Em uma aula remota realizada na semana passada, uma professora de Redação de um colégio particular de Rio do Sul, em Santa Catarina, afirmou que Jair Bolsonaro teria "armado" para matar Marielle Franco, fazendo referência a uma suposta participação do atual presidente da República no assassinato da vereadora carioca e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018 – hipótese já descartada pela Polícia Civil.
A docente abordava o tema “violência política” quando um aluno questionou se o episódio em que Bolsonaro levou uma facada, em 2018, quando era candidato à presidência da República, configurava violência política.
Na ocasião, a professora respondeu: “A violência política é praticada por políticos. Bolsonaro levou uma facada? Levou. Foi uma violência? Foi. Mas não foi praticada por políticos, foi um popular que fez, foi um civil que fez isso. Agora, o que o Bolsonaro armou para matar Marielle Franco, ele, sendo um político, matando uma outra política, isso sim é uma violência política. Entendeu o esquema?”.
Após pressão por parte de familiares dos alunos, a direção do colégio publicou uma nota em que informou que foram adotados procedimentos internos “que visam apurar a conduta da docente e eventuais medidas necessárias” e que a instituição “mantém rígido código de conduta no que concerne a manifestações dos docentes, principalmente no que toca a posicionamentos políticos pessoais”. No documento, a direção afirma que “a liberdade de cátedra em momento algum pode ser confundida com posicionamentos pessoais”.
O colégio também defendeu o trabalho da docente e afirmou que o episódio não pode prejudicar o trabalho que vem sendo desenvolvido por ela. “Porém, da mesma forma não concordamos com a generalização e extremismo com a qual classificaram nossa professora. Houve um erro e este erro será corrigido”, cita o documento.
A reportagem entrou em contato com a escola, mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.
Professora publica carta de retratação
A professora divulgou uma carta de retratação e afirmou que sua declaração foi retirada de contexto. “Claramente o trecho, retirado de contexto, faz grave acusação e imputa crime, sem comprovação, do caso Marielle ao Bolsonaro. Não foi a intenção. Houve ausência de contexto, haja vista que era uma hipótese que configuraria violência política, caso ocorresse, o que está descartado pelas investigações oficiais”, afirmou a docente.
Em outro trecho da carta, ela reforçou que o ambiente educacional não pode e não deve ser nada além da transmissão do conhecimento de forma "escorreita e imparcial".
“Peço desculpas pela errada colocação verbal, por não ter deixado de forma clara que era uma hipótese, ainda assim pouco provável, e por trazer para dentro da cátedra a polêmica ideológica que assola a civilidade, a democracia e o bom senso. (...) Haja vista a frase infeliz, polêmica e com graves acusações, peço desculpas aos ofendidos”, ressaltou.
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