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A imagem mostra um quadro-negro com letras: a nova avaliação internacional deverá ser uma das ferramentas adotadas pelo governo para mostrar que o método fônico é mais eficaz para a alfabetização e ensino da leitura se comparado a abordagens construtivistas.
O PIRLS deverá ser uma das ferramentas adotadas pelo governo para mostrar que o método fônico é mais eficaz para a alfabetização e ensino da leitura se comparado a abordagens construtivistas. Foto: Albari Rosa | Gazeta do Povo.| Foto:

O Ministério da Educação (MEC) anunciou nesta quinta-feira (27) que o Brasil fará parte, a partir de 2020, de mais uma avaliação internacional: o PIRLS, sigla para Progress in International Reading Literacy Study. O exame, do qual participam mais de 50 países, mede a capacidade de leitura e compreensão de textos em crianças de 10 anos, a cada cinco anos.

Nas últimas edições do PIRLS, os alunos de 10 anos considerados como melhores “leitores” tinham um mesmo perfil: início precoce na alfabetização, com ambiente doméstico de estímulo à leitura. Também estavam entre os melhores leitores crianças que obtiveram melhores notas nos testes de triagem fônica, ou seja, que conseguem decodificar os fonemas de forma apropriada.

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O PIRLS deverá ser uma das ferramentas adotadas pelo governo para mostrar que o método fônico é mais eficaz para a alfabetização e ensino da leitura se comparado a abordagens construtivistas.

O PIRLS existe desde 2001 e, ao lado do Pisa (Programme for International Student Assessment) e do TIMSS (Trends in Internacional Mathematics and Science Study), é considerado um dos mais importantes medidores da qualidade da educação entre os países.

Até agora, o Brasil participa apenas do Pisa. Em sua última edição, no Pisa de 2015, os estudantes brasileiros ficaram entre os piores do mundo – nas disciplinas de matemática, leitura e ciências – entre 72 nações ou economias. O Pisa avalia estudantes de 15 anos, a cada três anos.

O objetivo de avaliar os alunos em exames como o Pisa ou o PIRLS é, além de comparar quais sistemas de ensino têm sido mais eficazes, compartilhar boas práticas entre os países. As avaliações também ajudam a decidir onde alocar recursos, de acordo com a maior necessidade dos alunos.

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Críticas a exames internacionais

A eficácia das avaliações internacionais têm suscitado discussões em todo o mundo. Alguns acreditam que esses exames podem levar a conclusões simplistas sobre os sistemas de educação, por vários fatores: diferentes currículos, variados perfis econômicos, a tradução das questões que nem sempre levam em conta questões culturais locais, etc.

Os grandes críticos das avaliações internacionais são os sindicatos de professores de diversos países que temem que a culpa de desempenhos ruins seja colocada sobre os educadores. Na América Latina, a Rede Sepa (Rede Social para a Educação Pública nas Américas) publicou um manifesto contra testes padronizados.

Em relação ao Pisa, há descontentes com as avaliações internacionais também entre os críticos ao construtivismo. Algumas das questões adotadas em matemática, por exemplo, valorizam a chamada “Matemática Realística” (Real Mathematics Education), menos abstrata, que valoriza a resolução de problemas concretos da sociedade. Nesse sentido, o PIRLS é considerado uma avaliação tradicional, focada mais em técnicas de ensino do que em abordagens gerais de como as crianças devem aprender.

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