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Albert Einstein é um dos autodidatas mais famosos da história. O cientista foi o “pai” da Teoria da Relatividade, uma das contribuições científicas mais importantes do século 20. Muitas vezes, as pessoas pensam que o autodidatismo é uma habilidade exclusiva dos gênios como o Einstein. A verdade, entretanto, é que todas as pessoas têm capacidade de aprender algo sem a ajuda de um mentor. 

A psicóloga e professora Tatiana Riechi — que coordena o Núcleo de Estudos e Práticas em Altas Habilidades/Superdotação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) — explica que o autodidatismo é um estilo de aprendizagem. 

Segundo ela, uma pessoa que é capaz de organizar, planejar e executar os estudos pode ser considerada autodidata. “Não é coisa de gênio, não há nada de genético. O autodidatismo acontece quando um indivíduo se responsabiliza pela sua aprendizagem. Assim, é ele quem escolhe a técnica, o instrumento e o método que serão necessários para atingir o seu objetivo”, disse ela à Gazeta do Povo

A psicológica afirma que uma pessoa que deseja se tornar autodidata deve desenvolver quatro habilidades essenciais: perseverança, proatividade, organização e controle de resultados. Além disso, gostar daquilo que pretende aprender é indispensável. 

“O autodidata deve ser um indivíduo extremamente motivado com aquilo que ele quer conhecer. Isso é essencial para se organizar e não desistir diante dos obstáculos”, afirma. 

Exemplo

Motivação é o que não falta pra a pintora e desenhista Yasmin Cupertino. A jovem de 18 anos começou a desenhar nos tempos de pré-escola e, atualmente, faz pinturas com tintas a óleo. 

Yasmin conta que iniciou sua habilidade desenhando roupas de princesa e quadrinhos no estilo mangá — na época, ela lia revistinhas que ensinavam a fazer ilustrações infantis. Com o tempo, a jovem se apaixonou pela aquarela e pela pintura a óleo. 

Pintura de Yasmin CupertinoArquivo pessoal

“Eu lia manuais, revistas, e olhava referências na internet. Tudo isso me ajudou. Eu nunca precisei fazer um curso. Sempre tive o interesse de procurar por mim mesma e de me desafiar. É legal ser o seu próprio professor, mas também é necessário que você seja apaixonado por aquilo que está aprendendo”, diz. 

A biomédica Ariane Bachega, de 28 anos, tem uma história parecida. Autodidata, ela aprendeu a costurar, bordar, fazer crochê e tricô na internet. Atualmente, ela se divide entre a medicina e o seu ateliê, local onde comercializa suas criações. 

“Sempre aprendi melhor sozinha, não gostava de estudar em grupo ou com um professor. Até o inglês eu desenvolvi por conta própria. É claro que o autodidatismo é um processo mais demorado, é preciso ser persistente e determinado, além de gostar muito do que faz”, pondera. 

De acordo com um levantamento feito pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), grande parte dos sistemas educacionais mais bem-sucedidos do mundo encontra-se na Ásia, onde os alunos demonstram alta capacidade de autodidatismo. 

 Estilo de vida 

A musicista Joyce Rodrigues, 20, é outro exemplo de que é possível aprender algo por contra própria. A jovem toca violão, guitarra e bateria desde os seis anos de idade. Segundo ela, a curiosidade foi o que a impulsionou a buscar conhecimento. 

“Eu não tinha acesso à internet na época. Então, eu ia ‘fuçando’ os instrumentos e foi assim que eu aprendi. Consegui escrever e falar inglês de forma parecida”, conta. 

Joyce considera o autodidatismo um estilo de vida. Atualmente, ela se dedica aos estudos sobre fotografia e edição de vídeo. A paixão por adquirir conhecimento sozinha é tanta que ela chegou a tatuar a frase “autodidautonomia” (junção de autodidata com autonomia) no corpo. 

“Há alguns anos, eu achava a palavra ‘autodidata’ um pouco pretensiosa. Mas depois eu pesquisei melhor e me identifiquei muito. Hoje, o método se tornou a minha filosofia de vida. Tento aprender o máximo de coisas possíveis sem precisar depender de terceiros”, diz. 

Autodidatismo e superdotação 

Apesar de muitas pessoas confundirem o autodidatismo com a superdotação, é importante ressaltar que os dois conceitos são completamente diferentes. A professora Tatiana Riechi explica que pessoas com altas habilidades exigem muito dos mentores, diferentemente dos autodidatas. 

“O autodidata pode ser apenas um indivíduo muito esforçado, organizado e motivado. É um adulto que não sabe ler, por exemplo, e aprende por conta própria. Já as pessoas consideradas superdotadas são aquelas que perguntam na aula, cobram e exigem muito do professor. Para elas, o autodidatismo é apenas mais um método de estudo”, explica. 

Para identificar possíveis alunos portadores de altas habilidades, o Programa de Evidências de Altas Habilidades/Superdotação nas Universidades (PEGAHSUS) disponibiliza um questionário aos recém-chegados nos cursos de graduação da UFPR. 

“Uma das perguntas é se o sujeito é autodidata. No entanto, essa é apenas uma das características de um estudante superdotado”, diz Tatiana. 

Como se tornar um autodidata 

Se você deseja aprender algo por conta própria, Tatiana dá algumas dicas. A primeira delas é traçar metas alcançáveis. “Não queira falar alemão em três meses, mas se proponha a aprender 50 palavras do idioma nesse período”. 

Depois, é importante escolher um tema motivador e desafiador para si meso, além de ser muito proativo. “A pessoa precisa entender que ele é o responsável por sua própria aprendizagem. Não é bom ficar preso a um conteúdo limitado”, finaliza.

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