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Um dos objetivos da aula é trabalhar com uma situação-problema, para ver como os alunos lidam com isso e que soluções propõem. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Um dos objetivos da aula é trabalhar com uma situação-problema, para ver como os alunos lidam com isso e que soluções propõem.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

“Andar”. O verbo de primeira conjugação ensinado na disciplina de Língua Portuguesa ganhou um novo significado com a difusão das aulas de linguagem computacional no ensino fundamental. Ao digitar o comando “andar” em uma plataforma robótica, o aluno consegue movimentar um personagem e começa a entender a lógica por trás da programação dos computadores.

Escolas públicas

Há muitas iniciativas que distribuem conteúdo para os professores ensinarem linguagem de computador mesmo em instituições com poucos recursos. Uma das entidades que trabalha para a democratização desse ensino é o Programaê!. No site http://programae.org.br/ há um portal com 30 planos de aula, passo a passo, incluindo a preparação do professor, o conteúdo e exercícios.

O Colégio Dom Bosco, de Curitiba, adotou a metodologia de “games” de computador para ensinar lógica aos alunos do 9.º ano. Em um dos jogos, é preciso programar uma abelha para colher mel. Da flor ela precisa ir até a colmeia. “Parece simples, mas a lógica por trás disso é mais complexa. Por isso o aluno vai fazendo os exercícios mais fáceis, com blocos pré-desenvolvidos, que permitem a movimentação do personagem”, explica o professor de Matemática Luís Felipe Siqueira.

Os outros comandos básicos são “vire à direita”, “vire à esquerda”. Cada um deles equivale a um passo. Em uma fase inicial, os alunos também executam ações para encaixar peças e apenas leem o código-fonte, que são as linhas de programação que formam um software. O código para “andar”, por exemplo, é <move forward>, comando universalmente compreendido pelas máquinas. Mas, no fim do ano, os alunos vão precisar desenvolver um jogo completo, usando a linguagem Java, usada por programadores.

Uma habilidade do século 21

Um dos grandes defensores do ensino da linguagem de computadores para crianças é Mitchel Resnick, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde lidera um grupo que desenvolve novas tecnologias para incentivar o aprendizado criativo de crianças.

Ele diz que a programação é uma das habilidades do século 21 e precisa ser vista como uma ação tão importante como ler ou escrever.

Em 2014, ele esteve no Brasil para participar do evento Transformar, da Fundação Lemann e Inspirare.

Vantagens

“Da mesma forma que a escrita é útil para todo mundo, em todos os aspectos da vida, acredito que isso também é verdade para a programação computacional ou codificação. A codificação não é apenas algo que leva a um emprego ou a uma carreira, embora, obviamente, poderia ser muito bom para isso. A codificação pode ajudar a todos nós a organizarmos nossas ideias e vermos o mundo de diferentes maneiras”, disse ele na ocasião.

Siqueira explica que um dos objetivos da aula é trabalhar com uma situação-problema, para ver como os alunos lidam com isso e que alternativas propõem. “As aulas de lógica fazem parte da disciplina de Matemática, mas o conteúdo na verdade tem uso em todas as áreas, mesmo nas Ciências Humanas”, diz.

O aluno Guilherme Stocco, do 9º ano do Dom Bosco, aprova o conteúdo das aulas de lógica com linguagem de computador. “Assim não fica só a explicação do professor, varia a forma de aprender o conteúdo. Fica mais fácil gostar de estudar”, diz. O pai dele, David Stocco, engenheiro, observou mais maturidade no filho. “É muito interessante porque desenvolve bem o raciocínio lógico. Vejo que ele tem tomado decisões racionais em cima do que tem vivenciado. Com certeza essas aulas estão ajudando.”

Informática

Colega de classe, Vitor Bubiniak ainda não decidiu qual curso universitário pretende cursar, mas está considerando a área de informática como uma opção. O professor Luís Felipe Siqueira pondera que não são todos os alunos que têm facilidade em assimilar os passos básicos da linguagem computacional. “Não é porque a criança mexe em rede social, passa bastante tempo no computador em casa que vai conseguir dominar a linguagem imediatamente. É um trabalho que precisa ser feito aos poucos”, acrescenta.

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