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O problema maior da escola é de valorizar apenas o cálculo escrito, a continha. Os professores acham que fazer conta desenvolve o raciocínio, quando na verdade fazer conta desenvolve habilidade de fazer conta.

Emerson Rolkouskiprofessor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Por muito tempo fomentou-se a crença de que, para aprender matemática, não se deveriam utilizar os dedos. Acreditava-se que o uso das mãos poderia atrapalhar no desenvolvimento do raciocínio e corporal das crianças.

Um estudo publicado no ano passado pelos neurocientistas norte-americanos Ilaria Berteletti e James R. Booth revelou que o hábito infantil de contar nos dedos não deve ser reprimido, mas incentivado. Os pesquisadores analisaram uma região específica do cérebro, dedicada à percepção e à representação dos dedos, conhecida como área ‘somatossensorial’ dos dedos.

Eles descobriram que, quando estudantes entre 8 e 13 anos receberam problemas complexos de subtração, a área somatossensorial dos dedos ficou ativada, mesmo que os estudantes não usassem os dedos.

Outras pesquisas nessa linha dizem que impedir os estudantes de usar esse método para contar poderia ser semelhante a travar o seu desenvolvimento matemático.

“É preciso favorecer a utilização desse aparelho natural de contagem que a criança já tem, mas sempre com foco, porque lá na frente você quer que ela avance”

Reginaldo Rodrigues da Costa Professor de Pedagogia da PUCPR, especialista nas áreas de matemática e ciências

Para o professor de matemática e de ciências da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e doutor em educação, Reginaldo Rodrigues da Costa, a relação das mãos está ligada com os primeiros passos da contagem e que essa troca simbólica é importante. “O uso dos dedos ajuda a criança a lidar com a quantidade. Ela começa a perceber que o que ela está pensando é passível de ser representado usando os dedinhos”.

Emerson Rolkouski, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor em matemática, destaca que a matemática é abstrata por essência e que, por isso, a criança precisa de uma parâmetro visual. “Os dedos passam a ser uma referência de contagem importante para os pequenos. Além disso, ajudam desde cedo na percepção corporal”.

Os pesquisadores descobriram também que quando as crianças de seis anos desenvolveram a qualidade da representação dos seus dedos, elas melhoraram os seus conhecimentos em aritmética, particularmente habilidades como contagem de números em ordem. “O dedo está ajudando em duas coisas: a entrar na lógica própria da matemática e a auxiliar quando ela for fazer cálculos escritos”, explica Rolkouski.

Contra a proibição na escola

Uma das recomendações dos neurocientistas que conduziram esses estudos é que as escolas não devem apenas se concentrar no uso dos dedos apenas para contagem, mas também em estimular os alunos a distingui-los. Saber identificar os dedos polegar, indicador, médio, anelar e mindinho faz diferença para o cérebro e, normalmente, as escolas dedicam pouca ou nenhuma atenção para isso.

“O problema maior da escola é de valorizar apenas o cálculo escrito, a continha. Os professores acham que fazer conta desenvolve o raciocínio, quando na verdade fazer conta desenvolve habilidade de fazer conta”, opina Rolkouski.

Saber identificar os dedos polegar, indicador, médio, anelar e mindinho faz diferença para o cérebro e, normalmente, as escolas dedicam pouca ou nenhuma atenção para isso.

Já para Costa, a falta de incentivo por parte das escolas a usar os dedos da mão ocorre por uma questão de tradição. “Qualquer coisa que a criança usasse que não fosse o pensamento mental não era aceito, porque essa é a perspectiva de se ensinar e de aprender matemática”.

A solução apontada pelos especialistas e pelas novas pesquisas é que os professores devem incentivar o uso do dedo em qualquer idade para reforçar a capacidade cerebral através de uma série de atividades em sala de aula. “Um dos maiores exemplos de uso dos dedos são os jogos. Eles são importantes, porque ao mesmo em que as crianças utilizam as mãos para jogar, elas também aprendem a contar”, exemplifica Rolkouski.

O professor da PUCPR diz que o importante é se preocupar com atividades de quantificação para depois passar para atividades de contagem com os dedos. “As atividades sempre têm que partir daquilo que a criança já sabe. Na verdade, é preciso favorecer a utilização desse aparelho natural de contagem que a criança já tem, mas sempre com foco, porque lá na frente você quer que ela avance”, finaliza Costa.

Uso dos dedos reforça capacidade cerebral

Uma das recomendações dos neurocientistas que conduziram esses estudos é que as escolas não devem apenas se concentrar no uso dos dedos apenas para contagem, mas também em estimular os alunos a distingui-los. Saber identificar os dedos polegar, indicador, médio, anelar e mindinho faz diferença para o cérebro e, normalmente, as escolas dedicam pouca ou nenhuma atenção para isso.

Para Reginaldo Rodrigues da Costa, da PUCPR, a falta de incentivo por parte das escolas a usar os dedos da mão ocorre por uma questão de tradição. “Qualquer coisa que a criança usasse que não fosse o pensamento mental não era aceito, porque essa é a perspectiva de se ensinar e de aprender matemática”.

A solução apontada pelos especialistas e pelas novas pesquisas é que os professores devem incentivar o uso dos dedos em qualquer idade para reforçar a capacidade cerebral através de uma série de atividades em sala de aula. “Um dos maiores exemplos de uso dos dedos são os jogos. Eles são importantes, porque ao mesmo em que as crianças utilizam as mãos para jogar, elas também aprendem a contar”, exemplifica Rolkouski.

O professor da PUCPR diz que o importante é se preocupar com atividades de quantificação para depois passar para atividades de contagem com os dedos. “As atividades sempre têm que partir daquilo que a criança já sabe. Na verdade, é preciso favorecer a utilização desse aparelho natural de contagem que a criança já tem, mas sempre com foco, porque lá na frente você quer que ela avance”, finaliza Costa. (CdP)

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