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Jean Foucambert durante lançamento de seu livro pela Editora UFPR | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Jean Foucambert durante lançamento de seu livro pela Editora UFPR| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

A UFPR promove até esta quarta (24), o curso de extensão universitária "Ação Integrada pelo Letramento". Na ocasião serão ministradas palestras por professores franceses e brasileiros. O curso tem como objetivo discutir a leitura como prática social desvinculada da oralidade.

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Uma metodologia revolucionária no ensino da leitura para crianças. É o que propõe o professor francês e fundador da Associação Francesa pela Leitura (AFL), Jean Foucambert. O professor defende que crianças tenham contato desde muito cedo com grandes textos escritos. "O aprendizado lingüístico começa pela complexidade da mensagem", defende ele, indo contra todo o método de ensino atual baseado no ensino de fonemas. O professor está em Curitiba participando da "Ação Integrada pelo Letramento", evento promovido pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) juntamente com a AFL, a Universidade de Lyon 2 e a Unicamp. A Secretaria Estadual de Educação também participa discutindo formas viáveis de incluir a metodologia nas diretrizes escolares.

Nesta terça-feira (23), durante o lançamento de seu livro "Modos de se Tornar Leitor", Foucambert explicou sobre os estudos que realiza na França e sobre a cooperação com as universidades brasileiras. Existe uma resistência por parte dos professores, pais e responsáveis pelas políticas de educação quanto às novas formas de ensino. "A medicina faz progressos em pesquisas e a educação também. Não há censura que sejam criados novos medicamentos, as pessoas aceitam bem, ao passo que na educação se diz que os novos métodos são perigosos, não vão dar resultado, é melhor não mexer nisso", diz.

Foucambert defende que o aprendizado da leitura deve ser entendido como uma prática social, tão natural como o aprendizado da fala. A forma como se fala com um recém-nascido já é carregada de uma mensagem muito complexa e as formas atuais de alfabetização abordam temas que nunca serão usados de verdade. "A criança compreende que a mãe o ama, muito antes de ser capaz de isolar ou reconhecer a palavra ama", explica o professor.

Ao contrário do que parece, o método não despreza a oralidade e privilegia a escrita. São na verdade duas formas de linguagem diferentes, assim como a linguagem matemática, corporal, gestual e fotográfica. "Precisamos contemplar o maior número possível delas para compreender a realidade. Tentamos restabelecer a harmonia entre as linguagens", diz.

A parceria com a AFL começou em 1997, quando Foucambert veio ao Brasil como palestrante de um congresso na Unicamp. A idéia não é instituir uma via de mão única de conhecimento vindo de fora do Brasil. "Eu parto para França com um número equivalente de informações novas quanto as que eu trouxe", disse o professor.

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