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Na Escola Santo Anjo, os ensaios para a formatura que ocorre no fim do ano começaram agora em setembro | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Na Escola Santo Anjo, os ensaios para a formatura que ocorre no fim do ano começaram agora em setembro| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Entrevista

Maria Sílvia Bacila Winkeler, psicopedagoga, doutoranda em Educação e diretora do curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Qual o impacto que esta mudança de fase, que muitas vezes coincide com mudança de escola, tem para as crianças?

Pode ser positivo ou negativo. É favorável quando esta mudança estabelece o desejo de aprender. É negativa quando a passagem significar ruptura. A cerimônia é válida se coroar um processo pedagogicamente contrabalançado, no qual o aluno vislumbra, na nova etapa, ganhos para o seu desenvolvimento.

Qual a orientação que você dá aos pais em relaçâo à formatura?

Exageros nunca fizeram bem a ninguém, em nenhuma situação. A formatura em si tem origem nas antigas universidades da Idade Média. Destina-se a celebrar o término da vivência curricular preparatória para uma profissão, seja este um bacharel ou licenciado. Diante desta reflexão devolvo a orientação com uma nova pergunta: seria oportuno antecipar este momento consagrado ao espaço profissional à infância, que possui tantos outros significados?

A partir de quantos anos a criança entende o que é uma formatura?

A criança vai compreender o que é uma formatura a partir da sua vivência sobre o conceito. Com 5 ou 6 anos entenderá que celebra o final de uma etapa. Na verdade, muitas vezes comemora a possibilidade de saber ler. Porém, nesta idade ainda não compreende o que é uma formatura no seu sentido nato. Ainda tem um caminho a percorrer para entender o mundo do trabalho e como chegará a conquistar habilidades e competências para colar grau referente a uma profissão.

"Gosto muito de aprender, descobrir o mundo inteiro. Para conseguir primeiro eu tento, depois eu consigo." Este foi o juramento escrito e declamado por Rodrigo Lunardi, 6 anos, aluno da escola Peixinho Dourado durante a cerimônia de formatura na educação infantil – um evento marcado pela tradicionalidade e que, segundo profissionais da educação, funciona para demarcar claramente aos estudantes a entrada em novas fases dos estudos.

É o que aponta a pedagoga Ma­­rianna Canova. "A formatura é algo que gera uma expectativa positiva, pois significa que eles vão passar de uma fase para outra", diz. Em sua escola, a Peixinho Dourado, a cerimônia (que somente ocorre na transição da educação infantil para o fundamental I) acontece durante a festa de final de ano.

A cerimônia envolve o uso de be­­cas e leitura de homenagens, escritas pe­­los próprios alunos. Como nesse colégio, a formatura coincide com a saída da escola, que só oferece educação infantil, o evento também é trabalhado para que a criança entenda que esse ensino ficou para trás. "Traba­lhamos a au­­to­­nomia e a autoestima das crianças para que elas sejam capazes de en­­frentar novos desafios", explica.

Organização

Geralmente decididas no início do ano pelos pais, as formaturas começam a tomar forma a partir do segundo semestre. Na escola Santo Anjo, os ensaios iniciam em setembro. "É uma tradição. Houve um ano que não quisemos fazer e a cobrança foi grande. Há mais de 30 anos realizamos as formaturas", conta Siona Alves da Silva, diretora educacional. Na escola, há eventos na transição da educação infantil para a fundamental I (quando as crianças têm cerca de 6 anos de idade) e da educação fundamental I para a II (quando elas têm em torno de 10 anos).

Com programação completa, que inclui juramento, apresentações, homenagens, diploma e as crianças vestidas de beca e capelo, o custo é de R$ 50. No fim deste ano, cinco turmas irão se formar durante cerimônia realizada na escola.

Com direito a DJ

Os adolescentes também têm formatura. Na escola Palmares, que realiza o evento somente para os alunos da educação fundamental II, ela inclui os aparatos tradicionais, como o canudo, a escolha do paraninfo, o orador e até a comissão de formatura. Silvana Moreira Medeiros, auxiliar de coordenação, diz que o evento é considerado uma cerimônia de certificação, mas conta inclusive com telão no qual são mostradas as fotos dos formandos – como nas formaturas de universidades.

A festa pós-cerimônia acontece na escola e normalmente é custeada pelos próprios alunos, com a realização de eventos para arrecadação de recursos ou com a ajuda dos pais. Este ano, eles também optaram por custear uma viagem aos filhos. "Para os pais é uma realização. Para os alunos o que importa é a festa e curtir a sensação de terem conseguido", comenta.

A aluna Mariana Capoani de Almeida, de 14 anos, que faz parte da comissão de formatura, diz que desde o início do ano a turma vem realizando eventos para arrecadar dinheiro. A idéia é realizar um jantar após a colação. A turma já conseguiu arrecadar cerca de R$ 3,5 mil. Mas calcula que deve gastar R$ 5 mil.

Theodora Wrobel Von Zuben, co­­lega de turma e de comissão de for­­matura de Mariana, diz que os alunos também pretendem contratar um DJ. Esta será a primeira formatura das duas e além do evento, os alunos também irão viajar para um re­­sort de águas termais. Para isso, eles estão pagando uma mensalidade de R$ 90 e irão custear o ônibus.

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