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Professor nos EUA defende que a liberdade acadêmica é uma agenda “reacionária”
| Foto: Reprodução / Pixabay

A liberdade de expressão e para a pesquisa tem sido alvo de críticas. Um estudo da Heterodoxy Academy revela que muitos estudantes (especialmente os conservadores) hesitam em dar a própria opinião em sala de aula. Os professores de escolas que variam de Portland State a Sarah Lawrence e Northwestern University foram castigados pelos mandarins do campus pelo pecado de desafiar o pensamento reinante do grupo sobre questões como o legado do colonialismo, o papel das associações sociais nos campi e o Título IX, a lei antidiscriminação dos EUA. À luz disso, pode-se esperar que os acadêmicos reforcem a liberdade acadêmica em nome da autopreservação.

Mesmo quando o corpo docente foi investigado e intimidado por questionar a ortodoxia do campus, no entanto, a academia permaneceu em silêncio. E, no entanto, os apologistas do campus se sentiram obrigados a insistir que as preocupações com as tentativas de invadir a liberdade acadêmica são exageradas ou superestimadas. Apesar de toda a hipocrisia e ofuscação, isso sugeriu, ao final, que o professorado ao menos achava que deveria defender a liberdade de expressão e pesquisa.

É isso que torna uma reviravolta recente tão perturbadora. Agora, alguns na academia argumentam cada vez mais que toda a noção de liberdade para pesquisa e investigação é um defeito reacionário e não um princípio fundamental. De fato, em um novo livro publicado pela Oxford University Press, o professor da Universidade de Nova York, Ulrich Baer, ​​deu um sinal de alerta (desanimador) ao articular essa nova posição ameaçadora.

Baer, ​​da NYU, professor de literatura comparada, alemã e inglesa, e autor de What Snowflakes Get Right, disse ao Inside Higher Education na semana passada que “o desejo de bloquear a fala, que nada mais é do que um lembrete de que o objetivo da universidade é examinar ideias e regular a fala para que o ensino e a aprendizagem possam prosseguir, está relacionado à percepção de uma nova geração de que a liberdade de expressão se tornou uma arma para os conservadores minarem a igualdade e a própria universidade.” Ele explicou que a liberdade de expressão “não é uma permissão geral para dizer algo sem consequência (...) nem idêntico à liberdade acadêmica”.

Perceberam? Esqueça toda essa conversa de liberdade de expressão e pesquisa sem limites. O objetivo da universidade é “examinar ideias e regular a fala” – com atenção ao argumento de que a “liberdade de expressão” em si é uma “arma” política que ameaça a “igualdade e a própria universidade”. Dessa forma, Baer oferece um argumento tortuoso para aqueles que querem agir, sem delicadezas, para sufocar perspectivas conservadoras e os princípios fundamentais de liberdade que sempre nortearam as pesquisas nos EUA.

Baer argumenta que “as universidades ficam confusas sobre sua missão nos debates sobre liberdade de expressão e quando insistem que (...) permitir a pesquisa aberta e não regulamentada é o seu objetivo”. Na verdade, segundo, Baer, as universidades devem tolerar a livre pesquisa apenas como um meio para “avançar o conhecimento em buscar da verdade”, e os mandarins do campus devem servir como censores que determinam quais ideias e discursos fazem isso – e quais não.

Esta é a próxima estratégia dos guerreiros culturais no campus para marginalizar e silenciar aqueles que têm visões ou valores que eles questionam.

Baer é explícito a esse respeito, explicando que “a liberdade de expressão só tem significado na universidade quando combinada com o princípio legal de igualdade para todos os participantes qualificados”. Ele continua: “Quando um palestrante propõe que algumas pessoas são naturalmente inferiores, esse discurso entra em conflito direto com o dever da universidade de fornecer acesso igual às suas instalações e recursos”.

Agora, estou coçando a cabeça tentando encontrar palestrantes no campus em 2019 que defenderam “que algumas pessoas são naturalmente inferiores”. Mas o plano real atrás desse discurso que parece bem-intencionado, é claro, é que Baer e seus companheiros querem definir quais ideias e pensamentos que eles não gostam se enquadram nessa lei (e devem ser censurados) – e confiam que seus aliados fracos e de esquerda verão as coisas do mesmo jeito. A história recente sugere que eles estão em vantagem nesse ponto.

Baer explica que essa profunda redefinição da universidade reflete o sentimento da “nova geração” de que “a liberdade de expressão pode servir como um conceito vazio para avançar uma agenda reacionária”.

Essa desculpa cínica resume de forma clara como Baer e os bandidos iliberais vêem os ideais da livre pesquisa e da liberdade acadêmica.

Há um século, em 1915, a Associação Americana de Professores Universitários (AAUP), então liderada por John Dewey, estabeleceu seus princípios fundamentias, proclamando que: “A universidade não pode desempenhar sua [função principal] sem aceitar e aplicar em toda a extensão o princípio da liberdade acadêmica”.

Em 1940, a AAUP e a Association of American Colleges declararam: “Instituições de ensino superior são conduzidas para o bem comum (...) [E o] bem comum depende da livre busca da verdade e de sua livre exposição”.

A pergunta agora para as universidades e acadêmicos é se esses valores ainda prevalecem. Um professor de esquerda aceitará a nova doutrina conveniente de Baer e o futuro assustador que anuncia, ou escolherá dizer “basta” e reafirmará sua fé em princípios duradouros?

* Frederick M. Hess é o diretor de estudos sobre políticas educacionais do "American Enterprise Institute".

© 2019 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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