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Fora do convencional (foto 1)

Para a educação de seus dois filhos – João Pedro, 10 anos, e João Vítor, 8 – a professora de artes e produtora cultural Geny Santos Nowisck procurava uma escola fora dos moldes convencionais. "Não gosto de instituições grandes, com salas cheias de alunos. Procurava uma escola menor, em que o professor pudesse conhecer bem meus filhos e saber as necessidades deles", diz. E esse foi o fator decisivo para a sua escolha. Ambas as crianças estão renovando a matrícula no colégio Modelo, de Curitiba. "Senti uma identificação com a linha pedagógica aplicada. Eles não usam apostilas, a forma como o conteúdo é ensinado é muito mais livre. Além disso, são oferecidas aulas de musicalização, língua estrangeira e artes. Acho esses itens fundamentais para o desenvolvimento das crianças", diz a mãe. Para completar a escolha, feita quando o filho mais velho entrou no ensino fundamental, há cinco anos, Geny levou em conta a proximidade da escola. "Eles devem ficar por perto. A escola é no mesmo bairro em que moramos. Por aqui estão todos os seus colegas. Sem contar que eles não precisam passar aquele tempo desgastante indo e voltando da escola todos os dias", diz.

Disciplina (foto 2)

Após o filho ter estudado por vários anos do ensino fundamental na mesma escola, a gerente de vendas Tânia Solimar se viu às voltas com a necessidade de escolher uma nova instituição de ensino para ele. É que o estudante Pedro Henrique Torres, 14 anos, completa a 8ª série neste ano, e a sua escola não oferece ensino médio. Depois de avaliar vários colégios, a família optou pelo ensino médio técnico oferecido pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). "Concluímos que é a melhor escolha para o perfil dele", conta. "Como a maioria dos adolescentes, meu filho está em uma fase que precisa de mais disciplina nos estudos, de mais esforço. E isso a UTFPR oferece", conta Tânia. Em novembro, o adolescente deve fazer o teste de seleção para a instituição. "Ele aprovou a ideia e já está se preparando.

A intenção é que ele estude o ensino médio e um curso técnico (mecânica ou eletrônica)", diz. Se passar, já em dezembro deverá assinar a matrícula de seu novo colégio. Mas se a tão esperada aprovação não vier, a família tem mais cartas na manga. "Claro que pensamos em um segundo plano. Apostamos nossas fichas na aprovação na UTFPR, porém, se não der certo, iremos colocá-lo em um colégio de boa preparação para o vestibular", afirma Tânia.

Decisão tripla (foto 3)

Quando decidiu mudar-se do Rio de Janeiro para Curitiba, no fim de 2006, o arquiteto aposentado William Schalder se deparou com uma difícil questão: onde matricular os três filhos, que estavam em diferentes fases escolares? Entre as exigências do pai, estava a necessidade da tradição da instituição e o ensino em período integral.

Após consultar familiares que já moravam em Curitiba, a escolha da família foi pelo colégio Dom Bosco. "Por questão de praticidade, precisava colocá-los em uma mesma instituição. Foi nesse colégio que encontrei a melhor combinação de vantagens para os três", conta o pai. Para 2010, não há intenção de mudanças. Jullya, 15 anos e no 2º ano do ensino médio, William Joseph, 14 anos e na 8ª série do ensino fundamental, e Natasha, 12 anos e 6ª série do ensino fundamental, já estão se preparando para renovar a matrícula.No caso da filha mais velha, a opção pela rematrícula no mesmo colégio tem foco também no vestibular. "O colégio tem tradição nos exames para as faculdades, e esse é outro fator que eu considero importante", diz Schalder.

Matrículas vão até o fim do ano

Pais de alunos da educação infantil e ensinos fundamental e médio já devem se programar. É que desde o início de setembro grande parte das escolas públicas e particulares já está com matrículas e rematrículas abertas. Na rede privada de ensino, as escolas devem permanecer com as matrículas abertas até o fim do ano, segundo informações do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Paraná (Sinepe-PR). "É importante que os pais comecem a pensar desde já na escola, para que dê tempo de eles visitarem as instituições e escolherem a melhor opção", alerta o presidente do Sinepe, Ademar Pereira.

Na rede pública de ensino, tanto estadual quanto municipal, os colégios estão com vagas abertas para novos estudantes (que estão ingressando na rede ou transferidos de outras escolas) desde ontem. Para ter direito a uma delas, o responsável deve comparecer à instituição pública mais próxima.

A rematrícula, tanto para a rede pública quanto para a rede privada, varia de acordo com a escola e tem datas comunicadas previamente aos pais.

      "Matrículas abertas". Desde o início deste mês, essa frase está presente em faixas e anúncios em diversas escolas. Setembro marca o início oficial do período de matrículas e rematrículas nas instituições de ensino públicas e privadas de todo o país. Porém, mais do que um momento para garantir a vaga do estudante para o próximo ano letivo, essa fase deve ser encarada como uma verdadeira lição de casa para os pais: é hora de reavaliar escolhas e definir qual é a melhor escola para os filhos.

      "Qual educação desejamos para nossos estudantes? Essa pergunta deve nortear os pais frequentemente. Sobretudo na hora da matrícula. Será que vale a pena continuar investindo em determinada instituição? Será que aposto em outra? O responsá­­vel pelo estudante deve se indagar disso antes de fechar contrato com qualquer instituição", diz a psicopedagoga Juliana Pereira Luz, membro da Associação Bra­­sileira de Psico­­pedagogia (ABP).

