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Para Luciana Xavier, 28 anos, alunos passam a respeitar o professor quando veem que ele é sério e prepara as aulas | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
Para Luciana Xavier, 28 anos, alunos passam a respeitar o professor quando veem que ele é sério e prepara as aulas| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

"O aluno está demandando bastante atenção. Se manda mensagem no Facebook e o professor não responde, fica bravo. O mestrado forma o professor na técnica, mas não para o relacionamento humano. Isso aprendemos na sala de aula."

Sérgio Czajkowski Júnior, professor universitário.

Experiência "É preciso aprender a não bater de frente com o aluno, senão fica louco"

"Senhor dê-me paciência para não tentar mudar as coisas que estão além do meu alcance." Esse é o pedido diário do bem-humorado professor Sérgio Czajkowski Júnior, 32 anos. Mestre em Gestão Urbana e doutorando em História, ele, que começou como professor de ensino médio, diz que chegou "calejado" à docência na universidade. Consequência de enfrentar turmas com 70 adolescentes desafiadores por dois anos e meio. "Eu saía sem voz do colégio, pois 70% do tempo eu passava gritando, mandando aluno pra fora. Na universidade eu cheguei tranquilo", conta.

Sem estresse

Não que o público universitário não dê trabalho. Czajkowski começou como professor substituto da Universidade Federal do Paraná e hoje é professor do Unicuritiba e da Universidade Positivo. Ele conta que os alunos continuam desafiando, mas aprendeu a mediar os conflitos de sala de aula. "Se o aluno está dormindo, eu deixo dormir. Há dez anos, eu ficava muito bravo. É preciso aprender a não bater de frente com o aluno, senão o professor fica louco, com 40 anos está enfartando", brinca.

A média de idade dos 307 mil professores universitários brasileiros é de 34 anos nas instituições privadas e 44 nas públicas, segundo o Censo da Educação Superior. O início da docência, no entanto, costuma ocorrer bem mais cedo, entre os 20 e 30 anos – logo após a formatura ou durante a pós-graduação. A pouca diferença de idade em comparação com os alunos faz com que os professores mais novos tenham de encontrar na prática uma forma eficaz de impor respeito. Por outro lado, a proximidade também pode facilitar o relacionamento com os jovens.

A professora e doutoranda em Direito das Relações Sociais Luciana Pedroso Xavier, 28 anos, assumiu uma disciplina no Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba) quando ainda estava no mestrado. Quando surgia alguma dúvida de conduta em sala de aula, ela contava com a ajuda do orientador. "Quando se é um professor novo, é enriquecedor recorrer aos seus mestres e trocar experiências na sala dos professores", conta Luciana.

A disciplina de Prática de Docência que Luciana cursou no mestrado ajudou muito nos períodos de insegurança inicial. "Havia um livro que relatava os perfis de alunos, desde o carente, que quer chamar atenção, até o sedutor, que quer te conquistar para não ter o mesmo rigor que o resto da turma recebe", diz. No início, é comum haver estudantes que querem testar o conhecimento do professor mais jovem, mas Luciana diz que isso cessa depois de um tempo. "Quando a turma percebe que você é um professor sério, ela para com os testes e passa a te respeitar", diz.

Respeito

É o que diz Felipe Belão, 29 anos, escritor e professor de Comunicação e Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Mestre em Administração Estratégica, ele assumiu as turmas de Comunicação Social na reta final do mestrado, aos 23 anos. "Não dá para esperar que os alunos o respeitem no momento em que entra na sala de aula. Você conquista esse respeito, vai se desenvolvendo e aprimorando a metodologia", conta.

Depois de seis anos dando aulas, Belão conta que aprendeu muito com seus alunos e que, com o tempo, passou a enfrentar melhor a frustração quando algo não saía conforme o planejado. "No começo, era muito difícil ver que a aula não tinha sido exatamente como eu tinha planejado. Me cobrava muito e hoje vejo que cada aluno tem um tempo de aprender, pois o aprendizado é um processo, um trabalho contínuo", diz.

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Você já teve um professor jovem? Como a sua turma se comportou diante dele? Deixe seu comentário abaixo.

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