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Os cursos à distância são um fenômeno relativamente novo na educação brasileira. Apenas em 2005 os diplomas de alunos formados em graduações à distância tornaram-se equivalentes aos de cursos presenciais. De lá para cá, a modalidade passou por um boom. Entre 2004 e 2007, a demanda por graduação e pós-graduação online cresceu mais de 300%. Para impedir que o inchaço do sistema prejudique sua qualidade, o Ministério da Educação (MEC) promete manter uma fiscalização rigorosa no próximo ano.

Atualmente, existem cerca de 750 mil alunos fazendo graduações à distância, em 108 instituições credenciadas pelo MEC (a maioria privadas), sendo que apenas 12 controlam mais de 70% da oferta de cursos. De acordo com o secretário de Educação à Distância do MEC, Carlos Eduardo Bielschowsky, tal estrutura permite uma fiscalização mais detalhada e rigorosa.

- Temos 160 fiscais rodando o Brasil para checar as denúncias. Como poucas universidades controlam a oferta da maioria dos cursos, é possível fazer um trabalho mais fino de inspeção. Chego ao detalhe de pedir as notas dos alunos. Também olhamos o material didático e estudamos cada instituição com atenção - esclarece Bielschowsky.

Expansão dos cursos pode comprometer a qualidade, diz secretário

Bielschowsky disse que a desativação de 1.337 centros de educação à distância em novembro faz parte da estratégia da secretaria para manter a qualidade da modalidade. As quatro instituições mantenedoras dos centros foram as primeiras submetidas a um pente-fino do MEC, por terem um grande número de alunos e serem alvo de denúncias de irregularidades:

- Este governo incentiva o ensino à distância, faz investimentos financeiros para que ele cresça. Mas crescer sem qualidade não nos interessa. Temos universidade privadas que em três anos saíram de zero para 100 mil alunos. Essa expansão acaba comprometendo um pouco a qualidade, por isso precisamos estar no pé.

O secretário lembra que num curso à distância, o interesse e esforço do aluno são ainda mais importantes do que no presencial. O estudante Maurílio Braz Santana Junior, que concluiu em 2006 o curso superior de tecnologia em Gestão Financeira, na UnisulVirtual, não só concorda com Bielschowsky, como vai além:

- Nesse modelo, quem faz o curso é o aluno. As avaliações não são tão exigentes como num curso presencial. Moral da história: quem quer realmente aprender tem toda estrutura a sua disposição e pode tirar muito proveito dela. Porém, não se surpreenda se alguém terminou o curso, mas não tem muito para contar depois, além do diploma.

Maurílio, que hoje faz mestrado em Administração Pública e Desenvolvimento Internacional na conceituada Universidade de Harvard, nos EUA, conta que o curso à distância lhe forneceu um treinamento acadêmico em tópicos, como economia e finanças, que foram muito importantes para a admissão em Harvard.

Empresas não fazem distinção entre cursos online e presenciais

O aproveitamento dos formandos de cursos online pelo mercado de trabalho costuma ser bom, tranquiliza o diretor da consultoria Catho Online, Constantino Cavalheiro. Segundo ele, a preocupação das empresas é com as instituições em que o estudante se formou e não com a modalidade.

- Nao conheço nenhum critério de seleção que dá preferência a um candidato porque ele fez um curso presencial. Não há distinção. O mais importante é a pessoa conseguir aplicar os conhecimentos no trabalho - esclarece o consultor

Na rede pública, a oferta de cursos superiores à distância está centralizada na Universidade Aberta do Brasil, rede que reúne 70 universidades públicas, entre elas Uerj, UFRJ e UFF. Segundo o secretário, o objetivo do sistema é levar ensino superior público de qualidade aos municípios brasileiros que não possuem cursos de formação superior ou nos quais essa oferta não é suficiente para atender a demanda.

- Em fevereiro vamos chegar a 100 mil alunos e é possível que número dobre no próximo ano letivo - acrescenta.

Em 2007, quase um milhão de alunos fizeram cursos à distância

Apenas no ano passado, 972.826 brasileiros fizeram cursos à distância em instituições credenciadas pelo MEC, segundo dados do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e à Distância, publicação da Associação Brasileira de Educação à Distância (Abed). Este número inclui alunos de educação básica, de graduação, pós-graduação, de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e de cursos técnicos.

Entre 2004 e 2007, o crescimento do número de estudantes nesses cursos foi de 213%. Considerando apenas os alunos de graduação e pós-graduação, o aumento de estudantes neste mesmo período foi ainda maior: de 356%.

De acordo com o anuário, a região que puxou o crescimento ano passado foi a Sudeste. Nela, a ampliação do número de alunos de cursos em 2007 foi de 51%, em relação a 2006.

FGV Online oferece MBAs e cursos livres

Entre as privadas, outra instituição que oferece ensino à distância é a Fundação Getulio Vargas (FGV). Criada em 1999, a FGV Online disponibiliza hoje cursos abertos e customizados. Entre os abertos, há a opção de extensão, a graduação tecnológica em Processos Gerenciais e 11 MBAs. Destes últimos, os mais procurados, segundo conta o professor Stavros Xanthopoylos, diretor da FGV Online, são os MBAs em Finanças, Gestão Empresarial e Marketing.

Xanthopoylos explica que o público-alvo da graduação em Processos Gerenciais são estudantes que ou não tiveram a oportunidade de fazer uma graduação ou iniciaram várias delas, mas não conseguiram concluir nenhuma por motivos de mobilidade profissional:

- O perfil do aluno desse curso é o de um profissional já estabelecido, casado e com filhos. E que ainda não tem graduação - resume.

De acordo com o secretário de Educação à Distância do MEC, Carlos Eduardo Bielschowsky, ainda não existem programas de pós-graduação do tipo stricto sensu (mestrados e doutorados) à distância, mas esta é uma das metas da secretaria para 2009.

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