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Ao pagar meu último boleto de mensalidade da faculdade, fiz uma careta quando percebi que milhares de dólares desapareceram da minha conta. Assim como muitos estudantes, falo para mim mesmo que a educação se pagará com o passar do tempo – mas, na verdade, talvez eu não esteja recebendo por aquilo que paguei. 

Em seu livro “Academically Adrift” (“Academicamente à deriva”, em tradução livre), o sociólogo Richard Arum, da Universidade de Nova York, relata que 45% dos estudantes de graduação, após os dois primeiros anos na universidade, mostram pouco avanço na capacidade de pensar criticamente, raciocinar e escrever – ou seja, metade dos estudantes aprendem quase nada em três áreas essenciais. Enquanto estudante, acredito que sei os motivos de nosso sistema de ensino superior estar fracassando. 

É difícil ver como podemos aprender algo em um ambiente educacional desequilibrado. Pensamento crítico é uma habilidade desenvolvida através de debate rigoroso, mas na maioria das universidades o diálogo é unilateral. Professores de tendência esquerdista agora superam seus colegas de direita em pelo menos cinco para um, enquanto departamentos de artes liberais estão entre os mais ideologicamente desequilibrados. 

Segundo a escritora Liz Wolfe, da Reason, 39% das principais faculdades de artes liberais empregam zero professores republicanos. Como estudantes podem desenvolver raciocínio ou escrita quando ouvem apenas um lado da história? 

Alguns desses professores de esquerda também adotam uma atitude liberal em relação ao rigor da sala de aula, se os julgarmos pela carga de trabalho exigida em seus cursos. Em uma pesquisa recente, 50% dos alunos relataram que não fizeram cursos que exigiam 20 ou mais páginas de redação e, embora isso possa incluir alguns alunos voltados para a ciência ou para a matemática, fica claro que muitos não estão recebendo a rigorosa educação em artes liberais para a qual se inscreveram. 

Um em cada três alunos passa por um semestre sem ter uma disciplina que exija 40 páginas de leitura por semana. É óbvio que os jovens não estão desenvolvendo essas habilidades: educadores não os obrigam a praticá-las. 

Mas estudantes não podem colocar toda a culpa pelo fracasso da educação nos outros. Uma grande parte do problema está em nossos próprios ombros, porque a atitude da minha geração em relação à nossa própria educação é absolutamente contraditória. 

Estudantes estão pagando milhares de dólares para ter aulas, mas nem sempre estão aparecendo. O USA Today relata que eles perdem uma média de 240 aulas ao longo de seus quatro anos na faculdade. E 25% dos alunos têm registros de frequência tão ruins que perdem o equivalente a um ano de sua educação. 

Essa estatística não é surpresa. Depois da primeira semana do semestre, muitas das minhas aulas ficam meio vazias. Às vezes, até vejo alunos pela primeira vez em um exame final. Estudos mostram que a frequência às aulas é um dos melhores indicadores de qualidade da faculdade – portanto, se os estudantes estão com dificuldades para aprender, talvez devessem tentar aparecer. 

Mas mesmo quando estão em sala de aula, nem sempre estão presentes. Entre na típica sala de aula da faculdade e verá um ambiente cheio de jovens clicando em seus laptops. Na parte de trás, você notará que metade deles está navegando no Facebook ou checando o Twitter, enquanto outros estão apenas usando a tela do laptop para esconder o celular. 

A tecnologia é uma ótima ferramenta, mas a morte da caneta e do papel pode significar a destruição da sala de aula. Um levantamento da empresa de pesquisa Survata constatou que jovens, às vezes, usam seus celulares para trabalhos relacionados à escola, mas 54% deles trocam mensagens com amigos e 52% navegam nas redes sociais durante as aulas. A internet é uma bênção – mas quando se trata de aprendizagem em sala, é uma maldição. 

Muita aprendizagem acontece fora da sala de aula, mas muitos alunos estão abdicando do seu papel na autoeducação. De acordo com a Forbes, 45% dos estudantes “não gostam de ler livros e artigos sérios, e [eles] só o fazem quando precisam.” 

40% dos estudantes disseram que “os livros nunca me deixaram muito empolgado (...)”. 

Uma geração que não vê utilidade para a biblioteca não pode reclamar quando deixa a escola sem as habilidades de leitura e escrita que precisará para ingressar no mercado de trabalho. 

A faculdade deve ser um período de exploração e diversão, mas alguns estudantes estão indo longe demais e, como consequência, sua educação está sofrendo. De acordo com estudo do Instituto Nacional sobre Abuso de Álcool, 60% dos estudantes bebem álcool regularmente, e dois em cada três deles bebem demais. 

Algum grau de bebida no campus é inevitável, mas no momento temos uma situação tão extrema que um em cada quatro alunos sofre consequências acadêmicas, afinal o consumo de álcool leva a prazos perdidos, reprovações em exames e ausência em aulas. Se quisermos começar a ter melhores resultados na educação, talvez seja necessário repensar esses hábitos. 

Nosso sistema de ensino superior está em desordem e está falhando com todos os envolvidos. Algumas reformas sérias são necessárias. É hora de considerar soluções baseadas em políticas, como leis que protegem a liberdade de expressão e o debate aberto no campus, garantias de liberdade acadêmica para professores conservadores (e liberais), maior rigor na sala de aula e reforma dos empréstimos estudantis. 

Mas algumas das mudanças necessárias devem vir dos próprios estudantes: precisamos levar nossa educação mais a sério – especialmente em termos de assiduidade e ética de trabalho. 

A situação não pode continuar do jeito que está. Muitos alunos estão se enterrando em dívidas para frequentar faculdades caras, mas não estão conseguindo desenvolver habilidades básicas: não podemos esperar que eles sobrevivam à vida após a formatura se estiverem deixando a faculdade pior do que quando chegaram. 

*Brad Polumbo é Young Voices Advocate, estudante da Universidade de Massachusetts Amherst, colaborador do Lone Conservative e jornalista de opinião freelancer.

©2018 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.  

Tradução: Andressa Muniz.

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