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Alunos dirigem assembleia que “decidiu” pela greve de alunos.
Alunos dirigem assembleia que “decidiu” pela greve de alunos.| Foto: Reprodução / Facebook

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está com aulas prejudicadas desde terça-feira (10). Um movimento de alunos, do qual participam representantes de partidos de esquerda, decidiu em assembleia “entrar em greve”. O motivo oficial? O bloqueio de R$ 59,3 milhões do orçamento anual da universidade, o que representa 3,83% de um total de R$ 1,55 bilhão. Como esse valor pode ser desbloqueado ainda este mês e não houve reação estudantil similar em outros contingenciamentos dessa ordem, ou maiores, feitos em governos anteriores, por que agora os alunos resolveram parar? Haveria motivo suficiente? Abaixo, algumas pistas.

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Greve de alunos na UFSC

1. Reitor, do PT, "em férias" durante o ano letivo

O reitor da Universidade, Ubaldo Cesar Balthazar é filiado ao PT desde 1995. Assim que o movimento estudantil amadureceu a ideia da greve, Balthazar viajou para a Itália com a família. A assessoria de imprensa da UFSC ainda não esclareceu se ele está em férias (o que, por portaria da universidade, não é permitido fora do recesso acadêmico). De qualquer forma, se estivesse aqui, ele seria cobrado para dar aos alunos o mesmo apoio oferecido a estudantes que invadiram a reitoria da Universidade Federal da Fronteira do Sul (UFFS), em Chapecó. O reitor participou de um evento/assembleia da invasão (veja vídeo abaixo), escrevendo, dias depois, uma carta aberta de incentivo ao ato, publicada no site oficial da UFSC.

2. Argumentos frágeis contra o Future-se

Em sessão “aberta” do Conselho Universitário da UFSC, no dia 3 de setembro, na qual participaram cerca de 5 mil pessoas (entre professores, servidores e alunos), os presentes decidiram dizer "não" ao Future-se, a proposta do governo para tentar conseguir mais recursos para as universidades federais. Na ocasião, os alunos foram doutrinados sobre os mitos que a esquerda está divulgando sobre o Future-se: que as universidades perderão a autonomia e que o programa é o primeiro passo para privatizar as universidades. Ainda que o Future-se tenha, sim, alguns pontos de atenção e questionamento, esses mitos são reproduzidos sem nenhum embasamento. Análises favoráveis ao Future-se, de técnicos de outras universidades, são ignoradas.

Sessão "aberta" do Conselho Universitário da UFSC, em 3 de setembro. (Reprodução / Facebook)
Sessão "aberta" do Conselho Universitário da UFSC, em 3 de setembro. (Reprodução / Facebook)
3. Propagação de mentiras sobre o contingenciamento de verbas

Nos cartazes e manifestações estudantis há um desconhecimento dos valores contingenciados e também dos supostos serviços que serão afetados. Por exemplo, desde o início do contingenciamento, o Ministério da Educação (MEC) deixou claro que a verba para os restaurantes universitários (RU), proveniente do Plano de Assistência Estudantil (PNAES), não seria bloqueada. Mesmo assim, a UFSC anunciou que o seu RU poderia parar em setembro. Na verdade, o máximo que ocorreria pelo contingenciamento seria a redução do atendimento do RU a estudantes que estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica, como está previsto em lei. Para os mais pobres, o dinheiro está garantido - tanto que, em setembro, o reitor confirmou que os serviços de RU não seriam paralisados (e para nenhum estudante, independentemente do seu poder aquisitivo).

Outra desinformação: os estudantes ignoram também que a maior parte das bolsas da Capes que deixaram de existir estavam vagas (sem bolsistas) e eram de cursos de pós-graduação de baixa qualidade, de notas 3 e 4. E que, das 11,8 mil suspensas, 3,1 mil voltaram a ser ofertadas para cursos de mestrado e doutorado de alta qualidade, avaliados pela Capes com notas 5, 6 e 7.

Cartaz informa, erroneamente, que a universidade está "sem RU". (Reprodução / Facebook)
Cartaz informa, erroneamente, que a universidade está "sem RU". (Reprodução / Facebook)
4. Acampamento "Lula Livre" no campus

Outro aspecto que chama a atenção de quem entra no campus são as pichações pela "Luta de classes", "Lula Livre", "Revolução contra o governo fascista" e críticas a Jair Bolsonaro.

O campus também tem uma barraca que distribui panfletos a favor da libertação do ex-presidente Lula, condenado por corrupção, com cruzes comparando o ex-presidente a Jesus Cristo.

Barraca "Lula Livre", na UFSC. (Reprodução / Facebook)
Barraca "Lula Livre", na UFSC. (Reprodução / Facebook)
Faixas que pedem a libertação do ex-presidente Lula, condenado por corrupção, na UFSC. (Reprodução / Facebook)
Faixas que pedem a libertação do ex-presidente Lula, condenado por corrupção, na UFSC. (Reprodução / Facebook)
5. Alunos que pensam diferente não têm espaço no campus

Alunos que querem ter aula não foram respeitados. Por exemplo, uma votação feita no Departamento de Medicina, em que a maioria dos alunos decidiu por ter aulas, não foi "reconhecida". Alunos de outros cursos afirmaram que a decisão dos estudantes de Medicina "não era legítima".

Alunos de outros cursos interferindo na votação feita entre estudantes de Medicina. (Reprodução / Instagram)
Alunos de outros cursos interferindo na votação feita entre estudantes de Medicina. (Reprodução / Instagram)
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