• Carregando...
 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Desde pequenos

Na Escola Internacional de Curitiba (ISC), o ensino da música ocorre em um ritmo frequente e até incomum. Nas quatro séries da educação infantil, as aulas são diárias e duram meia hora. No ensino fundamental, são duas aulas semanais, com 50 minutos cada. "Para as crianças bem pequenas, damos em doses menores porque o tempo de concentração é menor", explica a professora de música Marilene Arndt do Nascimento (foto), especialista em Pedagogia Musical. Ela explica que, na educação infantil, o ensino de música estimula e sensibiliza as conexões cerebrais. "É uma educação menos formal. Primeiro, abrem-se várias janelas para depois entrar o conteúdo", diz. Nas aulas, Marilene trabalha a voz (canto e fala), o movimento (dança e expressão corporal), a audição (retirar informações), instrumentos musicais e estudo de conceitos.

Evento

Curitiba recebe seminários de música

Curitiba sedia nesta semana dois seminários que fazem parte da 31ª Conferência Mundial da Sociedade Internacional de Educação Musical (Isme): "Música nas Escolas e Formação de Professores" e "Educação Especial, Musicoterapia e Música e Medicina", promovidos pela UFPR e pela Unespar. Outros cinco encontros ocorrem simultaneamente em outras cidades brasileiras, precedendo a conferência em Porto Alegre (RS), entre os dias 20 e 25 de julho.

O Mistec, evento de quatro dias que começa hoje em Curitiba, terá apresentações de artigos, workshops e debates sobre o ensino da música nas escolas. "Esta é a 20ª edição desse seminário, que coloca em questão o que está acontecendo a nível mundial. É importante para se manter atualizado", explica a coorganizadora do evento, Margaret Amaral de Andrade. Em um dos dias, o assunto debatido será a educação musical nas escolas brasileiras.

A Isme é vinculada à Unesco. A cada dois anos promove o maior evento de música relacionado à educação.

Inscrições

As inscrições para o Mistec são abertas e podem ser feitas hoje, das 8h30 às 17 horas, e amanhã, até as 9 horas. O evento ocorre no Teatro da Reitoria (Rua XV de Novembro, 1.299). Taxas: R$ 50 (estudantes) ou R$ 92 (professores). Vagas limitadas.

Durante três décadas, o ensino musical ficou às margens do currículo escolar brasileiro. Esse hiato teve início no começo da década de 1970, quando a formação obrigatória em música passou a ser substituída pela disciplina de Educação Artística – que englobava ainda temas de dança, teatro e artes visuais. Diante do vasto conteúdo, cada escola passou a ter autonomia para organizar as aulas como desejasse. E foi assim até 2008, ano em que foi sancionada a Lei 11.769, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e determinou que a música estivesse presente em aulas da educação infantil ao ensino médio.

Escolas públicas e particulares tiveram até 2011 para se adaptar às novas exigências. A professora do departamento de Artes da UFPR Rosane Cardoso de Araújo, especialista em Educação Musical, aprova a obrigatoriedade, mas diz ser difícil implantá-la por diversos motivos, como a formação dos professores, grades curriculares saturadas e falta de instrumentos e espaço adequados. "A lei foi uma grande conquista, mas é preciso lembrar que foram mais de 30 anos sem a música. Mais que uma geração para iniciar um trabalho", completa a professora da Licenciatura em Música da Unespar Margaret Amaral de Andrade.

Devido a essas dificuldades e à lei, que não exige a música como componente exclusivo da grade, as redes de ensino municipal e estadual continuam a desenvolver o conteúdo dentro da disciplina de Artes. Outras potencialidades são exploradas em projetos paralelos e dependem da capacitação dos docentes.

Apesar das dificuldades, Rosane acredita que a música passou por uma mudança de status. "Aconteceu uma valorização. A música não é mais vista somente com caráter lúdico e brincadeiras. Ela é um elemento importante para a formação das crianças."

Além da condição artística e da contribuição cultural, a música favorece a sociabilização e a formação cognitiva dos alunos. "A música, de maneira ativa [estudada ou praticada], estimula áreas do cérebro que influenciam o aprendizado", afirma a professora de Música da Escola Internacional de Curitiba, Marilene Arndt do Nascimento. Elementos como leitura, escuta, memória, concentração e repetição, envolvendo conteúdos de diferentes linguagens e matemática fazem parte do ensino musical.

Para os pais

Em casa, a introdução da música deve ser de forma espontânea, como o canto dos pais para o bebê e quando a criança começa a aprender a falar. É preciso ensinar e estimular a criança a encontrar a música em qualquer lugar, como em um molho de chaves. Cursos de musicalização são bem-vindos para todas as idades, inclusive com os pais junto. É recomendado que o ensino de instrumentos ocorra a partir dos 6 anos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]