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A professora Cinthia Bittencourt Spricigo e mais cinco professores da PUCPR participam do consórcio e estão treinando outros 40 docentes em metodologias ativas. | Marcelo Andrade / Gazeta do Povo
A professora Cinthia Bittencourt Spricigo e mais cinco professores da PUCPR participam do consórcio e estão treinando outros 40 docentes em metodologias ativas.| Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo

O consórcio

Saiba mais sobre o consórcio educacional montado pelas 22 instituições de ensino superior brasileiras:

Como funciona

O consórcio Sthem é articulado por 22 universidades brasileiras em parceria com o instituto Laspau, da Universidade Harvard. A previsão é de que o grupo tenha três anos de duração. Nesse período, professores brasileiros terão cursos sobre metodologias inovadoras com especialistas de universidades renomadas. A formação é paga por cada instituição. O custo do consórcio em 2014 foi de U$ 380 mil.

Na prática

Os participantes dos cursos devem disseminar o aprendizado a outros docentes. A primeira etapa, com 40 horas, ocorreu no Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal), instituição líder do consórcio. Neste semestre, a formação será on-line, entre setembro e dezembro. Em 2015, a turma se reunirá para apresentar os resultados.

Benefícios

A formação com especialistas de universidades estrangeiras é feita no Brasil. Além disso, com as metodologias ativas, professores tornam-se mais dinâmicos e interativos e estudantes aprendem a trabalhar em grupo e a buscar soluções para problemas concretos.

Metodologias ativas

Entre as técnicas estão o aprendizado baseado em times (modelo da Universidade do Sul do Missouri), a instrução por pares e a sala de aula invertida (MIT e Harvard), o ensino baseado em projetos (Olin College, uma das mais inovadoras universidades de Engenharia) e o ensino baseado em problemas (Universidade de Delaware).

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Hoje e amanhã

Confira o que pode mudar com a aplicação de metodologias ativas nas universidades:

Agora

>>> Sala de aula tradicional, com carteiras enfileiradas e professor à frente da turma.

>>> Aulas expositivas, em que todo o conteúdo é passado em sala a partir de leituras, explicações e apresentações de slides.

>>> Estudantes geralmente vão à aula sem ter lido sobre o tema que será discutido.

>>> Durante a aula, os estudantes participam pouco de discussões ou debates, adotando postura passiva para receber as informações do professor.

>>> Quando o professor estuda casos práticos em aula, costuma trazer a história e fazer perguntas cujas respostas estão no texto-base da discussão.

Depois

>>> Salas com maior tecnologia e computadores que permitam a exposição de conteúdos a todos os alunos ou com disposição de mesas que favoreça o debate e o trabalho em grupo.

>>> Os alunos deixam de lado a postura passiva e participam da busca e da aplicação dos conhecimentos aprendidos.

>>> Os alunos buscam informações além do que foi apresentado pelo professor. Criam sites ou grupos em redes sociais para favorecer a aprendizagem cooperativa.

>>> O professor é estimulado a refletir sobre sua postura em sala de aula e torna-se mediador do conhecimento, estimulando o diálogo, o debate e a participação dos alunos.

>>> O conteúdo tem maior proximidade com a solução de problemas de organizações públicas e privadas. O estudante discute desafios que encontrará no mercado profissional e é incentivado à pesquisa na área científica e tecnológica.

Aspas

"No momento, tem os pequenos experimentos de inovação que servem de termômetro. No segundo semestre, vamos trabalhar com os professores e, no ano que vem, teremos uma campanha forte de debate sobre metodologias ativas com os alunos."

Cinthia Bittencourt Spricigo, diretora de Suporte à Graduação da PUCPR.

