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Parte dos alunos é contra a greve

Estudantes de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) ouvidos pela Gazeta do Povo se manifestaram contra o posicionamento do Diretório Acadêmico Nilo Cairo (DANC). Os alunos, que preferem não se identificar por temerem represálias, se mostram contrários à greve de alunos iniciada na quinta-feira (24) e não concordam com o pedido de bolsa.

Os estudantes que mais reclamam da posição do DANC são os discentes do último ano do curso de Medicina. De acordo com eles, a decisão de entrar em greve foi tomada por quem está nos primeiros períodos da graduação. "Eram poucos os alunos do último ano representados na assembleia e eles votaram contra a paralisação", disse um estudante à Gazeta do Povo.

Segundo ele, os alunos dos dois últimos períodos fizeram um abaixo assinado no qual cerca de 90% dos graduandos do último ano do curso dizem ser contrários ao movimento grevista estudantil. "Os estudantes do último ano concordam e apoiam a greve dos professores e dos médicos", disse outro aluno, que também comentou que a interrupção nos serviços, conforme informado pelo DANC, não existiu, pois uma greve dos estudantes não teria força para prejudicar o atendimento nos hospitais.

Uma médica formada pela UFPR, que também não quis se identificar, disse, com relação às refeições dos alunos, que os hospitais oferecem alimentação e têm refeitórios disponíveis. O problema, segundo ela, é que, nos últimos anos, os profissionais não têm para se alimentar por causa da pressão do trabalho.

Os estudantes do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) iniciaram nesta quinta-feira (25) uma paralisação de atividades por tempo indeterminado. Além do apoio às reivindicações feitas pelos professores do curso e médicos do Hospital de Clínicas (HC), os alunos alegam, entre outras causas da greve, a falta de estrutura no curso e a baixa qualidade dos equipamentos das aulas práticas.

A decisão dos alunos foi tomada após assembleia realizada no Diretório Acadêmico Nilo Cairo (DANC), do curso de Medicina, na noite de quarta-feira (24). Com a suspensão das atividades no curso de graduação, os estágios práticos e trabalhos dos discentes podem ser suspensos, segundo os responsáveis pelo Diretório.

Atendimentos no Hospital de Clínicas, Hospital do Trabalhador, Maternidade Victor Ferreira do Amaral e em Unidades Básicas de Saúde da Região Metropolitana de Curitiba podem ter serviços prejudicados com a paralisação, segundo o DANC. Somente no HC são cerca de 200 alunos que trabalham no regime de internato, que é o estágio obrigatório do curso feito no hospital.

Em todas as instituições médicas, o número de estudantes na paralisação chega a 360, segundo o DANC. Segundo o Diretório, somente os serviços de emergência dos estudantes estão sendo realizados.

A administração do HC informou que ainda não havia prejuízos no atendimento aos pacientes do hospital por causa da paralisação dos estudantes até a tarde desta quinta-feira. De acordo com a assessoria do HC, somente na segunda-feira, quando os médicos da instituição devem começar uma paralisação. Ao todo, 300 médicos (90% do total) devem cruzar os braços.

Reivindicações

De acordo com Rodrigo Mandrik, membro do Diretório Acadêmico, os alunos de medicina da UFPR pedem melhorias nas condições de alimentação para os alunos que realizam estágio obrigatório. Segundo ele, os centros médicos não oferecem alimentação ou ajuda de custo aos estudantes do internato. "Às vezes [os alunos] precisam passar pelo plantão até 12 horas no atendimento sem acesso à refeição", comenta.

Os estudantes também pedem o pagamento de uma bolsa, no valor de um salário mínimo por mês, para os estudantes do internato. "Muita gente vem de outras cidades para realizar o internato aqui e não tem como seguir [com o estágio] sem isso". Os alunos ainda pedem que a universidade melhore o acesso entre os campi em que eles têm aulas.

Em carta enviada ao departamento e coordenação do curso de Medicina da Universidade, os estudantes dizem que se solidarizam com a situação dos professores e médicos, em virtude da Medida Provisória n° 568 do Governo Federal. Segundo eles, a MP "desvaloriza ainda mais a categoria médica e contribui para uma maior precarização de nossa futura função".

A MP 568, de 11 de maio de 2012, muda a forma de pagamento do adicional de insalubridade aos médicos e professores da área de medicina. O valor, que antes correspondia a um adicional de 20% ao salário, agora representa um valor fixo. Segundo o presidente da Associação dos Professores da UFPR (Apufpr) Luis Allan Künzle, a medida do governo também afeta professores de setores como química, engenharia e ciências biológicas. "Isso, na prática, diminui os salários", comenta.

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