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Veja como são corrigidas as provas de redação do Enem |
Veja como são corrigidas as provas de redação do Enem| Foto:

Histórico

Confira alguns problemas registrados nas últimas edições do Enem:

Vazamento

- No ano passado, o Ministério Público Federal do Ceará descobriu que alunos do Colégio Christus, em Fortaleza (CE), tiveram acesso a questões do Enem antes da aplicação das provas. A decisão da Justiça Federal foi a de anular as questões para os 622 estudantes da instituição, que tiveram de fazer outra prova.

- Mais de 70 alunos em todo o Brasil reclamaram de erros na correção das provas de redação. Até o momento, o Inep admitiu erros nas provas de dois alunos que tinham obtido zero como pontuação. Um deles conseguiu alterar a nota para 880 e outro para 440.

Falhas técnicas

- Em 2010, falhas técnicas no site do Ministério Educação fizeram com que informações pessoais dos estudantes inscritos no Enem ficassem disponíveis na internet por pouco mais de três horas.

- Por erros no enunciado das provas, estudantes de todo o Brasil preencheram a folha de respostas de forma equivocada.

- Provas continham menos questões ou perguntas repetidas.

Roubo de prova

- Em 2009, uma das provas do Enem foi roubada por um funcionário da gráfica encarregada pelas impressões, causando a primeira grande polêmica do exame. A avaliação teve de ser refeita.

MEC divulga primeira chamada do Sisu

Folhapress

O Ministério da Educação divulgou ontem à tarde o resultado da primeira chamado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A consulta pode ser feita no site sisu.mec.gov.br.

O Sisu é um processo seletivo unificado para o ingresso em instituições públicas de ensino superior. A seleção usa como critério o desempenho no último Exame Nacional do Ensino Mé­­dio (Enem).

Os candidatos tiveram até as 23h59 de quinta-feira para fazerem a sua inscrição pela internet, informando até duas opções de curso.

O resultado da primeira chamada estava previsto inicialmente para ser divulgado no domingo. As matrículas devem ser feitas nas próprias instituições em que os candidatos foram aprovados, nos dias 19 e 20 deste mês.

O curso de análise e desenvolvimento de sistema, do Instituto Federal de São Paulo, foi o mais procurado do processo. No total, 21,9 mil candidatos se inscreveram para disputar uma vaga nesse curso.

Como a divisão do MEC é apenas pelo curso, sem diferenciar a localidade, esse número se refere a todos os alunos que se inscreveram para essa opção do Instituto Federal de São Paulo –incluindo todos os campus da entidade.

Na sequência dos cursos mais concorridos estão ciência e tecnologia da Universidade Federal do ABC (19.751 inscrições), o mesmo curso da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (18.667) e pedagogia da Universidade Federal do Piauí (15.358).

Três estudantes no Paraná recorreram ao Ministério Público Federal (MPF-PR) para conseguir a revisão de notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Dois deles reclamam da correção da redação e o último da pontuação alcançada em outras provas. Até agora, 71 alunos no país obtiveram, por meio da Justiça Federal, o acesso à correção da prova de redação, dos quais 30 passaram por um processo de revisão. Desde o início das reclamações, dois estudantes conseguiram a alteração da nota.

A procuradora regional dos Direitos do Cidadão, Antonia Lélia Sanchez, do MPF-PR, vai unir as representações paranaenses em um mesmo procedimento administrativo e enviar um ofício até o fim de janeiro para o Minis­­tério da Educação (MEC). A expectativa do MPF-PR, no entanto, é que essas petições sejam contempladas no requerimento feito à Justiça Federal pelo MPF-CE, no qual se pede que todos os candidatos da avaliação possam ver a correção da prova de redação.

O primeiro aluno que conseguiu a revisão da nota da redação é de São Paulo e teve a sua pontuação alterada de zero para 880. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio­­nais (Inep), o primeiro corretor argumentou "fuga do tema" e deu a nota zero. O segundo e o terceiro corretores deram a nota 880, mas a primeira pontuação acabou valendo. Após a avaliação de uma banca, o Inep admitiu o erro e reconsiderou a nota.

