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A Cidade Mirim do Opet, construída no pátio da escola, escolhe 15 políticos nas eleições: prefeito, vice-prefeito e 13 vereadores | Albari Rosa/Gazeta do Povo
A Cidade Mirim do Opet, construída no pátio da escola, escolhe 15 políticos nas eleições: prefeito, vice-prefeito e 13 vereadores| Foto:

Fazer política é coisa séria, pelo menos para crianças e adolescentes que estão aprendendo na prática como funciona o processo democrático. Em ano de eleições, jovens de Curitiba e região metropolitana já sabem que ser cidadão vai muito além de escolher representantes políticos a cada dois anos. Eles simulam eleições, debatem a importância do voto, entendem como funcionam os três poderes, conhecem quais são e sabem como exercer seus direitos e deveres.

Nossas convicções: O valor da democracia

Trabalhar o protagonismo político desde cedo pode ser a saída para vencer a apatia política de muitos jovens. Uma pesquisa feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de 2017, com pessoas de 18 a 20 anos, mostrou que, apesar de 59,6% delas possuírem título de eleitor e votarem normalmente, na prática a maioria não participa ativamente das discussões sobre o tema. Eles acabam votando no candidato dos pais ou no mais bem posicionado nas pesquisas.

Em oposição a essa realidade, no Colégio Opet, localizado no bairro São Francisco, os debates políticos começam bem cedo. Por lá, todos os anos, crianças de dois a dez anos elegem os representantes da Cidade Mirim, que devem exercer o cargo em prol de um colégio melhor para todos. A Cidade Mirim é uma minicidade construída no pátio da escola, que conta com Prefeitura, Câmara de Vereadores, Fórum, centro comercial, posto de saúde, banco, rádio, casa da família, centro cultural e brinquedoteca.

Os alunos do 2º ao 4º ano do Ensino Fundamental que desejam se candidatar se filiam a um partido político, elaboram propostas, participam de debates e fazem até santinhos para serem distribuídos na escola. As crianças votam em urnas eletrônicas trazidas ao colégio pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e no mesmo dia sai o resultado dos 15 políticos eleitos, sendo prefeito, vice-prefeito e 13 vereadores; o mais votado deles é o presidente da Câmara.

Nossas convicçõesCultura democrática

A pedagoga Santina Brandalize, coordenadora do projeto, explica que a proposta da Cidade Mirim é fazer com que as crianças, ao brincarem de política, tornem-se adultos mais conscientes de seus direitos e de suas obrigações com a comunidade. “Esses estudantes estão em formação. Se desde pequenos eles trabalham, conversam e vivenciam a política, isso passa a fazer parte do dia a dia deles, contribuindo com a conscientização e mudança de atitude”, destaca.

Santina esclarece que o protagonismo político das crianças deve ultrapassar o momento do voto e auxiliar, de fato, na formação de um sujeito mais crítico, participativo e comprometido com a sua realidade. “É saber assumir responsabilidades, cooperar, realizar projetos em comum e buscar o bem coletivo. Senão, nada disso faz sentido”, argumenta a pedagoga.

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Todos os meses, os representantes da escola, se reúnem no espaço da Câmara de Vereadores para discutirem as próximas propostas a serem implementadas. Do Partido Social Mirim, o estudante Luiz Otávio Fratoni, de 10 anos, é o atual prefeito da Cidade Mirim e já tirou do papel uma das propostas que o elegeu. Para aproximar os pais da escola, foi promovido um encontro de pais e filhos no colégio. Também foi realizada uma campanha para arrecadação de materiais de higiene para instituições de caridade.

Eleita com 30 votos, a vereadora Isabella Cabral dos Santos, de oito anos, é filiada ao Partido Ecológico Mirim. Ela diz que escolheu esse partido por querer ajudar a natureza. “Um dia, vi meu amigo jogando um copo no chão e pedi para ele jogar no lixo. E ele fez isso”, recorda a pequena vereadora.

Estudantes de Tamandaré escolhem representantes

Mais de 300 crianças e adolescentes, de 11 a 15 anos, participaram do processo político de escolha dos representantes da Escola Ecológica Marcelino Champagnat, de Almirante Tamandaré, que atende jovens em vulnerabilidade social. Os representantes eleitos participarão de reuniões com a gestão da escola, em uma proposta denominada “gestão ampliada”. A eleição foi realizada no mês de junho em urnas simuladas, que ofereceram as mesmas possibilidades das urnas reais, com votos válidos, brancos e nulos.

Dentre as propostas realizadas pelas seis chapas formadas para as eleições, pode-se citar: melhoria dos computadores, implementação do Ensino Médio, saídas de campo para atividades externas, campanhas para o combate de todo tipo de preconceito, entre outros temas. Para divulgação das propostas, os jovens prepararam cartazes de campanha, jingles e promoveram debates dentro do ambiente educacional.

De acordo com a coordenadora pedagógica Aline Mendes Vasco, as eleições fazem parte do projeto “Política na Escola”, que tem por objetivo tornar os estudantes cidadãos críticos e participativos. “Nossa proposta é fortalecer o protagonismo juvenil, fazer com que eles se sintam empoderados para realizar transformações onde quer que estejam. Que conheçam os mecanismos de acesso aos quais eles têm direito e que votem de maneira consciente”, enumera a coordenadora.

