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Enem 2020 será realizado em 2021
Enem 2020 será realizado em 2021| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Salas com 50% de ocupação, mais locais de prova e obrigatoriedade de laudo médico em caso de Covid-19. Essas são algumas das medidas que serão tomadas pelo MEC e Inep na realização do Enem 2021, a ser aplicado presencialmente nos dias 17 e 24 de janeiro e, em formato digital, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro do próximo ano.

Camilo Mussi, presidente substituto do Inep e diretor de tecnologia e disseminação de informações educacionais, concedeu entrevista à Gazeta do Povo para explicar os detalhes do exame. Números de infectados e mortes pelo coronavírus aumentam no país, mas Mussi afirma que cenário, até agora, não elimina realização da prova, até segunda ordem.

Candidatos idosos, gestantes e lactantes, que são parte do grupo de risco da Covid-19, somam 18.062 dos inscritos no exame. O Inep não informou o percentual de outros candidatos com condições médicas preexistentes, como cardiopatias, doenças pulmonares crônicas, diabetes, obesidade mórbida, hipertensão, doenças imunossupressoras e oncológicas. Esses participantes serão alocados em salas diferentes, informa o MEC.

"Tentamos sermos mais isonômicos possível, entendendo a dificuldade que algumas pessoas tiveram de acesso à internet e aos conteúdos", disse Mussi.

Leia, abaixo, a entrevista:

Com a aceleração do número de casos de infectados pelo vírus no país e mundo afora, há preocupação de que a pandemia não terá diminuído quando o Enem for realizado, pouco mais de duas semanas após as confraternizações de fim de ano. A depender do cenário, quais são as chances de o exame não acontecer? 

Camilo Mussi: Fizemos as inscrições em abril porque o exame tinha um cronograma definido há muito tempo. A impressão da prova demora mais de 40 dias e a distribuição em torno de 30 dias. Hoje, estamos trabalhando com essa projeção do dia 17 de janeiro e 24, além do digital. Estamos trabalhamos com a previsão da pandemia no cenário que temos hoje.

Se mais próximo da data do exame acontecer algo, que mude a definição sanitária atual, na qual o exame não possa ser realizado, o Inep acatará a ordem e adiará a prova, para quando for possível.

Mas, hoje, a previsão é para janeiro. Se houver aumento da pandemia e uma ordem sanitária diferente ou decisão judicial, o MEC acatará. Mas está tudo pronto para acontecer.

Dentro do órgão há temor de que o número de casos aumente e a realização da prova possa ser adiada?

Camilo Mussi: Hoje, não há nenhum temor. Tudo o que está sendo feito, a capacitação dos fiscais de prova, a impressão, as reuniões, as visitas aos locais...

Vai acontecer a prova dia 17. Nesse momento, não existe nenhum cenário de não acontecer.

E quanto aos candidatos que apresentarem sintomas da doença nos dias de prova? Quais medidas devem ser tomadas?

Camilo Mussi: Os candidatos que tiverem qualquer doença infecto contagiosa devem informar o laudo, até um dia antes da prova, na página do participante, e anexar o laudo da doença. Ela não deve comparecer no dia do exame, e fará a reaplicação em fevereiro. Contudo, se ela tiver a doença diagnosticada no dia, ela não deve usar mais a página do participante, mas ligar no 0800 61 61.

Mas e candidatos que estiverem já realizando a prova e apresentarem sintomas?

Camilo Mussi: Normalmente, quando algum candidato passa mal durante a prova, mas pode continuar fazendo o exame, ele é levado para uma sala e a faz individualmente.

[Com relação à Covid-19] vai depender da situação. Se o candidato tiver febre e precisar deixar o local de prova, ele precisará apresentar laudo depois.

Para situações como essa, existe a chamada semana de recurso. Se o candidato teve algum problema, ele apresenta os documentos nessa semana e o Inep avalia se autoriza ou não a reaplicação da prova. Se a pessoa vai para o exame e fura o pneu do carro, sofre um acidente de carro ou o ônibus quebrou ele pode tentar recurso nesse período, tendo prova do incidente.

Por que a aferição de temperatura não é medida prevista pelo Inep?

Camilo Mussi: O Inep dialogou muito com o Ministério da Saúde, e a orientação foi enfática com relação ao álcool gel e máscara. Mas a aferição não foi recomendação obrigatória. Há vários motivos que poderíamos pensar: 5 milhões de pessoas fazendo aferição geraria aglomeração e seria prejudicial.

Durante a elaboração do exame o Inep levou em conta as dificuldades educacionais enfrentadas pelos candidatos durante a pandemia? Há jovens, por exemplo, que alegam não terem tido estrutura para estudar em casa e temem estar em desvantagem em relação a outros estudantes. Há algum tipo de flexibilização/alteração no conteúdo levando em conta situações dessa natureza?

Camilo Mussi: O conteúdo é o mesmo de todos os anos. As questões do exame já são elaboradas e pré-testadas anteriormente. Nesse exame, não há nenhuma diferenciação quanto ao conteúdo. É padrão, como dos outros exames. Dois terços dos inscritos já são alunos egressos e, a princípio, eles já têm conhecimento. Apenas um terço se forma em 2020, esses são os candidatos que podem ter desvantagens.

