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Dados

Confira alguns resultados da pesquisa, pertencente ao projeto Formando Cidadãos Virtuais, da Universidade Mackenzie:

67% dos estudantes do escolas privadas acessam a internet mais de cinco vezes por semana. Nas escolas públicas esse número é de 53%.

60% do alunos de instituições particulares têm computador no quarto. Nas públicas, a porcentagem é de 53%.

Apenas 1% dos pais dos estudantes consultados acompanha os filhos toda vez que eles usam o computador. Mais de 30% deles nunca faz esse acompanhamento.

Cerca de 92% dos estudantes pesquisados sabem dos riscos da web pela mídia. 43% dos alunos da rede privada e 22% da rede pública sabem pela escola.

73% dos estudantes da rede pública de ensino já sentiram algum tipo de medo durante um acesso á internet. Cerca de 54% dos entrevistados da rede privada tiveram sentimento semelhante.

Você acha que seu filho usa a internet de forma segura? A pesquisadora Solange Palma Barros, do Laboratório de Estudos em Ética em Meios Eletrônicos (Leeme), da universidade paulista Mackenzie, afirma que não. Um estudo coordenado por ela com mais de 2 mil jovens entre 10 e 18 anos de escolas públicas e particulares de São Paulo mostrou que essa faixa de idade está muito suscetível aos riscos da rede, como o vício em internet e a pedofilia.Com base nos preocupantes dados dessse estudo – realizado entre 2008 e 2009 –, o grupo pretende pedir ao Ministério da Educação (Mec) que seja criada uma disciplina curricular obrigatória para tratar de ética no mundo virtual em instituições públicas e privadas. Confira a entrevista com a coordenadora:

Os jovens pesquisados pelo Leeme tinham entre 10 e 18 anos. Na prática, como foi esse estudo?

Na verdade o Leeme é um grupo de pesquisa que estuda os meios eletrônicos e seus impactos positivos e negativos. Dentre o estudos, escolhemos investigar o quanto os jovens estão preparados e se têm responsabilidade para usar a internet. Investigamos seus perigos e seus hábitos. Essa pesquisa começou em 2008 com alunos de escolas particulares da região central de São Paulo. Foram pesquisados 1,2 mil alunos em um ano de estudos. Primeiro uma investigação teórica e depois de campo. No ano seguinte pegamos o mesmo questionário e aplicamos a estudantes de escola públicas. Foram mais de 900 alunos. Em seguida fizemos as comparações dos resulados. As perguntas incluiam questões de hábitos, como onde fica o computador na casa deles. Para a surpresa, tanto alunos de escola pública quanto de particulares têm o computador no quarto e acessam a internet sem supervisão de um adulto.

O que a pesquisa do Leeme constatou? O jovem está preparado para usar a internet?

Pelo que analisamos, acreditamos que não. Pegamos estudantes de 10 a 18 anos. Um aluno de 14 anos, por exemplo, está explorando o mundo, aprendendo sobre novas coisas. A grande maioria tem o computador no quarto. Com isso eles têm liberdade total de acesso, pois os pais nem sempre estão presentes. Com o conteúdo todo que a internet oferece, os perigos são muitos. Desde as coisas mais simples, como virus e spam, até a exposição à pornografia e o vício na internet. É uma lista bem vasta de perigos que inclui ainda exposição da imagem e bullyng. Eles são expostos a todos esses problemas.

Você sugere que ética na internet seja ensinada nas escolas. Por quê?

Uma das perguntas que fizemos para os jovens é se na escola eles falam sobre isso. Nas particulares a resposta foi quase unanime que sim. Nas públicas, a maioria respondeu que não. O único caminho para mudar isso é a inserção de uma disciplina de forma compulsória (obrigatória). Os alunos de escola pública precisam estar preparados, assim como os de esola particular também precisam. Na Inglaterra aulas sobre os perigos da internet já são obrigatórias. A Alemanha também vai introduzir uma disciplina curricular. No Brasil, o ideal seria aulas sobre isso uma vez por semana. Atualmente, o que tem sobre o assunto é disseminado em vários momentos. O melhor é criar a disciplina que concetre essas informações.

Como esse processo será feito?

No grupo de pesquisa temos pessoas da área de Direito. Vamos fazer uma proposta para que isso seja estudado pelos órgãos competentes (principalmente o Ministério da Educação). Além disso, participamos de eventos científicos e temos divulgado academicamente todo esse processo. Já produzimos também um material didático, que são dois livros com dicas para os educadores sobre o assunto. Assim, eles já poderão tomar providências em suas salas de aula. Um dos volumes é para o ensino fundamental, o outro para o ensino médio. Esses livros poderão ser baixados pela internet gratuitamente, a partir de novembro, no site da Mackenzie (mackenzie/leeme.html). Apesar de serem instrumentalizados dentro da escola, nada impede que os pais também o utilizem. Lá eles aprenderão mais sobre os vírus, riscos de pedofilia e diversas outras armadilhas do mundo virtual.

As escolas que já tratam do assunto fazem isso corretamente?

Acho que não. As escolas até falam sobre o bom e mau uso da internet, mas ainda não se fazem de boa fonte de informação. Uma das perguntas do questionário era sobre com quem os jovens ficavam sabendo dos riscos da web. A escola só aparece em terceiro lugar. Em primeiro está a mídia e, em segundo, a família. Os jovens ouvem, mas não pela escola. E isso é papel dela. A escola tem função de formadora.

E os pais. Como podem fazer isso?

O primeiro passo é tirar o computador do quarto do filho. Como é mais difícil mudar rotina de jovem de 16 anos, por exemplo, o segredo é pensar duas vezes antes de dar o computador e evitar ao máximo, nesse momento, que o aparelho vá para o quarto dele. Outro passo é aproximar-se da vida do jovem e conversar de igual para igual. Criar conta de e-mail, participar das redes sociais em que o filho está, da comunidades em que ele participa, ter contato com os amigos dele são atitudes válidas. Hoje em dia os pais devem viver a mesma realidade do filho. Tem que se informar.

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