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Enquanto alguns restaurantes universitários da UFPR permanecem fechados, Amanda Machado e outros alunos recebem sanduíches da instituição como improviso. | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Enquanto alguns restaurantes universitários da UFPR permanecem fechados, Amanda Machado e outros alunos recebem sanduíches da instituição como improviso.| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

Só no sanduba

A aluna do 4 º ano de Geografia da UFPR Amanda Machado (foto), 27 anos, jantava todos os dias no restaurante universitário (RU) do Centro Politécnico. Com a greve, desde que o restaurante fechou, ela leva lanche de casa ou toma café na cantina. Por fazer parte do grupo de cerca de 4 mil alunos da instituição com fragilidade econômica – que ganham auxílio-alimentação –, Amanda tem a opção de receber um sanduíche oferecido pela universidade todas as noites, mas recusa. "Alguns alunos aceitam, mas muitos compram coisas na cantina. Nesse último mês, cheguei a dar uma emagrecida. Mesmo o lanche que a gente leva de casa acaba enjoando. Não é igual a ter um jantar variado", conta.

Situação atual

UFPR

A instituição tem tentado caminhos alternativos para manter o atendimento à comunidade. Dos quatro restaurantes universitários que fecharam no início da paralisação, dois foram reabertos. O do Centro Politécnico está sendo reformado e o central, na Reitoria, segue ocupado para reuniões do movimento de greve. Os alunos sem RU podem usar o ônibus Intercampi para fazer as refeições nos locais abertos. As bibliotecas seguem fechadas, com exceção de dois dias na semana, quando é possível devolver e emprestar livros. Nesta semana, uma reunião discutirá a volta do funcionamento das bibliotecas. Outros técnico-administrativos reduziram o atendimento nos setores de Assuntos Acadêmicos, da Pró-Reitoria de Graduação e na de Pós-Graduação, que atendem alguns pedidos de forma extraordinária.

Hospital de Clínicas

No dia 17 de abril, a Justiça Federal decretou que a greve dos técnicos concursados do Hospital de Clínicas da UFPR (HC) era ilegal. O juiz Eduardo Fernando Appio determinou que a Reitoria responsabilizasse os grevistas por eventuais falhas no atendimento à população. Apesar de as atividades no hospital terem sido retomadas na semana passada, o Sinditest-PR entrou com recurso e agravo de instrumento para derrubar a liminar. "Estamos aguardando a derrubada dessa liminar, que consideramos abusiva e impede o direito dos trabalhadores de aderirem à greve", diz Márcio Palmares.

UTFPR, IFPR e Unila

A greve não tem grande impacto nos serviços dessas universidades atualmente. UTFPR e IFPR informaram que a maioria dos setores está funcionando com número de servidores reduzido. Na UTFPR, bibliotecas e RUs estão funcionando normalmente por serem terceirizados. Na Unila, os funcionários trabalham em regime de escala reduzida. "Decidimos não paralisar, mas reduzir a carga horária, igualando às outras universidades, que têm carga de seis horas diárias e não oito, como temos aqui", conta Eduardo Castilha, administrador e coordenador sindical.

Desde que a greve dos servidores técnico-administrativos das universidades federais começou, em 20 de março, vários serviços foram afetados em diferentes setores. Parte deles continua com funcionamento alterado ou sem atendimento na UFPR, UTFPR, Instituto Federal do Paraná (IFPR) e Unila.

A exceção é o Hospital de Clínicas da UFPR, que, por decisão judicial, retomou integralmente as atividades na última semana. Estima-se que boa parte dos 5 mil servidores paranaenses esteja participando de alguma forma do movimento de greve, que segue pauta nacional e atinge universidades federais de vários estados.

Para amanhã e quarta-feira, entidades sindicais planejaram uma marcha seguida de acampamento na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, liderada pela Fasubra Sindical (Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil).

Servidores técnicos do Paraná também participarão da mobilização, segundo Márcio Palmares, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público do Paraná (Sinditest-PR). "Esperamos que o ato acabe com a posição intransigente do governo federal, que tem fechado os olhos para os trabalhadores da saúde e da educação. Pedimos a abertura imediata de negociação real e, até lá, a greve segue", diz Palmares.

Já os professores das universidades federais do Paraná decidiram não entrar em greve nas duas assembleias marcadas recentemente para discutir o tema.

Moção de apoio

A UFPR publicou na página da Secretaria dos Órgãos Colegiados (ufpr.br/soc) uma moção de apoio ao movimento grevista dos servidores técnico-administrativos e à pauta de reivindicações da greve, reforçando junto aos ministérios da Educação e do Planejamento a necessidade da abertura de uma negociação efetiva. A publicação também dá a garantia de que os trabalhadores grevistas não deverão "sofrer quaisquer formas de retaliação em vista do exercício legítimo desse direito".

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