A sala de aula tradicional, com um professor que fala sem parar em aulas expositivas, está com os dias contados. O ambiente planejado para o amanhã será de troca de ideias, recursos tecnológicos, apresentações orais e muito trabalho para cumprir dentro e fora da universidade. Essa deve ser a realidade de, ao menos, 22 instituições brasileiras de ensino superior nos próximos anos – entre elas, estão as paranaenses Opet, PUCPR e Universidade Positivo (UP). De olho na necessidade de melhorar o processo de ensino para garantir a aprendizagem dos estudantes, elas se uniram e criaram o consórcio Sthem.

A iniciativa inédita prevê três anos de parceria com o instituto Laspau, da Universidade Harvard, período em que professores brasileiros serão capacitados para adotar metodologias e tecnologias de ensino inovadoras. Em maio, 120 docentes tiveram a primeira etapa do curso, em São Paulo.

As técnicas, baseadas na metodologia ativa de ensino, não são novidade – desde 1960, a academia discute novas abordagens em sala de aula. No entanto, longe da teoria, práticas inovadoras são pouco vistas nas universidades brasileiras e os alunos continuam a sentar-se passivamente nas aulas, aguardando a absorção do conhecimento por meio da fala do professor.

A superintendente do Grupo Opet, Adriana Karam Koleski, vê com otimismo a experiência do consórcio. "Sabemos que temos de inovar e que o aluno tem de ocupar um espaço diferente na sala de aula para que a aprendizagem ocorra, mas acabamos parando por aí, teoricamente. O consórcio é uma forma de as universidades irem além", afirma. Nas Faculdades Opet, quatro turmas de pós-graduação vivenciarão este semestre letivo em salas invertidas, um dos conceitos inovadores que alteram a lógica tradicional da sala de aula.

Na UP, três professores participaram do curso e repassaram o aprendizado a outros docentes para programar mudanças estratégicas. "Estamos aprendendo com o modelo americano, avaliando como era a aprendizagem antes e como fica depois, além de registar a satisfação dos alunos no início e ao final", conta a pró-reitora Acadêmica Márcia Sebastiani. Ela diz que alguns professores já usam métodos ativos intuitivamente, mas a ideia é abraçar um modelo mais científico.

Por sua vez, a PUCPR enviou seis professores ao treinamento. Dois deles organizam treinamento para outros docentes da universidade. "Temos essa tendência de trabalhar forte com a inovação e entramos nesse processo para não sair mais. Se o consórcio puder ser renovado, vamos renovar. Se ele morrer, vamos continuar buscando outros meios", afirma o pró-reitor de Graduação, Vidal Martins.

Iniciativas que são vitrine para novas ideias

Antes de o consórcio Sthem ser articulado, o Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal) já experimentava aulas diferenciadas no Laboratório de Metodologias Inovadoras (www.labmi.com.br), formado por professores que estudaram novas metodologias de ensino em Harvard e no MIT. Dirigentes de instituições do país inteiro têm visitado o laboratório, uma invenção do professor de Física Eric Mazur, de Harvard, que recentemente recebeu o prêmio da Academia Minerva para avanços na educação superior. Mazur foi premiado pela inovação de sua metodologia, chamada peer instruction ou aprendizado entre pares, que consiste no aprendizado pela interação com os colegas.

Em Minas Gerais, a Universidade Federal de Itajubá também saiu na frente. Há quatro anos, criou o grupo de pesquisa em Aprendizagem Baseada em Problemas, uma das técnicas de metodologia ativa. "Os alunos e professores desenvolvem o conteúdo de acordo com o problema ou projeto e apresentam uma proposta de solução. É uma experiência bem inovadora. Antes, alguns estudantes se engajavam em editais como Guerra dos Robôs e Aerodesign. Agora, têm isso em disciplinas", conta o pró-reitor adjunto de Graduação, João Batista Turrioni.

O pró-reitor conta que o consórcio é uma iniciativa pioneira. "Nunca vi um projeto com tantas instituições envolvidas com o objetivo de melhorar as práticas de ensino. A ideia do Laspau [instituto de Harvard] é que a gente desenvolva nosso próprio modelo. O modelo brasileiro de ensino inovador vai nascer a partir dessa troca que estamos começando", afirma.

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