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 | Adriana Czelusniak / Gazeta do Povo
| Foto: Adriana Czelusniak / Gazeta do Povo

Confira alguns depoimentos dos professores que participaram da passeata

"Quando ninguém reclama, todos acham que o salário dos professores está bom. Temos de mostrar que estamos insatisfeitos, brigar por nossos direitos. O retorno que temos com nossas crianças é maravilhoso. É maravilhoso ver que alunos nossos cresceram e se tornaram governadores, advogados, jornalistas. Mas temos contas a pagar!" Giselia Deraldo dos Santos, 47 anos, professora da Educação Infantil.

"O governo sempre vem com a contraproposta semi-pronta. Mas eles tem de entender a nossa realidade, sentir na pele o que é um professor, para então entenderem a questão. Não estou muito confiante com essa reunião com o Flávio Arns, porque com político, não dá para esperar nada de imediato, vamos conseguir somente com a luta!"Jussara Bernardo Gimenez, 38 anos, professora de Arte.

"Esperamos que o governo cumpra as suas promessas. A escola tem de ser de qualidade, temos de ter salário decente e tempo para preparar as aulas. A manifestação dos professores está correndo bem, mas precisamos de mais adesão, mais força, todos temos de lutar."Angelina Duarte, 39 anos, professora de História do Ensino Fundamental.

O secretário de Educação do Paraná e vice-governador Flávio Arns se comprometeu nesta quinta-feira (15) a apresentar propostas às reivindicações apresentadas pelos professores na paralisação de hoje até o próximo dia 27. O anúncio foi feito em uma reunião com representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) depois de uma passeata que reuniu 6 mil pessoas em Curitiba.

»FOTOS: Veja imagens do protesto dos professores.

Confira as declarações do vice-governador.

Os docentes paranaenses se uniram nesta quinta à paralisação nacional que ocorre, de acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), em 25 estados do país. Os professores pedem aos governos estaduais o cumprimento do piso salarial nacional fixado em R$ 1.451 pelo Ministério da Educação (MEC) para profissionais com ensino médio e jornada de 40 horas. Segundo a CNTE, apenas 9 estados pagam o piso estipulado pelo MEC.

No Paraná, professores com curso superior recebem R$ 1.748,06 para uma jornada de 40 horas. O piso oficial para quem tem apenas ensino médio seria de R$ 1.233,62, mas como não há concurso no Estado para esse plano de carreira há mais de 20 anos, nenhum professor recebe mais esse salário. Mesmo assim, a APP quer que o governo adote o reajuste de 22,22% aplicado ao piso nacional, que o levou de R$ 1.451 em fevereiro, aos R$ 1.748,06 pagos hoje no Estado.

Os professores reivindicam também que um terço do tempo de trabalho possa ser utilizado na preparação e pesquisa para a elaboração das aulas. Outro pedido é para que haja melhorias no atendimento de saúde dos profissionais. Mudanças no plano de cargos e salários dos professores da rede estadual e o pedido para que 10% do Produto Interno Bruto (PIB) sejam investidos em educação também fazem parte da pauta de reivindicações.

Repercussão

De cima do caminhão de som, a presidente APP-Sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho, informou da decisão do governo aos professores que estavam em frente ao Palácio Iguaçu, no Centro Cívico. No dia 31, será a vez dos professores discutirem o que for apresentado pelo governo. "Vamos discutir e decidir juntos. Encerramos aqui hoje felizes e contentes, somos lutadores. Vamos sair daqui com um ‘viva’, saímos fortalecidos", declarou.

Após a reunião, Flávio Arns afirmou que o governo precisa estudar a melhor forma de atender as reivindicações dos professores, não só em relação ao reajuste salarial, mas também sobre outras questões, como o plano de saúde dos professores e a hora-atividade. "Entendemos que o atendimento à saúde do professor tem de ser de qualidade. Alcançar o previsto em lei para a hora-atividade também é importante. O professor deve ter horário livre para corrigir provas, fazer cursos, conversar com alunos e pais. No Paraná já temos no mínimo 20% de horas para os professores fora de sala, a lei diz que tem de ser um terço, 33%, então estamos discutindo como aplicar", disse.

Arns também acredita que a convocação de 2.047 professores, além dos 9,5 mil que foram chamados há cerca de um mês, irá ajudar a resolver esse problema. "Também vamos avaliar o orçamento e considerar uma solução progressiva para atender as necessidades. Queremos estar ao lado dos professores, e vamos discutir como valorizar esta carreira. Eles compreendem o processo sabem que isso tem de ir sendo conquistado", ponderou.

Manifestantes

Acampada em frente ao Palácio Iguaçu desde ontem, a professora de Geografia Irene Grockotzki, 50 anos, não gostou do rumo que a manifestação tomou. "A gente tinha de continuar com essa mobilização, tínhamos de acampar aqui, mas não temos o respaldo desse sindicato. Não fiquei satisfeita com o resultado dessa reunião. O governo já sabe o que a gente quer, e esperar mais ainda é perda de tempo", reclamou, ao lado dos sete cartazes que produziu para a manifestação. Um deles criticava o ensino integral, dizendo que o turno integral desafia a lei da Física. "Temos alunos de dois turnos ocupando o mesmo espaço, tem gente tendo aula em cantina, em corredor, sem falar que nem cancha coberta nós temos no Jardim Karla, em Pinhais", acrescentou.

Já a professora aposentada e integrante do APP-Sindicato – Curitiba Norte, Maria Adelaide Mazza Correia, pensa que o momento é de paciência. "Nossas questões estão sendo trabalhadas e temos de ter jogo de cintura, pois assim estamos avançando", disse.

Números

Aproximadamente 1,3 milhão de alunos da rede estadual de ensino do Paraná ficaram sem aulas nesta quinta-feira (15) por causa da paralisação dos professores. A suspensão das atividades nas escolas do Paraná ocorre somente nesta quinta, diferentemente de outros estados em que a paralisação começou na quarta-feira (14) e estenderá até a sexta-feira (16).

Na sexta-feira (16) haverá aula normal nas escolas estaduais e será feita a avaliação do movimento desta quinta-feira. Os professores ainda realizarão debates sobre as reivindicações da categoria com os estudantes.

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