Pensando nisso, fizemos um simulado no aplicativo do Enem, com questões das provas, levando essas circunstâncias em consideração, com um material que utilizamos para capacitar os corretores de redação. Antes, isso era restrito aos corretores, disponibilizamos aos estudantes pela primeira vez. Agora, todos sabem qual é o critério que usamos para corrigir a redação. Continuamos publicando a cartilha do participante. Para os surdos, além disso, todas as vídeo provas estão na plataforma do Enem Libras. Tentamos ser mais isonômicos possível, entendendo a dificuldade que algumas pessoas tiveram de acesso à internet e aos conteúdos.

Com relação aos R$ 178,5 milhões disponibilizados via Medida Provisória (MP) para a adoção de medidas emergenciais relacionadas às avaliações durante a pandemia, o recurso já foi utilizado? De que forma foi utilizado?

Camilo Mussi: Os contratos só são pagos depois da utilização. Esse valor será utilizado para a compra de álcool gel em todas as 150 mil salas, que estão com um número menor de participantes, em torno de 50% de ocupação. Com isso, tivemos que aumentar em mais de 20% o número de salas.

Isso vai implicar em mais escolas utilizadas?

Camilo Mussi: Em cidades pequenas, sim. Tivemos de aumentar os locais de prova. Cada sala tem um aplicador e assistente. Estamos falando de mais de 20 mil salas de aula a mais. Mais 40 mil pessoas contratadas para trabalhar. Em cada uma delas, haverá álcool em gel. Colaboradores terão equipamento de proteção também.

Esses recursos estão sendo utilizados para contratos que já foram feitos, e outros ainda serão. São questões burocráticas. Nada disso foi pago ainda. Número é maior que esse. Mais de 40 mil pessoas contratadas para trabalhar. Em cada uma delas, álcool gel. Desses colaboradores terão equipamentos de proteção. Utilização desses recursos é pra isso. Alguns contratos já foram feitos. Nada disso foi pago ainda.

Qual o percentual de pessoas de risco que farão a prova?

Camilo Mussi: No ato da inscrição, os candidatos informaram suas necessidades de recurso especial. Na nossa base de dados, também temos a idade dos participantes.

Por causa da pandemia, fizemos a separação de pessoas de salas menores que tinham algum perfil de risco naquela comunicação. Pessoas acima de 60 anos nunca ficaram separadas [em exames anteriores]. Mas hoje serão, pois já as estamos considerando como pessoas de risco.

Pessoas que tenham alguma doença, que eram colocadas em salas normais, mas com tempo adicional ou recurso, colocamos em salas menores. Como existem pessoas que ainda vão informar necessidade especial, não temos o número exato.

Que medidas serão tomadas em salas nas quais pessoas de risco realizarão o exame?

Camilo Mussi: Será apenas o número reduzido. É importante reforçar que quem não utilizar máscara será eliminado da prova. Candidatos devem, obrigatoriamente, levar mais de uma máscara para trocar. Eles terão de tirá-la apenas na identificação e depois poderão tirá-la para se alimentar e beber água.

Quais são os principais desafios esperados pelo Inep na 1º versão digital da prova?

Camilo Mussi: O Enem digital foi pensado sendo gradativamente colocado para todos. Começa com 100 mil vagas, dos quais 93 mil pessoas se inscreveram. Em 99 cidades do país em todas as unidades da federação, em mais de 1200 instituições de ensino, em 4 mil laboratórios.

É o maior exame da América, só perde para um exame digital chinês. Distribuição dos computadores, instalação da prova, estamos preparando sistemas, prova digital já está pronta, assim como impressa. Computadores já estão sendo cadastrados e vistoriados pelo Inep.

É um desafio a distribuição dos computadores, a instalação da prova. Os sistemas estão sendo testados. Há desafios que podem ocorrer como a falta de energia, problemas técnicos com computadores.

Com o Enem digital, poderemos atingir todos os municípios brasileiros. O exame demora quase 45 dias para ser impresso, mais a distribuição. O digital, por outro lado, é distribuído em 48 horas.

Nós entramos muito tarde nesse sistema de exames digitais?

Camilo Mussi: Houve um conservadorismo com relação ao Enem. Sempre se pensou em migrar para o exame digital de uma só vez.

Sempre significa desde quando, exatamente, diretor?

Camilo Mussi: Sempre se pensou em fazer o exame digital. A ideia é antiga. Mas o grande ineditismo, e nós temos que dar valor a quem fez, foi fazer isso gradativamente, em paralelo com o impresso. Não é possível fazer cinco milhões de provas digitais ao mesmo tempo. A ideia de ser gradual foi do governo Bolsonaro.

No último ano, um erro mecânico acabou afetando, indiretamente, a correção dos testes feitos por 3,9 milhões de estudantes. O órgão adotou medidas de segurança para prevenir isso na próxima edição?

Camilo Mussi: O erro afetou cinco mil participantes, apenas. Nós revisamos a prova dos 8 milhões de participantes para verificar se havia algum outro erro que não havíamos detectado.

Fizemos testes na nova gráfica, justamente esse teste de correção/associação, e funcionou perfeitamente. Também estamos adotando novos procedimentos tecnológicos dentro do Inep para avaliar isso.

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