No segundo caso, um aluno de Minas Gerais teve a sua nota alterada de zero para 440 sem recorrer à Justiça. Ele telefonou para o 0800-616161, o canal de dúvidas do Inep, e fez a reclamação. O órgão reconheceu a falha e a sua causa. O aluno mineiro, no dia da prova, avisou ao fiscal da sala que o número do seu documento de identidade estava errado na folha de prova. O incidente foi registrado, mas acabou não sendo retificado no sistema.

Os problemas identificados com a correção das provas de redação não foram os únicos inconvenientes desta edição do Enem. Poucos dias após a aplicação da prova, o MPF-CE pediu a anulação do exame após descobrir que alunos do Colégio Christus, em Fortaleza, tiveram acesso a 13 questões da prova antecipadamente. A Justiça Fe­­deral determinou que 9 perguntas fossem anuladas para os 622 estudantes da instituição.

Comparação

Na opinião de especialistas, os inconvenientes verificados na correção das provas de redação do Enem se deram, principalmente, pela grandiosidade do exame, do qual participaram quatro milhões de estudantes brasileiros. Como acontece em vestibulares de outras universidades, espera-se que os corretores passem por um treinamento intensivo e o acompanhamento do seu trabalho.

Na Unicamp, por exemplo, um dos maiores vestibulares do Brasil, na primeira fase do vestibular desse ano 120 professores trabalharam mais de oito horas por dia durante duas semanas para corrigir cerca de 60 mil redações. "É um trabalho intenso, cansativo, com controle estatístico diário", explica Maurício Kleinke, coordenador executivo da Comvest, responsável pelo concurso.

Já se espera que a correção de uma prova de redação seja subjetiva, mas as drásticas mudanças nas notas dos alunos do Enem mostram, de acordo com Renato Casagrande, consultor educacional, que faltou um melhor acompanhamento de todo o processo. "Isso é um alerta para que o Inep reavalie a qualidade os seus procedimentos e a preparação dos seus corretores", conclui.

Exame é prematuro e precisa ser repensado

O Enem ainda não tem a estrutura necessária para cumprir o papel esperado pelo Ministério da Educação, o de provocar as mudanças necessárias para melhorar a qualidade do En­si­no Médio no Brasil. De acordo com especialistas, a adoção do sistema foi prematura e agora é preciso buscar soluções para os problemas logísticos e conceituais que envolvem o exame.

O primeiro inconveniente da prova é a sua extensão e conteúdo. "O Enem começou errado. Sendo uma prova classificatória, os candidatos deveriam saber qual é o seu programa. Como os currículos de Ensino Médio são prerrogativa dos estados, não do governo nacional, é impossível delinear um programa. Sendo assim, como fazer um concurso sem programa e comparar alunos com propostas de ensino diferentes?", pergunta Renato Ribas Vaz, diretor-geral do Curso Positivo.

Nesse cenário, segundo Ribas Vaz, o método de Teoria de Resposta ao Item (TRI), adotado pelo Inep para a correção das provas de múltipla escolha perde o sentido e abre espaço para encobrir erros. Pelo TRI, o peso das questões varia de acordo com o grau de dificuldade de cada uma delas e, portanto, pode ter melhor pontuação um aluno que tenha acertado me­­nos questões, desde que sejam classificadas como "mais difíceis". "Não dá para classificar questões como mais fáceis ou difíceis, não só porque os currículos são diferentes, mas também pela diversidade dos alunos", acrescenta.

Regionalização

Uma solução, tanto para as provas de múltipla escolha co­­mo para a de Redação, de acordo com Mozart Neves Ramos, Conselheiro do Todos da Edu­­cação, ex-pró-reitor acadêmico da Universidade Federal de Pernambuco e especialista em processos seletivos, seria regionalizar a prova. Com o exame descentralizado, os organizadores do Enem poderiam reduzir bastante a possibilidade de problemas logísticos e acompanhar melhor os processos, minimizando os inconvenientes.

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