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A Universidade de Princeton, descrita pelo reitor como local de “racismo sistêmico”, recebeu 75 milhões de dólares de recursos federais desde 2013.
A Universidade de Princeton, descrita pelo reitor como local de “racismo sistêmico”, recebeu 75 milhões de dólares de recursos federais desde 2013.| Foto: Divulgação

O Departamento de Educação dos Estados Unidos, chefiado pela Secretária Betsy DeVos, está investigando a Universidade de Princeton pela suspeita de violação de direitos civis. A decisão foi tomada depois de o reitor da instituição, Christopher Eisgruber, ter publicado uma carta aberta dizendo existir um racismo sistêmico "embutido na estrutura da Universidade".

Em documento oficial enviado à Princeton, em 16 de setembro, o Departamento de Educação recordou que a universidade havia recebido mais de 75 milhões de dólares de recursos federais desde 2013, e que futuros aportes poderiam estar em risco. O motivo seria o descumprimento da Lei de Direitos Civis de 1964 que declara, em um dos seus dispositivos, que recursos federais de assistência não podem ser direcionados a atividades que discriminem pessoas "com base em raça, cor ou nacionalidade". O Departamento de Educação observa que o reconhecimento público do reitor de um "racismo sistêmico" na instituição mostra que "podem ter sido falsas" as garantias, feitas anteriormente pela Reitoria para receber os recursos, de que a universidade estaria livre de discriminação e haveria igualdade de oportunidades.

A manifestação do Departamento de Educação foi recebida com críticas por professores e alunos da instituição e de outras universidades. O professor de políticas públicas da Universidade de Georgetown, Donald Moynihan, escreveu em seu perfil no Twitter que o governo federal estaria "engajado em fazer coerção ideológica".

A carta aberta de Eisgruber foi uma resposta a professores e alunos depois de um período conturbado de protestos na universidade contra o racismo. "O racismo e os danos que causa às pessoas persistem em Princeton como em nossa sociedade, às vezes por intenção consciente, mas mais frequentemente por meio de suposições e estereótipos não refletidos, por ignorância ou insensibilidade, e o legado sistêmico de decisões anteriores e políticas", escreveu Eisgruber. O reitor citou que Princeton tem "pelo menos nove departamentos e programas organizados em torno das línguas e da cultura europeias, mas apenas um único programa sobre estudos da África" e prometeu colocar em prática uma série de medidas para mudar esse cenário.

Para o Departamento de Educação dos EUA, as afirmações do reitor foram consideradas de "natureza séria e até mesmo chocantes". Por isso, disse estar levantando informações que pudessem comprovar o "racismo sistêmico" e enviou uma série de perguntas que deverão ser respondidas por escrito pela universidade. O documento alertou, abertamente, que a partir desses dados a secretária de Educação Betsy DeVos poderia tentar recuperar os fundos federais investidos.

A Universidade de Princeton ainda não se pronunciou oficialmente sobre a medida.

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