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“A democracia e a república não podem perder para o fundamentalismo religioso", Luc Ferry, filósofo e ex-ministro da Educação da França, criador da lei que proibiu o uso de símbolos religiosos em escolas públicas francesas | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
“A democracia e a república não podem perder para o fundamentalismo religioso", Luc Ferry, filósofo e ex-ministro da Educação da França, criador da lei que proibiu o uso de símbolos religiosos em escolas públicas francesas| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

O fundamentalismo religioso é o principal inimigo da república e da democracia, na opinião do filósofo Luc Ferry, ex-ministro da Educação da França. Conhecido em todo o mundo por proibir o uso dos símbolos religiosos em escolas públicas francesas, durante a sua gestão como mi­­nistro, entre 2002 e 2004, Ferry diz que criou a polêmica lei para evitar que as crianças se transformassem em pequenos militantes religiosos. Defensor da existência de uma espiritualidade laica, o filósofo diz não acreditar em Deus, mas defende o ensino de História Religiosa nas escolas. O francês esteve ontem em Curitiba para proferir palestra no Teatro Positivo, baseada em seu best-seller Aprender a Viver.

Durante um encontro com jornalistas, Ferry explicou o porquê da proibição dos símbolos religiosos em escolas públicas francesas. Tal medida pode ser estendida para toda a França. Anteontem, o governo francês aprovou projeto de lei que proíbe o uso em público de vestimentas que escondam o rosto, como alguns tipos de véu islâmico. O projeto será debatido pelo parlamento francês e deve ser votado até setembro. Se aprovada, a medida prevê que as mulheres que desrespeitarem a proibição poderão ser multadas em 150 euros, o equivalente a R$ 340.

Para o filósofo, a França vive uma situação específica, pois no país convivem cerca de 5 milhões de muçulmanos com a maior comunidade judaica da Europa, sem contar os cristãos. "Queria evitar a organização de militantes em salas de aula e por isso suprimimos os sinais ostensivos como grandes cruzes e véus", disse. "Meninos muçulmanos estavam se portando como árabes. E os pequenos judeus não entendiam que não eram israelenses. Todos são franceses. A comunidade estava reproduzindo o conflito do Oriente Médio. Após a proibição do uso de símbolos religiosos nas escolas públicas não houve problema algum na França. Acho que fiz bem", afirmou.

Ferry ressalta que o uso dos símbolos religiosos na França por parte da população ocorreu por causa de um movimento islâmico forte, que ocorreu após o ataque de 11 de setembro, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. "O uso do véu passou a ser um sinal político. A democracia e a república não podem perder para o fundamentalismo religioso", disse. O filósofo francês também se colocou como favorável à mediação do acordo nuclear feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente do Irã, Mahmoud Ahma­dinejad. "O principal inimigo da paz mundial hoje é o presidente iraniano. O fundamentalismo é equivalente ao nazismo dos anos 30. Tudo o que puder contribuir para que a gente faça paz com os inimigos eu sou favorável", declarou.

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