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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Saiba mais

Acompanhe o que já foi decidido e o que pode mudar sobre o diploma:

17 de junho ­– O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou, por oito votos a um, a obrigatoriedade de diploma específico para quem deseja trabalhar como jornalista.

23 de junho – Protocolada uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). A proposta – que está sendo avaliada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania – torna obrigatório o diploma para exercer o Jornalismo e deixa facultativa a exigência da formação para colaboradores que escrevem em jornais, sem relação de emprego, sobre assuntos relacionados à sua especialização.

8 de julho – Protocolada outra PEC, apresentada pelo deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), que também busca restituir a necessidade de curso superior em Jornalismo para o exercício da profissão.

Fontes: Senado Federal e Câmara dos Deputados

Entrevista: José Marques de Melo

Uma comissão do Ministério da Educação (MEC) formada por oito especialistas trabalha desde fevereiro na reforma das diretrizes curriculares dos cursos de Jornalismo. O objetivo é melhorar a qualidade da formação, considerada estratégica pelo governo para o fortalecimento da democracia no país. O presidente da comissão, José Marques de Melo, esteve este mês em Curitiba para debater a revisão dos currículos e falou sobre a decisão do STF e as principais mudanças propostas para os cursos.

Leia a entrevista com José Marques de Melo

  • Da esquerda para a direita: Fernanda, Agatha, Ana e Bárbara
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O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou, no dia 17 de junho, a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão. A decisão trouxe preocupações não só para aqueles que já estão no mercado de trabalho, mas também para os estudantes que sonham em trabalhar nas redações. E deu origem a uma sé­rie de questionamentos. Haverá mudanças nas graduações em Jor­na­lismo? Ainda va­le a pena prestar vestibular pa­ra um curso tão concorrido se profissionais graduados em qualquer área – ou mesmo sem formação superior – poderão trabalhar na imprensa?

Para responder essas per­guntas, o caderno Ves­tibular entrou em contato com as dez instituições que oferecem o curso de Jor­na­lismo em Curitiba e conseguiu falar com nove delas: UFPR, PUCPR, Unibrasil, Uniandrade, Universida­de Positivo, Opet, Facin­ter, Unicuri­tiba e Tuiuti (a Essei foi a única que não respondeu). Duas particulares, a Unian­drade e o Uni­curitiba, disseram que pretendem criar novas modalidades de cursos de Jornalismo em função da decisão do STF.

A Uniandrade planeja manter a graduação tradicional, mas analisa a possibilidade de oferecer um curso sequencial de formação específi­ca na área. Os sequenciais são cursos de nível superior que não são de graduação (não permitem, por exemplo que o aluno faça Mestrado ou Dou­to­rado), voltados à formação específica em um dado campo do saber.

O Unicuritiba afirma que seguirá a tendência caso as universidades comecem a oferecer cursos tecnológicos, com duração menor do que o bacharelado. É o caso da Estácio Ensino Superior – instituição com unidades em 16 estados do país, entre elas a Está­cio Radial Curitiba –, que estuda abrir uma graduação tecnológica voltada preferencialmente para quem já fez outro curso superior. "O novo curso poderá receber pessoas que queiram uma formação mais rápida ou pessoas já graduadas. Mas o ideal mesmo seria o aluno que saiu do ensino médio fazer o bacharelado em Jornalismo", diz o diretor da área de Comunicação e Ar­tes do Centro de Ensino da instituição, Hugo Silva Santos Junior.

A diretora de regulação e supervisão de educação profissional do MEC, Andrea de Faria Andrade, considera pouco provável que a modalidade seja reconhecida pelo ministério. "Quando há um novo nicho no mercado, há essa possibilidade (de criação de um tecnólogo). Mas o tecnólogo não pode ser visto como uma forma de reducionismo de um curso de bacharelado", avalia.

Para a UFPR e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), o fim da exigência do diploma não deve provocar mudanças nos currículos dos cursos de Jornalismo ofertados por universidades públicas. "As escolas públicas de Jornalismo não vão se arriscar a comprometer a qualidade da formação", afirma o chefe do departamento de Comunicação da UFPR, João Somma Neto. "As disciplinas de formação humanística (como Ciência Política e Antropologia) vão ser deixadas de lado nos cursos tecnológicos e o currículo vai se limitar às disciplinas operacionais", avalia.

Quanto à possibilidade de cursos voltados para profissionais de outras áreas do conhecimento que desejam exercer o jornalismo –como, por exemplo, um médico que pretenda escrever sobre saúde –, nenhuma das instituições declarou a intenção de ofertar este tipo de pós-graduação.

Outras formações

Para o chefe do departamento de Comunicação da UEPG, Marcelo Bronosky, o fato de não se exigir diploma não significa que quem pretende ser jornalista deva partir para outras graduações. Essa também é a opinião da diretora do curso de Jornalismo da PUCPR, Mônica Fort. "Uma pessoa formada em outra área poderá dominar determinadas técnicas de redação para escrever um artigo, por exemplo, mas não saberá a estrutura de produção jornalística, as técnicas de reportagem."

Interatividade

O que você acha da decisão do STF em acabar com a obrigatoriedade do diploma? Escreva para vestibular@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

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Enquete

O caderno Vestibular ouviu quatro estudantes para saber se, mesmo com a decisão do STF, elas pretendem prestar vestibular para Jornalismo. Veja o que cada uma respondeu:

"Não. Vou fazer Letras. Não vale a pena fazer somente Jornalismo, só se for aliado a outro curso, tudo bem. Já tem muito jornalista para pouco emprego e com a decisão a situação vai piorar ainda mais", Bárbara Souza Rodrigues, 16 anos, aluna do 2º ano.

"Sim. O diploma é fundamental para adquirir uma carga de conhecimentos e exercer a profissão com qualidade. Desde pequena admiro essa profissão. Mas acredito que as pessoas que estavam em dúvida vão descartar o curso de Jornalismo e a concorrência vai cair", Fernanda Odppes, 17 anos, aluna do 3º ano.

"Sim. Minha primeira opção é Jornalismo, mas também penso em Direito. Vale a pena fazer o curso de Jornalismo, porque o conhecimento vai continuar sendo necessário", Ana Carolina Fantinato, 16 anos, aluna do 2º ano.

"Sim. Desde criança é o que eu quero. Para conseguir um emprego bom é preciso ter um currículo bom. Quem não tem diploma normalmente é quem já está no mercado há muito tempo. Para quem quer entrar agora será exigido um curso, uma qualificação", Agatha Trezub Dea, 17 anos, aluna do 3º ano.

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