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Kendrik, 5 anos, e Luan, 9 : com a ajuda da escola os irmãos superaram o “quero ficar em casa com a mamãe” | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Kendrik, 5 anos, e Luan, 9 : com a ajuda da escola os irmãos superaram o “quero ficar em casa com a mamãe”| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Escolas e pais podem facilitar retorno

Tanto a família quanto a escola podem preparar as crianças para o retorno às aulas. Para que não haja recusa e impacto com a nova rotina, o ideal é "cuidar do terreno para a criançada". Verificar material escolar, uniforme e estabelecer horários alguns dias antes do início das aulas são algumas das orientações dadas pelas próprias escolas.

Na opinião da diretora de educação infantil do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR), Raquel Momm de Camargo, além de reorganizar a rotina escolar, a família deve deixar claro para os filhos que momentos de lazer também vão ocorrer fora do período de férias. "Na esco la, os primeiros dias de aula também devem ser de investimento no relacionamento com os alunos", diz.

A coordenadora do ensino fundamental das escolas Positivo, Rosângela Cavichiolo, ressalta que a própria escola deve cativar seus alunos e despertar a vontade de retornar das férias. Para isso, as professoras do 1º ano do ensino fundamental enviam cartas via Correios aos seus alunos no mês de julho, enquanto os estudantes do 2º ano do ensino fundamental confeccionam a maleta das férias que servirá para guardar objetos que lembrem momentos dos dias de folga das crianças. "Todos ficam com a autoestima elevada na escola. É importante essa semana especial de reconquista, de mostrar o quando é bom ser alegre nesse ambiente", diz. (TD)

Sinais

Há alguns sinais que podem indicar que a resistência em voltar às aulas não é só manha:

- Criança chora quieta;

- Não fala sobre os motivos de não querer ir para a aula;

- A recusa é repetitiva, ocorre por vários anos ou mesmo durante o período normal de aula;

- A criança apresenta comportamento de introspecção;

- Sente dor de barriga ou outras dores na hora de ir para a escola.

Depois de quase um mês de férias, é difícil para algumas crianças e adolescentes retomar a rotina escolar, que exige, além da volta às aulas, dedicar menos tempo às brincadeiras, acordar cedo e ter horários mais rigorosos. Por esses motivos, esse tipo de resistência é até esperada. Mas se ela é exagerada merece ser observada com maior atenção pela família e pela escola.

Na opinião da psicóloga Giovana Tessaro, a falta de vontade de voltar à rotina escolar pode ser um momento do próprio desenvolvimento da criança, sem motivos para estresse. "Mas, se o comportamento ocorre por vários anos seguidos, é algo para se prestar atenção e buscar ajuda", diz. Giovana ressalta que muitas crianças sofrem quietas e têm medo de relatar aos pais problemas que podem estar ocorrendo na escola.

A psicopedagoga Maria Irene Maluf, professora da pós-graduação em Psicopedagogia do Ins­ti­tuto Sedes Sapientiae, em São Pau­lo, orienta como distinguir a recusa natural de algum distúrbio. "A criança que não tem problemas facilmente é convencida quando os pais falam sobre as coisas boas que serão encontradas na escola", diz.

A recusa também pode estar relacionada ao aproveitamento escolar, segundo Maria Irene. "A criança com boas notas fica preo­cupada se vai conseguir dar conta ou não dos próximos compromissos", diz. Outra questão diz respeito à socialização, quando há mudanças de grupo e a criança não consegue mais manter amizades dentro da escola. "Há crianças que não conseguem ver graça nenhuma em voltar para a escola. Choram, têm dor de barriga, somatizam situações para realmente não ir à aula", diz.Ajuda

Como diferenciar a "manha" de algo mais sério? Na dúvida, o mais indicado, segundo especialistas, é procurar por ajuda de profissionais especializados e da própria escola. "A manha exige plateia. Se a criança fica quieta, instrospectiva e chora trancada num quarto, indica que há algum problema", diz Maria Irene.

Foi dentro da escola que a DJ Tatiane Bittencourt, 29 anos, conseguiu apoio para trabalhar com a recusa de seu filho mais novo Kendrik, 5 anos, na volta às aulas no início deste ano. Matriculado na educação infantil do Colégio Novo Ateneu desde o ano passado, Kendrik chorou nos primeiros dias de aula. "Nas férias ele ficou muito tempo em casa comigo e no começo não queria ir à aula. Mas não recuei e na escola sempre respeitaram o limite dele", diz.

O mesmo problema Tatiane vivenciou com o filho mais velho Luan, 9 anos. Como trabalha à noite, e fica o dia todo com os filhos, a vontade deles era ficar sempre perto da mãe. "Agora os dois ficam contando os dias para saber quando vão voltar para a escola", comenta.

A assessora pedagógica do Colégio Novo Ateneu, Alessandra Furtado Rossetto, explica que sentir medo de situações novas é algo natural do próprio ser humano. "Antes do retorno os pais devem preparar as crianças, passar aspectos positivos, segurança", diz.

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