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Que a educação é feita de desafios, ninguém duvida. Um deles é bem evidente e clama por uma solução: o que fazer para tornar o ensino médio atraente para o adolescente de baixo poder econômico? Abro parênteses aqui: excluo desse questionamento os jovens de famílias mais abastadas porque estes têm mais opções e podem sonhar com o ensino superior, o que dá a eles uma meta, uma convicção de que o ensino médio é, no mínimo, um período de passagem para se chegar à faculdade (ainda que seja um visão reducionista).

Para quem não acredita nas chances de ingressar no ensino superior, o ensino médio precisa se vender por si só. Tem que fazer sentido na vida daqueles adolescentes. E adolescente quer praticidade. É a turma que pergunta aos professores diante de cada conteúdo novo: "para que serve isso?"

Para que serve Química, Literatura, Inglês, se a preocupação deles é arranjar logo um trabalho, por mais mal remunerado que seja? Para que serve tanto estudo se eles acham que a vida de estudante vai acabar logo?

O ensino técnico, que seria a resposta natural para esta situação, ainda é limitado e sofre uma consequência de seu sucesso: devido à sua excelência, escolas técnicas são disputadas e acabam atraindo estudantes que estão em busca de uma boa instituição, mas que não estão interessados no ensino profissionalizante.

O ensino médio é, atualmente, a grande fenda da educação brasileira, por onde "vazam" e se perdem estudantes. Pior, perde-se a perspectiva de um futuro promissor para esses jovens e para o Brasil.

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Marleth Silva é editora-executiva da Gazeta do Povo e membro do Conselho de Educação RPC.

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