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Imagem ilustrativa| Foto: Unsplash.

Quem manda em sala de aula é o professor. Isso não significa ser autoritário, invasivo, racista ou preconceituoso. Significa seguir sua vocação: a de ensinar, tomar o aluno pela mão e abrir diante dos seus olhos panoramas insuspeitados, fascinar os alunos com a riqueza cultural acumulada por milhares de anos para que ele não tenha de “reinventar a roda” e possa produzir ciência.

É verdade: em muitos lugares não há infraestrutura básica, os salários são baixos e faltam recursos e material didático. Muitos professores também intuem que a faculdade fez pouco por eles. Mas se aqueles que tiverem vocação para ensinar se negarem ao papel de “coach” a que muitos os querem reduzir, estiverem dispostos a travar as batalhas para “se reempoderar” e, com isso, ajudar os alunos a irem longe no conhecimento é possível empreender um movimento eficaz de melhoria na educação – e de realização pessoal dos próprios profissionais, como apontam inúmeras pesquisas.

Neste dia 15 de outubro, os seis textos abaixo podem iluminar o caminho do “empoderamento” do professor em sala de aula. Não são politicamente corretos, nem fáceis de aceitar. Todos estão fundamentados em ciência em sala de aula. São controversos porque contestam o status quo da educação no Brasil.

1. Estudo reforça evidência de que a instrução direta é mais eficaz que o construtivismo

Alunos aprendem quando o ensino é sistemático, explícito, em que o estudante não orienta o andamento das aulas, mas segue o professor, que é quem comanda o processo de aprendizagem. Isso é o que aponta uma pesquisa publicada na mais conceituada revista acadêmica de Educação do mundo, a Review of Educational Research, primeira no ranking de impacto do Scimago Journal Ranking, indicador internacional utilizado para medir a qualidade de estudos científicos.

A partir de um levantamento feito com resultados de 328 estudos publicados em 50 anos, entre 1966 e 2016, sobre diferentes métodos para ensinar, focando em 4 mil efeitos, quatro pesquisadores da Universidade de Oregon chegaram à conclusão que a “instrução direta”, que parte do princípio que todos os alunos podem aprender, desde que recebam instruções bem planejadas, tem resultados mais robustos comparados com outros métodos.

Ao mesmo tempo, na instrução direta e sistemática o professor é o protagonista e se sente recompensado com o bom desempenho dos alunos.

Leia o texto completo aqui.

2. “Se é muito fácil ser professor, a profissão é desvalorizada”

Não existe bala de prata para melhorar a educação no Brasil. A solução é sistêmica, exige mexer em várias peças ao mesmo tempo e, nessa ação, é preciso enfrentar com coragem algumas brigas, também com as universidades.

Em entrevista para a Gazeta do Povo, Cláudia Costin, ex-diretora global de Educação do Banco Mundial e atualmente diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) expõe como a formação dos professores no Brasil deixa a desejar e que é preciso melhorar as condições de trabalho dos docentes para atrair melhores alunos.

Leia o texto completo aqui.

3. “A abordagem construtivista não funciona para alfabetizar”

O Brasil não alfabetiza bem as suas crianças. Ao invés de ensinar o chamado ‘princípio alfabético’, de forma explícita e sistemática, e as regras de codificação e decodificação dos fonemas, a maior parte dos professores espera que os alunos ‘adivinhem’ como ler”.

A crítica acima é do professor Luiz Carlos Faria da Silva, que integrou o Grupo de Estudos da Academia Brasileira de Ciências (ABC) sobre Aprendizagem Infantil.

Em entrevista à Gazeta do Povo, o especialista explica os motivos que levam os professores a utilizarem métodos de alfabetização que não funcionam.

Leia o texto completo aqui.

4. Pedagogia do Fracasso: o que há de errado na formação de professores

É preciso admitir que os autores mais estudados nas faculdades de Pedagogia no Brasil – Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon –, apesar de terem contribuído para a psicologia na educação, já foram superados por várias abordagens da neurociência. Mesmo assim, as universidades continuam repetindo teorias que não correspondem à realidade de como o cérebro aprende – e acabam não entendendo por que, com o uso dessas teorias, os alunos não progridem.

Em artigo corajoso, os acadêmicos Henrique Augusto Torres e Vitor Geraldi Haase apontam esse equívoco que leva a uma “Pedagogia do Fracasso”.

Leia o artigo aqui.

5. Aluno “empoderado” com professor “coach” tem pior desempenho escolar

A pedagoga sueca Inger Enkvist tem causado polêmica ao criticar o que ela chama de “nova pedagogia”: o aluno “empoderado”, o fim das provas e o foco apenas nas habilidades emocionais. Pesquisas mostram, lembra a especialista, que os melhores países e as melhores escolas, sem tornar as classes enfadonhas e rígidas, são aqueles em que "o professor organiza a aula, explica o conteúdo e checa os trabalhos dos alunos, mas a atmosfera é positiva, e exemplos práticos e trabalhos em grupos são incluídos por pequenos períodos."

"Salas de aula que dependem fortemente das iniciativas dos próprios alunos”, continua Enkvist, “têm resultados inferiores, especialmente para aqueles estudantes com maiores dificuldades.”

Leia o texto completo aqui.

6. Professor “empoderado”: por que o ensino explícito ajuda as crianças a aprender

Em artigo publicado no The Conversation, Lorraine Hammond, professora da Edith Cowan University, explica por que o ensino explícito, com professor protagonista, não pode ser desprezado.

Entre outras coisas, ela recorda o consenso científico de que, como há um limite para o volume de novas informações que o cérebro humano pode processar, o ensino direto ajuda o cérebro a pular etapas para digerir e produzir ciência. Por exemplo, o conhecimento de habilidades matemáticas prévias – como tabuadas e a diferença entre o numerador e o denominador – reduz a pressão sobre o cérebro, “liberando espaço” para aprender matemática mais complexa, como simplificar frações.

Por isso, segundo ela, todos os processos centrados mais na criança ou no jovem, que priorizam a investigação e a descoberta, são bons, mas não suficientes para chegar a excelência. Há momentos em que os alunos necessitam de ensino explícito, não só os estudantes vulneráveis socialmente, mas também os outros: todos se beneficiam quando o professor mostra o cume de onde devem partir para voar.

Leia o artigo completo aqui.

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