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 | Priscila Forone / Arquivo Gazeta do Povo
| Foto: Priscila Forone / Arquivo Gazeta do Povo

Enquanto o número de matriculados em cursos presenciais de formação de professores no Brasil se manteve estável nos últimos cinco anos, as matrículas nos cursos a distância cresceram em ritmo acelerado.

Um em cada três alunos de graduação na área de “educação” faz o curso remoto, de acordo com dados do governo. Isso inclui formação de professores em áreas como artes, música ou biologia.

Em pedagogia, especificamente, a taxa é maior: metade dos estudantes está matriculada em cursos a distância. A procura por cursos de formação de docente a distância foi estimulada pela lei.

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As informações são do último Censo do Ensino Superior disponível, de 2014.

Há 20 anos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) tornou obrigatória a formação em ensino superior para professores da educação básica.

Como muitos docentes já davam aula sem diploma universitário, o curso remoto acabou sendo uma boa opção - a maioria dos alunos de curso a distância no Brasil trabalha e estuda ao mesmo tempo, diz o Censo da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED).

Na verdade, a educação a distância ganhou força no Brasil justamente por causa da necessidade de formação de professores, de acordo com Luís Cláudio Dallier Saldanha, diretor de serviços pedagógicos da Estácio.

“Com o tempo, os cursos a distância foram se expandindo para áreas além das licenciaturas”, diz Saldanha.

Para se ter uma ideia, o número de matrículas em cursos na área de educação a distância cresceu 26,71% nos últimos cinco anos avaliados pelo governo -de 2010 a 2014. Já os cursos presenciais de formação de docentes tiveram aumento de 0,12% nas matrículas no período.

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Pontos de vista

Fazer o curso a distância é mais fácil do que presencialmente? “Quem acha que sim está muito enganado”, diz Andréa Chiarioni, de 41 anos.

Ela está no terceiro ano do curso de formação de professores em ciências naturais e matemática da Universidade Virtual do Estado de São Paulo -instituição que começou a funcionar em 2008 na forma de um programa para graduar professores.

Chiarioni já tinha diploma de curso tecnólogo -presencial- em biocombustíveis quando começou a formação a distância na Univesp.

Ela também já estava em sala de aula: é professora de ciências e matemática há três anos na Fundação Casa. Ficou “conhecida” neste ano, quando um de seus alunos, Jonathan Felipe Santos, de 18 anos, recebeu o prêmio revelação na 3ª. Feira de Ciências do Estado de São Paulo.

“Estudo nos intervalos das minhas aulas. Dá uma média de três horas por dia”, diz.

Não se distrai e acaba caindo no Facebook? “Não, porque tenho maturidade e tenho um objetivo profissional muito claro. Quero chegar ao doutorado”, diz Chiarioni.

É comum, para Maria Elizabeth Pinto de Almeida, especialista em tecnologia aplicada à educação da PUC-SP, que alunos com diploma superior procurem uma nova graduação a distância. Muitos optam pela área de educação.

Isso facilita: “Quem já tem um grau superior tende a se dar melhor em cursos a distância”, diz Paulo Blikstein, especialista da Universidade de Stanford (EUA). “A disciplina e a autonomia necessária são maiores”.

Ensino privado

Os professores formados a distância têm se saído bem em concursos para escolas públicas, diz Almeida, da PUC-SP. Já no ensino privado, quem se forma de maneira remota ainda patina.

A reportagem consultou algumas escolas de São Paulo e não achou professores formados a distância entre os funcionários. Caso do Dante Alighieri, do Humboldt, do Mary Ward, da Escola Internacional de Alphaville e do Santa Maria.

“Curso de pedagogia tem de ser presencial porque já é precário”, diz a diretora do Santa Maria Anne Horner Hoe. “Já na pós-graduação, não vejo problemas.”

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