Perfil

Médico Leonardo Amaya, formado pela Universidade de Cartagena. Professor de Ética e Psicologia da Adoles­cência e Infância. Assessor do programa de peer-men­toring e membro do Grupo de Pesquisas em Psicologia da Saúde na Universidad de la Sabana. Membro do Grupo de Psicologia Cultural na América Latina.

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A proposta de separar meninos e meninas em escolas diferentes pode parecer polêmica. Mas a ideia tem sido defendida por educadores de renome. No fim de semana, o médico e professor de Psicologia Cultural Leo­nardo Amaya esteve em Curitiba e participou do V Seminário de Família e Educação.

O evento foi organizado pelo Instituto de Ensino e Fomento (IEF) e pela Associação de Educação Personalizada (AEP). Para 2010, a AEP prevê a criação de duas escolas em Curitiba: uma só para meninos e outra só para meninas. Segundo a associação, a educação diferenciada está crescendo em todo o mundo, principalmente na Europa e Estados Unidos e reúne cerca de 40 milhões de alunos e mais de 200 mil instituições.

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Amaya proferiu uma palestra sobre as vantagens da educação diferenciada, ou separada por gêneros. O professor vive na Colômbia, onde está à frente de pesquisas de campo relacionadas a adolescentes, em escolas públicas e privadas. Veja abaixo trechos da entrevista concedida com exclusividade para a Gazeta do Povo.

Por que ensinar em escolas separadas por gênero?

Não vou fazer comparações de que colégios mistos ou personalizados são melhores. O que posso afirmar é que formamos com pouca eficiência no tempo certo. Os colégios personalizados têm menos desafios porque não perdem tempo com diferenças de maturidade sexual, por exemplo. O cérebro masculino é diferente do feminino. A capacidade intelectual é a mesma. Mas as mulheres têm uma proximidade maior com a comunicação, conseguem retomar atividades exatamente do ponto onde pararam, tudo porque há diferença no córtex pré-frontal (área do cérebro que se acredita estar envolvida na tomada de decisões).

Como essas diferenças influenciam no aprendizado?

As meninas de 14 anos têm mais capacidade de desenvolvimento intelectual e de socialização se conviverem com meninas de 14 anos. Os colégios devem ficar atentos. Assim elas terão um desenvolvimento mais centrado, melhor do que se estiverem convivendo num mesmo colégios com os meninos, que têm o desenvolvimento mais lento. Não quero dizer que os colégios mistos são ruins. Mas chamar a atenção para esta questão.

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Não seria uma visão machista?

Não pode ser confundido com machismo. Não estou dizendo que os homens são melhores, mas que as mulheres são melhores. Na verdade existem características biológicas cerebrais diferenciadas. Não quer dizer que isso é bom ou ruim, mas que existem diferenças cognitivas na mesma etapa, na mesma fase da adolescência. Isso não é uma visão machista.

Você disse que não é contra as escolas mistas. Como conciliar essas diferenças de gêneros numa escola neste modelo?

Nas escolas personalizadas seria muito mais fácil fazer currículos adaptados para turmas somente com homens ou somente com mulheres. Não precisa ser uma escola totalmente separada, mas as escolas mistas precisam responder sobre essa diferença. A polêmica está na questão cultural, mas não tem suporte científico. Não se fala também que a diferença da largura do córtex pré-frontal dará mais ou menos inteligência para homens ou mulheres, mas que a diferença está nos interesses.

Quais as vantagens de se estudar em colégios separados por gênero?

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Em conteúdos não há diferenças. A diferença está nos momentos em que são dados estes conteúdos antes de o aluno ter maturidade emocional para saber o que significam. É uma discussão complexa. Mas não no sentido de mostrar para a mulher que o homem é melhor. As mulheres têm condições de competir entre iguais. Não podemos dizer que os colégios mistos não prestam, ou são ruins. Mas não precisamos forçar um menino, que ainda não tem maturidade suficiente, a receber pressões sociais também dentro da escola. A sociabilidade pode ocorrer apenas no ambiente externo ao colégio.

Não seria uma maneira de promover segregação?

Não. Segregação é coisa do século passado. As escolas eram diferentes, com outros currículos e ma­­chistas. Falo do ponto de vista de encontrar melhores resultados acadêmicos. No Brasil temos um exemplo concreto. O Colégio São Bento, no Rio de Janeiro, que esteve entre os melhores resultados obtidos no Enem. Não se trata de uma visão machista, nem de achar que a mulher tem uma capacidade inferior. Estou falando que há condições especiais.

Vivemos uma época onde se prega a diversidade e inclusão nas escolas. Não seria um contrassenso propor separação por gêneros?

São dois temas distintos e complexos. Colocar pessoas juntas nas escolas, que necessitam de apoio, gera um desafio social muito forte. E as formas de violência são maiores. O problema é social. É um erro pensar que a escola vai responder a todos esses interesses tão distintos.

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Interatividade

A separação de meninos e meninas na escola traz benefício para o aprendizado?

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