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Qual o segredo do estado com o melhor ensino médio do Brasil
| Foto: Divulgação - Secretaria de Educação do Espírito Santo

O ensino médio do Espírito Santo é o melhor do Brasil, segundo o mais recente Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado em 2017. Quando se considera apenas as escolas públicas, o estado fica na segunda colocação entre todas as 27 unidades da federação, atrás apenas de Goiás – aliás, essa disputa se repete nas capitais: Vitória tem o segundo melhor ensino médio público, atrás apenas de Goiânia (veja no quadro).

Poucos anos atrás, o cenário era bem diferente. Em 2011, por exemplo, o ensino médio do Espírito Santo estava apenas na 14ª colocação no ranking estadual. A taxa de abandono despencou de 8.761 alunos, em 2014, para 3.266, em 2017. E a reprovação caiu de mais de 20 mil alunos por ano, em 2014, para cerca de 13 mil, três anos depois. O que mudou?

Continuidade

“Essa arrancada começou em 2011”, responde o atual secretário da Educação, Vitor Amorim de Angelo, que assumiu a pasta no início deste ano. Professor da Universidade Vila Velha, graduado em História com mestrado e doutorado em Ciências Sociais, o secretário confirma que sua missão consistiu, em primeiro lugar, em garantir que o bom trabalho fosse mantido. “É fundamental que haja continuidade de políticas públicas. Aqui há uma continuidade, em que pese as diferenças políticas desse ou daquele gestor”, afirma. O atual governador, Renato Casagrande (PSB), sucedeu a Paulo Hartung (PMDB), que por sua vez foi antecedido pelo próprio Casagrande, que havia governado o estado entre 2011 e 2015.

Foi há oito anos, diz de Angelo, que começou um grande esforço de investimento para melhorar a cobertura e a qualificação do ensino, tanto fundamental quanto médio. “Esse bom resultado é, a meu ver, produto de uma política continuada, que, iniciada no início dessa década, produziu resultados significativos”.

Além do investimento em infraestrutura, o estado desenvolveu uma iniciativa para capacitar os gestores das escolas. Esse esforço foi consolidado, em 2014, com o Circuito de Gestão, uma iniciativa que visa avaliar todos os processos, com o objetivo de corrigir as estratégias sempre que necessário, levando em conta as diferentes realidades locais.

Sem comodismo

O Ideb é calculado a partir da taxa de rendimento escolar (em outras palavras, o percentual de aprovação, obtido a partir do Censo Escolar) e as médias de desempenho nos exames aplicados pelo Inep, em especial a Prova Brasil e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado a cada dois anos. “Nos anos em que não tem Saeb, fazemos nossa própria avaliação. Em 2018, identificamos uma queda na aprendizagem e uma estagnação do fluxo e atuamos para corrigir o problema”, afirma o secretário.

“Em 2019, ampliamos o reforço escolar com os alunos, aprofundamos o sistema de monitoramento de gestão, realizamos visitas às escolas de ensino médio, escolhemos escolas prioritárias para receber mais visitas, em especial duas superintendências que eram as maiores, em número de matrículas, e as piores em desempenho”, disse. O objetivo, diz o secretário, é melhorar a qualidade do ensino e evitar que a conquista de 2017 seja motivo de acomodação.

“Não ficamos comemorando o Ideb 2017. Já estamos em 2019, e estamos buscando melhorias”, afirma. O estado deverá receber também escolas federais militares pelo menos em cinco municípios: Vitória, Aracruz, Linhares, Montanha e Viana.

Muito a fazer

O Ministério da Educação (MEC) estabelece metas, regionais e nacionais, que não vêm sendo cumpridas. O Brasil, como um todo, deveria ter alcançado, em 2017, a nota média no Ideb de 4,7. Ficou em apenas 3,8. A meta é chegar à nota média 6 em 2022.

Nenhum estado alcançou seu objetivo. A nota do ensino médio no Espírito Santo ficou em 4,1, quando a meta era alcançar 4,4. “Estamos melhorando, num cenário em que o país está longe da meta, mas temos muito a melhorar”, afirma o secretário da Educação. Para ele, um dos maiores desafios do Espírito Santo é reduzir a desigualdade dentro do estado. “As melhores escolas ainda estão muito acima das piores, e um gestor de política pública não pode admitir que um aluno dependa da sorte de estudar nas melhores para receber uma educação de qualidade”, afirma de Angelo.

“O Ideb aponta duas variáveis importantes, fluxo e aprendizagem”, afirma. “Mas, por exemplo, não fala nada sobre desigualdade. Somos um dos estados mais desiguais no ensino de matemática e queremos mudar essa situação”.

Bem posicionada

Vitória se destaca no ranking do Ideb do ensino médio público das capitais*

  • Goiânia (GO) - 4,4
  • Vitória (ES) - 4,2
  • Fortaleza (CE) - 4
  • Curitiba (PR) - 3,9
  • Recife (PE) - 3,9
  • Porto Velho (RO) - 3,8
  • São Luís (MA) - 3,8
  • Aracaju (SE) - 3,7
  • Campo Grande (MS) - 3,7
  • Maceió (AL) - 3,6
  • Rio Branco (AC) - 3,6
  • Palmas (TO) - 3,6
  • São Paulo (SP) - 3,6
  • Florianópolis (SC) - 3,5
  • Boa Vista (RR) - 3,4
  • Belo Horizonte (MG) - 3,3
  • João Pessoa (PB) - 3,3
  • Manaus (AM) - 3,3
  • Rio de Janeiro (RJ) - 3,3
  • Teresina (PI) - 3,3
  • Macapá (AP) - 3,1
  • Cuiabá (MT) - 3
  • Belém (PA) - 2,9
  • Salvador (BA) - 2,6

* Natal (RN) e Porto Alegre (RS) não receberam nota na última edição do Ideb porque o número de participantes no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) foi insuficiente para que os resultados fossem divulgados.

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