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Em uma das questões, a resposta certa para a pergunta “a saída de Dilma Rousseff da presidência da república se deu por meio de” era “golpe institucional”. Na verdade, foi um impeachment, previsto na Constituição.
Em uma das questões, a resposta certa para a pergunta “a saída de Dilma Rousseff da presidência da república se deu por meio de” era “golpe institucional”. Na verdade, foi um impeachment, previsto na Constituição.| Foto: Reprodução da prova

A deputada Janaina Paschoal (PSL-SP) denunciou (veja vídeo), na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o uso de critérios ideológicos para aprovar candidatos em prova de seleção online da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). O exame foi cancelado neste sábado (2), segundo informação da instituição em seu site.

Para passar na etapa eliminatória da seleção para o Curso de Especialização em Saúde Pública, os inscritos tinham de responder a 60 questões de múltipla escolha de “conhecimentos gerais”. Para acertar todas as perguntas, no entanto, era necessário pensar segundo a ideologia de partidos políticos de esquerda.

A resposta certa para a pergunta “a saída de Dilma Rousseff da presidência da república se deu por meio de” seria “golpe institucional”. Em outra questão, era preciso concordar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era considerado, mundialmente, como “preso político”. Outra perguntava ainda sobre a emenda constitucional 95 (que instituiu o teto de gastos públicos), como uma das “medidas recentes dos governos após o Golpe de 2016”.

Outras questões tinham como resposta correta os ex-presidenciáveis de esquerda, (Guilherme Boulos, Ciro Gomes e Fernando Haddad), citavam Marielle Franco, Luiz Carlos Prestes, o ex-ditador venezuelano (tratado como presidente na prova) Hugo Chávez, Leon Trotsky, Vladimir Lenin e outros “heróis” da esquerda.

Para receber ponto em pergunta sobre o “neofascismo”, o candidato teria de assinalar que era um “fenômeno contemporâneo de ultradireita”. Já a “ideologia de gênero” – conjunto de teorias que tentam separar o que se chama de “identidade de gênero” do sexo biológico dos indivíduos – seria a resposta certa para a pergunta sobre um tema que vinha “sendo pautado pela perspectiva da visão conservadora no Brasil contemporâneo”.

Na Alesp, a deputada disse não estar discutindo as visões históricas que pautaram os organizadores do exame, mas o fato de o candidato ter de manifestar um viés ideológico específico para ser aprovado em um exame em uma universidade pública, ainda mais em uma área de saúde.

“Eu não estou aqui discutindo se 1964 foi golpe ou revolução, se 2016 foi golpe ou se foi um processo constitucional. Cada um tem a sua visão histórica, não é isso que estou discutindo. O que eu estou afirmando com todas as letras é que esse certame é nulo e os responsáveis, juridicamente, podem responder por improbidade administrativa. Porque o que deve nortear a administração pública é a impessoalidade”, disse Janaina Paschoal, na Alesp, no último dia 30.

“Estamos falando de um processo seletivo para saúde pública em que nenhuma das perguntas diz respeito à saúde pública. Todas as perguntas trazem como alternativa, aguardada como correta, uma linha ideológica. Eu não estou sequer criticando essa linha ideológica, eu só estou dizendo que numa universidade pública não se pode impor, e pior, cobrar como critério de aprovação nenhuma linha ideológica”.

Veja o vídeo da manifestação da deputada paulista:

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