saúde, a maioria dos alunos e professores aderiu à paralisação sem que fossem necessárias tais medidas, embora professores tenham relatado que, após a decisão do DCE, alunos passaram a entrar nas salas durante as aulas para insistir pela adesão.

Já nos prédios dos cursos de Engenharia Sanitária e Ambiental, Informática e Estatística e de Engenharia Mecânica, na tarde de quinta-feira, as salas estavam cheias, com aulas normais.

No CFH, no Centro de Ciências da Educação e no prédio dos cursos de Relações Internacionais e Serviço Social, as carteiras e mesas foram colocadas no vão central dos prédios. Conforme relato de funcionários, algumas salas de aula foram trancadas por alunos e na semana passada também houve hostilidade a professores que decidiram dar aulas.

Na tarde de quinta-feira, a folha em que os docentes assinam, confirmando que retiraram a chave, mostrava cinco ou seis assinaturas, com a inscrição das respectivas salas em que aconteciam aulas. No Centro de Ciências da Saúde, o número de chaves retiradas também era pequeno, comparado ao número que permanecia pendurada no mural.

Nos demais prédios do campus Trindade, havia apenas cartazes, embora boa parte das salas de aula estivesse sendo ocupada por alunos e professores, com aulas.

No Centro de Comunicação e Expressão, havia cartazes em apoio à paralisação em nome dos cursos, como Jornalismo, Design e Animação. Apesar disso, em diversas salas havia aulas na tarde de quinta-feira, sem manifestações além dos cartazes. O mesmo nos prédios dos cursos de Física e Biologia, em que em diversas salas as aulas ocorriam normalmente.

Hostilidade a professores

No Centro de Tecnologia, um funcionário confirmou que alguns professores tiveram que pedir uma autorização oficial para não serem impedidos de dar aulas. Apesar de situações de hostilidade, seguiram com as aulas. Em alguns cursos, como direito, economia e administração, as aulas ocorrem no período da manhã ou noite, por isso não foi possível ter uma ideia dos reflexos da paralisação, além dos cartazes fixados na entrada dos centros e do movimento normal de alunos nos corredores dos prédios e cantinas.

No Centro de Ciências Agrárias, que fica em outro campus da universidade em Florianópolis, um professor relatou que, na semana passada, houve hostilidade por parte de alunos, diante de professores que decidiram dar aulas. Mas nesta semana a situação normalizou, embora parte dos estudantes não tenha aparecido para as aulas e algumas salas seguiram trancadas, sem que os professores pudessem ter acesso.

Oficialmente, a Câmara de Graduação da UFSC orientou os professores a não fazerem atividades de avaliação nos dias de greve, até que o Conselho Universitário (CUN) pudesse avaliar as reivindicações feitas pelos estudantes e que motivaram a greve geral dos estudantes.

Votação: 66% contra a greve

A votação realizada pela Associação de Professores durou 72h e foi encerrada às 17h desta quinta-feira. De acordo com entidade, a participação na história das assembleias da categoria, com um quórum de 42,07%, ou 1.191 docentes, do total de 2831 sindicalizados aptos a votar. A decisão por não aderir a greve vale por tempo indeterminado. No total, 66% votaram contra a paralisação e 32,5% a favor.

Após o anúncio do resultado da votação dos professores, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição anunciou um evento para organizar um planejamento estratégico para a Greve Estudantil, que deve continuar. O evento ocorre neste sábado, dia 21, às 8h30. A entidade acredita que 70% da graduação está em greve - não parece. Na assembleia, eles pretende reagir para tornar o evento nacional.

*Veja fotos da greve na USFC:

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