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Alunos da Escola Leonilda Ravaglio Trevisan exibem os produtos criados em suas “empresas” | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Alunos da Escola Leonilda Ravaglio Trevisan exibem os produtos criados em suas “empresas”| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Viabilidade

Quando o negócio é transformar a realidade

A formação de líderes e negócios do empreendedorismo "tradicional" cede espaço para a transformação social nos colégios monitorados pela Quíron, empresa "que também é um negócio social", como define Daniel Dipp, um de seus fundadores.

Nas escolas em que o grupo atua com oficinas e cursos, os alunos tiraram do papel projetos como abrir uma página no Facebook para o combate ao machismo, produção de sofás com garrafa pet para melhorar a estrutura do colégio e trabalhar com o esporte no combate às drogas. A ideia é instigar os jovens a pensar em problemas e soluções da sua própria comunidade, seja ela o ambiente escolar ou a cidade onde vivem.

"Nas aulas a gente trabalha para eles pensarem como essa ideia pode ser replicada e os instiga a elaborar um ‘produto mínimo viável’ e pensar como replicá-lo", explica Dipp. Ao todo, são orientados 100 jovens dos colégios estaduais Tarsila do Amaral, Herbert de Souza, Costa Viana e Padre Arnaldo Jansen, todos em São José dos Pinhais. O patrocínio é da indústria Nutrimental, localizada na região.

O protagonismo juvenil também orienta as ações nas escolas municipais de Curitiba, que têm projetos como o Ler e Pensar, em parceria com o Instituto GRPCOM, que atinge 100% das unidades da rede. As escolas da capital ainda contam com projetos como os grêmios estudantis e os Urbanistas Mirins, em que as crianças participam opinando sobre como deve ser a Curitiba dos próximos dez anos.

Qual a idade mínima para empreender? Cinco anos já é o suficiente, pelo menos para os 1,5 mil alunos que estudam em período integral na rede municipal de ensino em São José dos Pinhais. Desde agosto, crianças do 1.º ao 5.º ano do ensino fundamental participam do curso Jovens Empreendedores – Primeiros Passos, em que desenvolvem no contraturno atividades que resultam em "miniempresas".

Pedagoga da Escola Municipal Leonilda Ravaglio Trevisan, Marli Patricia Mikrut conta que as crianças do 2.º ano visitaram um sítio da região para montar a loja "Temperos Saudáveis". Além de interagir com a natureza, eles aprenderam sobre o plantio e a montagem de um negócio com essa temática.

Para tirar os negócios do papel, os pais e a comunidade foram ontem à escola para fazer compras nos empreendimentos, que incluem ainda temáticas de temperos naturais entre os alunos do 1.º ano, brinquedos feitos de materiais recicláveis pelos do 3.º, locação de produtos da turma do 4.º, e um espaço gastronômico ofertado pela turma do 5.º ano.

Feiras do tipo ocorrem durante todo o mês de novembro em São José dos Pinhais, reunindo os alunos das 11 escolas que integram o programa de ensino integral Mais Educação, do governo federal. O Jovens Empreendedores é resultado da parceria do município com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que forneceu treinamento aos docentes, além de material didático para alunos e professores.

A renda obtida com as vendas será revertida em melhorias às próprias unidades escolares. Mas além do lucro, o projeto foca nos valores transmitidos aos pequenos. "Desenvolvemos o empreendedorismo, a cooperação, a ecossustentabilidade, a cidadania e a ética", conta Marli.

A diretora do departamento de Ensino Fundamental do município, Otília Possebon, argumenta que "para a criança é importante pensar no sonho que deseja conquistar" para realizar o trabalho e passar um aprendizado, seja na importância dos ganhos, como dos prejuízos.

Atitude

Nas 51 unidades do Colégio Sesi do Paraná o empreendedorismo não é uma disciplina: é uma postura. Uma atitude que vai desde a metodologia de ensino ao perfil do profissional, como explica a gerente de operações inovadores da escola, Lilian Luitv. A cada bimestre, alunos das três séries do ensino médio se inscrevem em oficinas com uma temática específica, que são facilitadas por 15 professores de disciplinas diferentes.

Durante dois meses, os estudantes trabalham em equipe para responder a uma "pergunta inteligente"; a de panificação, por exemplo, foi encerrada com um plano de negócio para construção de uma panificadora sustentável. Um sistema interno orienta os jovens a percorrer as 12 oficinas de forma a concluir todo o conteúdo obrigatório do ensino médio.

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