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Após a reforma do ensino médio, o Ministério da Educação (MEC) pretende atuar para sugerir com mudanças no sistema de ensino superior do país. O processo, porém, se demonstra embrionário e ainda deverá ser discutido com a comunidade acadêmica. 

A indicação foi levada à discussão por Nara Pimentel, coordenadora geral de Expansão e Gestão das Instituições Federais de Ensino do MEC, em audiência pública realizada na última quarta-feira (18), na Comissão de Educação do Senado Federal. 

O evento tratou do papel da universidade como instrumento de diminuição de desigualdade social e alavanca para o progresso do país. 

Critérios

Segundo a representante do MEC, a pasta tem sido mais criteriosa para aprovar abertura de novas universidades e cursos de ensino superior pelo Brasil, tendo como principal avaliação possibilidades de desenvolvimento regional onde a instituição se propõe em atuar. 

“Temos olhado o ensino superior de maneira mais contextualizada. Atualmente, ao analisarmos um pedido de criação de curso ou universidade, do ponto de vista técnico, procuramos ter um olhar mais abrangente no contexto regional, a questão do desemprego, economia e social para procurar fomentar a universidade ou esse curso”, ratificou. 

Causas

De acordo com dados apresentados na audiência pública, a evasão de alunos em cursos de graduação se aproxima de 30%, índice superior ao de países desenvolvidos. 

Uma das razões apontadas ppor Nara pode estar relacionada a forma como ocorrem essas ofertas, baseadas em um modelo pedaógico do século XIX, desconsiderando mudanças sociais e econômicas. 

Uma das alternativas propostas está na maior oferta de vagas em período noturno para carreiras nas quais o estudante, ainda na graduação, consiga conciliar com o mercado de trabalho durante o dia. 

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Além disso, a representante do MEC citou que outra alternativa seria baseada na reflexão da própria duração de alguns cursos e na maior chance de flexibilização na mudança de graduação e universidade pelo aluno: atualmente, para um acadêmico escolher outro curso de áreas semelhantes ou instituição, é preciso enfrentar uma série de burocracias para validação de disciplinas já cursadas, o que acaba desmotivando a permanência no ensino superior. 

“É preciso repensar o modelo de ensino superior. Temos demandas diferenciadas pela sociedade e do mundo do trabalho a partir da tecnologia. A ampliação na oferta de vagas de ensino superior público, em especial de cursos noturnos... Não ocorre não porque não há demanda, mas porque tem professor que não quer dar aula a noite”, ponderou Nara. 

Público x privado

Dados revelam existir um predomínio discrepante de instituições de ensino superior privadas, com 2.111 instituições. As públicas, por outro lado, somam apenas 296, entre universidades estaduais e federais, institutos e faculdades isoladas. 

Para o professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), Isaac Roitman, é preciso repensar a distribuição dos cursos para evitar carência em algumas áreas e excesso em outras.

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Sobre o aumento de instituições particulares, o especialista considera que seja reflexo do olhar de investidores estrangeiros em uma das áreas mais carentes de assistência do estado. 

“Temos mais vagas para curso de direito do que nos Estados Unidos e alguns países da Europa juntos. Precisamos de tantos advogados? Nós não planejamos. Formamos perto de 20 mil por ano, mas algumas áreas tem carência e outras excesso. Precisamos refletir sobre isso. Nos últimos anos temos visto aumento das vagas nas universidades públicas, mas ainda aquém das privadas”, observou. 

Já o secretário executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Balduino, pontua que uma universidade bem planejada e que atenda às demandas sociais alavanca o progresso do país. Ele, no entanto, afirma que o foco das entidades públicas deve ser no coletivo.

“Em nenhum lugar do mundo podemos chamar um país de desenvolvido sem a universidade envolvida. Essa combinação não existe. O papel da universidade, em qualquer lugar, é auxiliar na ascensão da renda das pessoas, mas também fomentar o progresso ao formar estudantes”, diz.

“A universidade não vai acabar com a pobreza, mas contribui para amezinar o desdobramento desse problema social. A universidade não vai colocar saneamento básico nas cidades, mas pode pesquisar como fazer isso de forma mais barata e rápida”, conclui.

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