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Participantes do evento dos “Docentes pela Liberdade”, na UnB. Da esquerda para a direita: Cláudio Júnior Damin, Luís Fabiano Farias Borges, José Roberto Leite, Romaly de Carvalho, Marcelo Hermes-Lima, Aline Loretto e Isaias Lobâo. Foto: Arquivo pessoal.
Participantes do evento dos “Docentes pela Liberdade”, na UnB. Da esquerda para a direita: Cláudio Júnior Damin, Luís Fabiano Farias Borges, José Roberto Leite, Romaly de Carvalho, Marcelo Hermes-Lima, Aline Loretto e Isaias Lobâo. Foto: Arquivo pessoal.| Foto:

Dezenas de professores liberais e conservadores se reuniram nesta quinta-feira, 4, na Universidade Federal de Brasília (UnB), e em outras nove cidades, para se erguerem contra o “patrulhamento ideológico nas instituições de ensino”.

Este foi o primeiro ato público realizado pelo grupo “Docentes pela Liberdade” (DPL). O movimento, criado a partir de conversas em comunidades de WhatsApp, reúne professores que contam histórias de perseguição, ameaça e difamação por colegas identificados com o pensamento de esquerda.

“É uma rede de proteção. É isso que nós somos”, definiu o biólogo Marcelo Hermes-Lima, professor da Universidade de Brasília (UnB) e idealizador do DPL.

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O grupo, lançado em maio deste ano, conta com mais de 300 membros e já atinge praticamente todos os estados do Brasil. “Apenas Roraima e Amapá não contam com participantes”, afirmou.

Em Brasília, cidade onde o movimento começou, já são mais de 100 integrantes. Boa parte deles estiveram na UnB, nesta quinta.

“No grupo tem conservador, liberal, libertário, não é gente que concorda 100% em tudo, mas são pessoas que prezam pela liberdade da discordância, inclusive”, observou a docente de relações internacionais da Universidade de Brasília, Tânia Manzur.

Ex-professora do atual assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Filipe Martins, Manzur conta que foi repreendida por outros professores quando convidou o ex-aluno para um debate acadêmico.

“Eu tive colegas que vieram até mim e disseram que ele (Filipe Martins) não poderia entrar na universidade, que ninguém poderia concordar com o pensamento dele”, reclamou a docente.

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Graduado em história pela UnB, o professor Isaias Lobão, do Instituto Federal do Tocantins, afirma que seus projetos acadêmicos são barrados na universidade, por mera perseguição ideológica.

“Quando eu fiz minha graduação eu já me posicionava. Então, os professores sempre pegaram no meu pé. Agora, quando eu tento uma vaga de mestrado, eles não me deixam entrar”, queixou-se.

Isaias, porém, comemora a criação do DPL. “Um monte de gente que estava sofrendo a mesma coisa calado, agora está se unindo”.

Debates

Aberto para estudantes e pessoas interessadas, os encontros do grupo “Docentes pela Liberdade” contaram com debates e mesas redondas sobre a produção acadêmica brasileira, feminismo, a eficiência administrativa das instituições de ensino e a liberdade de cátedra.

Em Brasília, um dos palestrantes foi o escritor Bruno Garschagen, autor do livro "Pare de Acreditar no Governo - Por Que os Brasileiros não Confiam nos Políticos e Amam o Estado". Durante sua exposição, Garschagen apresentou “uma perspectiva conservadora sobre a liberdade”.

“Iniciativas como o DPL são positivas para oxigenar o debate interno em vários departamentos das universidades e fazer uma coisa que tinha de ser a razão de ser da universidade que é ter uma pluralidade no debate, um pluralismo de ideias para que os alunos e professores tenham acesso a várias correntes de pensamento”, disse o escritor, em conversa com a reportagem após a realização da palestra.

O evento ainda contou com exposições do historiador Virgílio Arraes, da jurista Dênia Magalhães, do biólogo José Roberto Leite, e do economista José Carneiro, entre outros.

Pelo Brasil

Em Cuiabá (MT), o evento do DPL contou com a presença da senadora Juíza Selma Arruda (PSL-MT). Na capital pernambucana, Recife, os participantes lançaram um manifesto com 6 pontos que consideram inegociáveis (leia abaixo).

Os eventos do DPL também ocorreram em Aracaju (SE), Belém (PA), Campinas (SP), Maceió (AL), Montes Claros (MG), Porto Alegre (RS) e Teresina (Piauí). Encontros informais foram realizados em cidades como Natal (RN), Palmas (TO) e Vitória (ES). Na quarta-feira, dia 3, um primeiro encontro foi realizado em Londrina (PR), na sede da Associação Comercial e Industrial da cidade (Acil).

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