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Crianças da rede de ensino de Apucarana em passeio de ônibus com leitura: modelo de educação integral | Edson Denobi
Crianças da rede de ensino de Apucarana em passeio de ônibus com leitura: modelo de educação integral| Foto: Edson Denobi

Programa foi pioneiro

A ousadia de Apucarana, cidade de 120 mil habitantes no Norte do Paraná, em implantar o Programa de Ensino em Tempo Integral nas escolas municipais de 1.ª a 4.ª séries do ensino fundamental foi um passo pioneiro, em fevereiro de 2001, já que não havia um modelo pronto para ser seguido. Outro ponto que chama a atenção é a amplitude (funciona em 37 escolas). "Em 9 anos, comitivas do Brasil e até de outros países nos visitaram para conhecer o trabalho", diz o prefeito João Carlos de Oliveira.

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Discussão na votação sobre o PIB

A votação do texto que defende aumento gradativo dos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) para o financiamento da educação foi uma das mais polêmicas nas plenárias ocorridas ontem na Conae. O texto que prevê a aplicação de 7% do PIB em 2011 e alcançar 10% em 2014 será encaminhado para aprovação da plenária final na Conae, que ocorre amanhã.

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Brasília - Os paranaenses ocupam posição de destaque na Conferência Na­­cional de Educação (Conae), que está sendo realizada em Brasília. Um dos destaques ontem foi a experiência de Apucarana, cidade no Norte do estado que implantou o sistema de ensino em tempo integral. Além disso, das cerca de 3 mil pessoas que discutem e escolhem as metas que devem permear as políticas públicas educacionais para a próxima década no Brasil, 172 paranaenses foram eleitos como delegados, com poder de voto nas plenárias. As votações por eixo tiveram início ontem à tarde e seguem hoje durante todo o dia. Amanhã será votado o texto final, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação no Paraná (Undime-PR) e secretário de Educação de Apucarana, Cláudio Aparecido da Silva, mostrou ontem a experiência do município no colóquio Educação integral e integrada: ampliação de tempos e espaços educativos. Outra representante do Paraná foi a secretária de Estado da Educação e presidente do Con­selho Nacional do Secretários Esta­duais em Educação (Consed), Yvelise Arco-Verde, uma das palestrantes no evento sobre as Con­cepções Curriculares e a Con­solidação Político-Pedagógica da Prática Educativa.

O modelo de educação integral implantado em Apucarana tem sido usado como referência para municípios na ampliação do tempo de atendimento escolar. Desde 2001, 38 escolas funcionam em tempo integral e atendem cerca de 7 mil alunos do 1.º ao 5.º ano do ensino fundamental. A mudança permitiu que a cidade ampliasse os índices de aprovação e reduzisse os de reprovação e evasão escolar. O Índice da Educação Básica (Ideb) também aumentou e 67,6% dos alunos alcançaram em 2007 a meta prevista para 2009.

Para Silva, o importante não é apenas aumentar o tempo na escola, mas planejar o projeto político-pedagógico da cidade. "A educação integral não pode ser vista como um remédio para todos os males. Mas é a educação adequada para os tempos atuais, pois trabalha com as múltiplas inteligências", diz. Segundo Silva, é possível aumentar o tempo de atendimento com mais investimentos. Apucarana, segundo ele, investe 32% do orçamento em educação. A legislação obriga o investimento de 25%.

Yvelise Arco-Verde destacou a ausência de discussões sobre a questão curricular nos textos da Conae. "A educação se faz assim, é preciso discutir como e o que estudar. É uma discussão necessária que não foi amarrada como deveria ter sido. O desafio do currículo é maior que o do financiamento", afirma. Para ela, é preciso definir se o Brasil perseguirá um currículo único ou diverso. "Precisamos de diretrizes que não sejam as que estão aí, pois estão ultrapassadas. Temos de definir quem vai fazer esta tarefa?", questiona.

Padrões de qualidade

Entre os 172 delegados eleitos no Paraná está o presidente do Conselho Estadual do Paraná (CEE-PR), Romeu Gomes de Miranda, que defende o estabelecimento de padrões mínimos de qualidade para a educação. "O Brasil avançou em matrículas e em estrutura, mas há uma falha brutal em relação à qualidade. Grande parte dos alunos não aprende o que deveria", diz. Miranda é favorável à criação do Sistema Nacional de Educação, que daria um status mais fiscalizador ao Conselho e com possibilidade de participação de diversos atores sociais. "Tanto aluno rico ou pobre, independentemente de onde more no Brasil, precisa receber um ensino padrão", afirma.

O diretor de comunicação da APP-Sindicato, Luiz Paixão, outro delegado, diz que a perspectiva é sair da Conae com um Plano Na­­cional da Educação estabelecido, que também leve em conta a questão da valorização do profissional. "Virou consenso que a educação é fundamental. Mas este consenso ainda não se materializou em políticas públicas educacionais", diz.

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