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Ela estava em um voo da Southwest Airlines para a Flórida indo visitar seus pais quando seu vizinho de assento perguntou o que ela fazia da vida. | Facebook/Kimber Bermudez
Ela estava em um voo da Southwest Airlines para a Flórida indo visitar seus pais quando seu vizinho de assento perguntou o que ela fazia da vida.| Foto: Facebook/Kimber Bermudez

A professora Kimberly Bermudez sempre foi do tipo que gosta de conversar. 

Na última semana, ela estava em um voo da Southwest Airlines para a Flórida indo visitar seus pais quando seu vizinho de assento perguntou o que ela fazia da vida. Ela contou sobre seus alunos do primeiro ano do primário, todos de famílias de baixa renda. “Alguns deles são sem teto”, disse. Ele então perguntou: “qual é a parte mais desafiadora do seu trabalho?” 

“Quando as crianças vêm para a escola com fome”, ela disse, “além de ver pais imigrantes, que trabalham pesado, tendo dificuldades para suprir as necessidades básicas de suas famílias”, continuou. 

“Você não pode controlar o que acontece em casa. Esses pais são fantásticos. Eles são capazes de ficar sem nada para deixar tudo para os filhos”, disse Bermudez, de 27 anos, em entrevista ao Washington Post, relembrando o que contou ao seu colega de voo.

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O vizinho de assento respondeu que a empresa dele costumar fazer doações para escolas como a dela. Ela respondeu, entusiasmada, que doações para a Escola Primária Carlos Fuentes, uma charter school, que recebe fundos governamentais, mas tem gestão privada, são muito bem-vindas. 

“Todos os professores e administradores da escola tiram dinheiro do próprio bolso para ajudar as crianças com tudo o que precisam – roupas íntimas, sabão, materiais escolares. Porque eles se importam muito com elas”, disse. 

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Logo depois, ela sentiu alguém cutucando seu ombro. Ela se virou e viu um homem com um bebê no colo sentado na fileira atrás dela. Ele pediu desculpa por ter ouvido a conversa e entregou a ela um maço de dinheiro: “Faça algo maravilhoso”, disse o passageiro.

Bermudez olhou para baixo e viu uma nota de cem dólares por cima do maço. Ela lembrou de seus tempos de babá, quando seus pais a ensinaram a nunca contar dinheiro na frente de ninguém. Aceitou o presente e agradeceu. Seus olhos encheram de lágrimas. 

“Você não tem ideia do tanto que isso significa. Sejam livros ou mochilas, eu com certeza farei algo pelas crianças”, ela respondeu.

Corrente solidária  

Quando o avião pousou em Jacksonville, um homem na fileira ao lado contou que também estava ouvindo a conversa. Ele disse que não tinha muito dinheiro com ele, mas entregou a ela uma nota de 20 dólares. 

E então um terceiro doador apareceu: “Como se meu coração não pudesse estar mais feliz, o homem na fileira da frente também se virou”, relembra a professora. 

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Ele disse que tudo que tinha era uma nota de 10 dólares, e deu para ela. Kimberly começou a chorar de gratidão. 

“Não estou aqui para pedir dinheiro; só estou aqui para visitar meus pais”, ela respondeu. “E um deles disse, ‘eu sei. É por isso que nós estamos doando para você. Use sua voz. Use o seu dom de falar.’” 

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Bermudez saiu do avião quase atordoada. Ela não tinha ideia de quanto dinheiro estava segurando. Quando entrou no carro da sua mãe, que a esperava no aeroporto, ela contou o dinheiro: cinco notas de 100 dólares, uma de 20 e uma de 10. 

Ela estava segurando 530 dólares, doados por gentis desconhecidos, tudo para ajudar as crianças que ela ama. “Eu pensava, ‘meu Deus, meu Deus’. Ainda estou tentando processar tudo isso”, diz Bermudez, que não estava apenas chocada com a generosidade de seus colegas passageiros, mas também surpresa com outra coisa. 

“Nós, da minha geração, não carregamos nada de dinheiro vivo”, disse. “Eu nunca esperaria que um completo estranho tivesse tanto dinheiro com ele”. 

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A história, postada no Facebook, teve mais de 2 mil likes e foi compartilhada mais mil vezes. Alguns dos amigos dos pais dela viram a publicação e mandaram materiais escolares e livros para os estudantes. 

Bermudez agora planeja usar o dinheiro para comprar livros para que seus alunos possam levar para casa, já que muitos deles ainda estão aprendendo a ler. Segundo ela, uma reclamação recorrente dos jovens é que eles não leem em casa porque já leram os poucos livros que têm. Ela disse que os livros favoritos dos alunos são clássicos de Dr. Seuss e Elephant and Piggie, de Mo Willems. 

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Ela também está pensando em comprar mochilas e outros materiais escolares para os alunos. O homem que deu para ela o maço com 500 dólares permanece um mistério. 

“Não tenho ideia de quem ele seja”, conta Bermudez. “Ele era apenas um maravilhoso desconhecido”.

I write this in awe of my day yesterday. I was sitting next to a kind man on my Southwest flight 1050. He asked me what...

Publicado por Kimber Bermudez em Quarta-feira, 11 de julho de 2018

Tradução: Carlos Eduardo Carvalho

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