Nossas convicçõesA finalidade da sociedade e o bem comum

Ainda segundo ela, o trabalho com os alunos já trouxe mudanças de comportamento e de atitude. “Eles estão mais observadores e críticos com relação a tudo que acontece dentro e fora da escola. Saíram do campo de só reclamar e passaram a ajudar buscar soluções. Ganharam responsabilidade, autonomia, consciência e condições de sensibilizar os demais para esse processo”, garante Aline. “Acredito que eles terão outro olhar para levar aos pais e os auxiliar na escolha dos candidatos em outubro”, acrescenta.

Eleitos com 105 votos, Paulo Henrique Sawa e Helen Giovana Ferreira querem representar a voz dos alunos da escola. “Os jovens acham que não podem fazer nada, mas nós também temos voz”, destaca Paulo Henrique, de 16 anos. Entre as propostas dos eleitos, estão a inserção de aulas de libras no currículo e trazer mais arte para escola como, por exemplo, promovendo o grafitti.

Honestidade x corrupção

No Uberaba, os alunos do 5º ano da Escola Municipal Rachel Mader Gonçalves também vão passar por processo eleitoral para eleger o representante da turma. Mas antes disso, eles estão participando de debates para discutir um assunto que é muito falado nos dias de hoje: corrupção. Nas aulas da professora Cibele Cortez, eles aprendem que corrupção não é exclusividade dos políticos, e que em pequenas ações do dia a dia também é possível agir de forma corrupta.

Para promover o debate, a professora lista uma série de situações comuns ao cotidiano das crianças, como receber um troco errado ou assumir a culpa de outra pessoa em troca de dinheiro. O aluno recebe uma situação e relata qual atitude tomaria, depois a turma discute se a atitude do colega é certa ou errada, se é honesta ou não é. “Eles passaram a entender que não são só os adultos que fazem coisas erradas. E que mesmo enquanto crianças devem agir de forma correta e que podem buscar soluções para os problemas da comunidade”, afirma Cibele.

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Dentro os vários problemas encontrados no bairro, um dos que causa maior preocupação é o terreno ao lado da escola que virou depósito de lixo. “Eu quero ensiná-los que eles são cidadãos com direitos e deveres. Por exemplo, eles têm direito a ter um ambiente saudável e seguro próximo a escola. Mas, como cidadãos, como podemos ir atrás disso?”

O desejo das crianças é que o local seja transformado em uma horta comunitária que elas mesmas possam cuidar. Para isso, prepararam uma carta e entregaram em mãos aos representantes da administração regional do Cajuru. “Queremos um lugar limpo para nós podermos usar. Temos direito a isso. Somos cidadãos e pagamos nossos impostos”, defende o estudante Johny dos Santos, de 10 anos.

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Afiados do que é certo e errado e de seus direitos e deveres enquanto cidadãos, no segundo semestre, eles vão eleger o representante da turma com as melhores propostas a serem implementadas na escola e que aja de acordo com o que diz. “Adianta uma criança que não faz a lição de casa, que falta a aula, que não cumpre com as regras da escola, fazer um monte de propostas sendo que você sabe que ela não age desse jeito?”, questiona a professora para a turma.

“Os políticos são como nós. Então, temos que saber quem são eles, quais as suas propostas e não confiar em quem prometeu e não cumpriu”, complementa Cibele. “A ideia, então é essa. Formar o senso crítico das crianças, possibilitar que elas reflitam sobre suas ações, se entendam como cidadãos e multipliquem isso dentro da família”, finaliza a professora.

Jovens se mobilizam para criar projeto de lei

Os estudantes do Ensino Médio do Colégio Estadual São Cristóvão, em São José dos Pinhais, estão participando do projeto Geração Atitude, que visa aproximar os jovens da política, apoiar a formação cidadã e promover o protagonismo juvenil. Por meio do Guia do Cidadão, eles discutem sobre democracia, cidadania, voto consciente e aprendem como funcionam os três poderes e como se cria um projeto de lei.

Isso porque, após as discussões, os jovens criaram um projeto de lei para ser encaminhado à Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP). Os 32 melhores projetos de todo o estado vão participar da “Caravana da Cidadania”. Os selecionados vêm à Curitiba conhecer as sedes dos três poderes e também para defender as propostas no plenário da ALEP. Ao final, os deputados votam e decidem qual proposta será a escolhida para se tornar lei no Paraná.

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No Colégio Estadual São Cristóvão, os alunos do professor de Geografia Marcos Antonio Morello querem que se torne obrigatória no Paraná a participação efetiva da família da escola, a inclusão de pessoas com deficiência nas salas de aula e que os professores estejam preparados para recebê-las, que os filhos de políticos sejam obrigados a estudar em escolas públicas e que haja mais verba para a cultura, de modo a não desperdiçar jovens talentos.

“Os adolescentes estão mais engajados em relação a sociedade e muito empenhados no projeto. Colocam a gente contra a parede em relação a alguns assuntos. Eles querem saber como funciona, como faz para fiscalizar e como de fato podem ajudar a transformar o Brasil”, enumera o professor.

O Geração Atitude é um projeto desenvolvido pelo Ministério Público do Paraná, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação, a Assembleia Legislativa do Paraná, o Tribunal de Justiça do Paraná e a Assessoria Especial da Juventude do Governo do Estado.

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