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A presença de apenas uma torre é reflexo da simplicidade da construção. | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
A presença de apenas uma torre é reflexo da simplicidade da construção.| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Serviço

Endereço: Praça Garibaldi, s/nº – São Francisco. Telefone: (41) 3322-3150. Aberta para visitação de segunda a sexta, das 12h30 às 17 horas, e no domingo, das 7h30 às 12 horas, e das 16 às 18 horas. A igreja não tem guia, apenas placas que contam um pouco da história. O túmulo de Monsenhor Celso está localizado na entrada lateral. Missas diariamente às 17 horas, sábado às 16 e 17 horas, e domingo em quatro horários: 8, 9, 11 e 17 horas.

  • Pinturas em azulejos mostram como o prédio era antes da demolição no século 20.

Dos fiéis e visitantes que freqüentam a Igreja do Rosário, no Largo da Ordem, no centro de Curitiba, poucos sabem que a construção foi feita por escravos ainda no século 18. A placa na entrada dá uma dica: Igreja do Rosário dos Pretos de São Benedito.

Ela foi a segunda capela construída em Curitiba e demolida na década de 1930, mas ainda guarda traços do primeiro prédio. "A fachada foi reconstruída. A edificação original tinha o mesmo tamanho, mas era mais simples", diz Carlos Medeiros Lima, professor de História da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A simplicidade presente na arquitetura franciscana é uma marca da época e também da forma como a construção foi feita, por escravos e para eles. "Interessava ao catolicismo dar ênfase na leveza e fugir do barroco clássico". O prédio foi idealizado pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, entidade da qual participavam escravos e brancos não-eclesiásticos interessados em manter a devoção católica, conseguir ajuda mútua e uma melhor posição social. "Durante parte do século 18, a maioria dos integrantes era de escravos. Para fazer parte da irmandade era preciso pagar uma jóia e anuidade. Muitas vezes, os próprios senhores é que pagavam a jóia e até faziam parte da irmandade para ganhar popularidade", afirma o professor Lima.

Se por um lado havia a simplicidade, por outro, a busca pela visibilidade era muito presente. A igreja foi erguida no alto, em um local estratégico. "O ponto foi escolhido pela irmandade e também pela Igreja Católica como uma estratégia para conseguir mais adeptos". Estas características eram comuns entre as igrejas de irmandades do rosário espalhadas pelo Brasil. "Isso fez com que várias delas fossem a matriz. Aqui em Curitiba, a capela virou matriz na época de construção da catedral, entre 1875 e 1893."

Os historiadores consideram a data do fim da construção da primeira capela quando ex-membros da irmandade começaram a ser sepultados no interior da igreja. Como não existiam os cemitérios, pertencer à irmandade era quase como uma garantia de sepultamento e, para um escravo, ser sepultado era sinônimo de prestígio. "Entre 1790 e 1820, enterravam-se dentro da capela em torno de 15 pessoas por ano. Desse total, cinco ou seis eram escravos", diz Lima.

Na terceira década do século 19, com a abolição da escravidão e o início da construção de cemitérios, a igreja ganhou outra função. "Passou a ser conhecida como a capela dos mortos ou igrejinha das almas porque ficava no caminho para o cemitério (hoje Cemitério Municipal), onde os mortos eram encomendados", diz Maria Luiza Gonçalves Baracho, pesquisadora da diretoria de patrimônio cultural da Fundação Cultural de Curitiba.

Reconstrução

Em 1930, a conservação do prédio não era das melhores. Por iniciativa do pároco Monsenhor Celso Itiberê, foram angariados recursos para a demolição e reconstrução da igreja. "O prédio atual foi aberto ao público em 1946", conta Maria Luiza. O professor de História da Arquitetura da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Claudio Forte Maiolino, explica que a nova construção tem uma arquitetura eclética. "Vários estilos são misturados e há a tentativa de reproduzir uma fachada do século 18. É claro que a construção atual é menos representativa, mas ainda assim retratam a forma de construir de 1940", explica.

Além de tentar reproduzir o prédio original, azulejos na fachada da igreja mostram como era o primeiro prédio. "No interior há azulejos portugueses e o túmulo do pároco Monsenhor Celso, falecido em 1931", conta a pesquisadora.

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