      E não são poucas as dúvidas dos pais nesta hora, garante a profissional. "Hoje eles estão mais preocupados em atender às necessidades e prover uma melhor educação para seus filhos. Eles sentem na pele a importância disso, sabem o que o mundo exige", diz.

      E para acertar na fórmula, não existem regras fáceis. Aos pais, resta bater pernas e visitar cada instituição de ensino para saber se fatores como metodologia de ensino, infraestrutura, tamanho, localização e preço, contemplam as necessidades dos estudantes. O caderno Educação & Ensino levantou quais as dúvidas mais frequentes dos pais na hora desta escolha. Para respondê-las, convidou especialistas em educação. Confira:

      Qual deve ser o principal critério na hora de escolher uma escola?

      Saber qual é o método educativo da escola– chamado projeto pedagógico – é unanimidade entre os profissionais da educação. Para quem está procurando uma nova instituição para os filhos, o segredo é conhecer a maneira como o conteúdo é trabalhado pelos professores e profissionais da escola. Visitar mais de uma é fundamental. Para quem não sabe se deve renovar a matrícula de seu filho, é indicado questioná-lo e avaliar seu desempenho ao longo do ano para saber se a escola foi capaz de educá-lo da forma correta.

      E não é preciso ser um expert em educação para avaliar se o projeto pedagógico é adequado para as necessidades do aluno. Peda­gogo e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Odilon Carlos Nunes indica que existem diversas linhas aplicadas pelas escolas no estado. Aos pais, o interessante é visitá-las e saber como esse método é colocado em prática. "O responsável pelo aluno não precisa saber como é batizado determinado projeto. Ele tem de conhecer como é aplicado, ou seja, como o conteúdo é passado: de forma teórica ou prática, mais lúdica ou tradicional", diz.

      Para isso, a sugestão do profissional é perguntar tudo para a escola. "Ele não deve se sentir intimidado em questionar os profissionais. Deve perguntar como serão as aulas, de que forma serão ministradas, se os professores estão aptos a seguir esse direcionamento que a instituição está oferecendo", explica o pedagogo. Se a escola não for capaz de responder a estas questões satisfatoriamente, talvez este seja um sinal de que a qualidade dela pode não ser tão boa assim.

      Devo colocar meus filhos em uma escola perto de casa?

      Embora nem sempre as melhores escolas sejam perto de casa, a localização é um item que deve ser avaliado pelos pais. Segundo a psicopedagoga e membro da ABP Juliana Luz, a proximidade de casa deve ser levada em conta, mas como um item secundário. "Se o pai tiver duas opções de escola que gostou, mas uma delas é perto e a outra longe, a indicação é escolher a mais próxima do domicílio", diz. "Isso evita menos estresse para o filho ao ir e voltar da escola todos os dias."

      Instituições distantes, porém, não devem ser descartadas. "É muito mais importante escolher a escola pelo seu projeto pedagógico. Se a forma como ela ensina agradou aos pais, será uma boa escolha, mesmo que não seja próxima de casa", diz Estér Cristina Pereira, psicopedagoga da escola de ensino fundamental Atuação.

      Escola cara significa escola melhor?

      A relação não é direta, aponta o presidente do Sindicato dos Esta­­be­­lecimentos Particulares de Ensino do Paraná (Sinepe-PR), Ademar Batista Pereira. "As particulares oferecem serviços diferentes. Por isso cobram valores diversos. Mas não significa que a que tem maior custo de mensalidade seja melhor do que a que tem menor valor. O método aplicado e a infraestrutura disponível podem ser responsáveis por esta diferença", diz.

      Para Pereira, os alunos podem ter boa educação tanto em escolas mais caras quanto nas mais econômicas. "Depende da adaptação do aluno. Ele pode aprender melhor em uma escola em que o método de aprendizado exija custos menores", diz. Para pais com orçamento apertado, a dica dos especialistas é a pesquisa – tentar achar o equilíbrio entre projeto pedagógico ideal e custos adequados ao orçamento familiar.

      Devo optar por uma instituição de pequeno porte ou por uma de grande porte?

      Segundo o pedagogo Odilon Nunes, da UFPR, a tendência atual é que os pais busquem escolas de menor porte (com número reduzido de alunos). "É uma questão lógica. Os pais pensam, e com razão, que em uma escola menor, o filho terá mais atenção do professor, que irá avaliar melhor as suas necessidades e oferecer uma educação focada nelas", diz.

      Porém, as escolas maiores também têm suas vantagens. "Pelo tamanho, elas podem ter custos menores de mensalidade. Mais importante que isso é o fato de várias delas investirem pesado em capacitação de professores, cursos extracurriculares e infraestrutura. Elas também podem ser uma boa opção. Basta saber como driblam o número de alunos e dão a atenção necessária para cada um deles", explica a psicopedagoga Juliana Luz.

      Espaço físico deve contar?

      Outra unanimidade entre especialistas, a infraestrutura do estabelecimento de ensino é fator motivador para os alunos. "Esse é um item complementar ao projeto pedagógico. É importante que a escola tenha espaço para que os alunos se sintam livres. Quadras esportivas e um pouco de verde podem fazer a diferença", diz o pedagogo Odilon Nunes, da UFPR.

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