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Jair Bolsonaro e o PT de Lula tentam emplacar algum prefeito nas capitais no segundo turno.
Jair Bolsonaro e o PT de Lula tentam emplacar algum prefeito nas capitais no segundo turno.| Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro e o PT não tiveram um bom primeiro turno nas eleições municipais de 2020. Enquanto o chefe do Executivo nacional viu seus candidatos ficarem pelo caminho ou, no máximo, irem para o segundo turno, o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encolheu e não conseguiu eleger ninguém nas capitais até agora.

Ao Partido dos Trabalhadores restam apenas duas opções: Recife e Vitória. Somente nessas duas capitais a legenda avançou para o segundo turno. Em ambas, a disputa está equilibrada: a legenda pode levar as duas prefeituras ou ficar, depois de várias eleições, sem nenhuma capital sob seu comando.

Já Bolsonaro, sem partido, não entrou de cabeça na campanha municipal. Preferiu apenas apontar alguns candidatos aos eleitores. E, mesmo com poucos apadrinhados, não obteve sucesso nas capitais. Alguns deles chegaram ao segundo turno, como em Fortaleza, Rio de Janeiro e Belém. Já nessa etapa do processo eleitoral, Bolsonaro fez uma nova rodada de apoios e incluiu Rio Branco no mapa.

Veja abaixo as últimas chances de Bolsonaro e do PT de elegerem seus candidatos nas capitais:

Fortaleza: capitão com dificuldades para alavancar campanha

O deputado federal Capitão Wagner (Pros) foi um dos poucos candidatos que receberam explicitamente o apoio de Jair Bolsonaro. Além das “lives eleitorais”, o presidente também usou uma publicação no Facebook na véspera do primeiro turno para pedir votos ao adversário de Sarto (PDT), apoiado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes. No dia da eleição, Bolsonaro decidiu apagar a postagem.

O preferido do presidente em Fortaleza, porém, não tem feito muito esforço para colar-se a ele. Mais que isso, tem rejeitado os “padrinhos políticos” que ele tanto critica no adversário. “Não tenho políticos tradicionais ao meu lado, não tenho padrinhos políticos, e me orgulho disso, viu?”, escreveu Wagner na quarta-feira (25), em uma rede social.

O resultado no primeiro turno não foi animador. Sarto terminou na frente com 35,72% dos votos válidos, contra 33,32% de Capitão Wagner. E, pelas pesquisas, Wagner arrisca não ter êxito no próximo domingo (29). O Ibope, na segunda-feira (23), apontou 60% das intenções de votos válidos para Sarto e 40% para o candidato de Bolsonaro (veja abaixo a metodologia dos levantamentos citados na reportagem).

Recife: Marília Arraes é esperança do PT

Também no Nordeste está a grande aposta do PT para o segundo turno: é Marília Arraes (PT), que concorre à prefeitura do Recife. Neta de Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco e político tradicional no Nordeste, ela tenta não só quebrar a hegemonia do clã Campos, mas também recolocar o PT no comando da capital pernambucana.

Depois de três mandatos de petistas, entre 2001 e 2012, o partido viu o PSB de João Campos tomar o controle. Era o mesmo PSB de Marília, até 2016, quando ela rompeu com a família Campos – que é a sua família também, já que o adversário da eleição é seu primo em segundo grau – e se filiou ao PT.

Marília saiu atrás na disputa, mas consolidou a campanha ao passar para o segundo turno com menos de 2 pontos de diferença nos votos válidos: Campos teve 29,17%, contra 27,95% da petista. A possibilidade de vencer ficou real e, a partir de então, até mesmo o ex-presidente Lula decidiu entrar na campanha.

Nas redes sociais e em vídeos ao vivo, Lula pediu votos para ela. “Eu acho que você [Marília] vai fazer história em Pernambuco e vai fazer história em Recife”, disse o ex-presidente. Ele também colocou outras lideranças do partido para apoiar a candidata, como Fernando Haddad e Benedita da Silva.

Mesmo com o apoio de Lula, a disputa continua apertada. Segundo pesquisa do Ibope de quarta-feira (25), Marília tem 49% das intenções de votos válidos, contra 51% de João Campos. Pela margem de erro de 3 pontos percentuais, os dois estão empatados tecnicamente.

Rio de Janeiro: Crivella tem poucas chances de vitória, segundo as pesquisas

Na Região Sudeste, Bolsonaro aposta em Marcelo Crivella (Republicanos) para o comando do Rio de Janeiro. O apoio ao atual prefeito do Rio, entretanto, não foi dos mais engajados: em outubro, quando declarou voto no candidato, Bolsonaro afirmou que sabia que o candidato era "polêmico".

"Estou aqui com o Crivella. Conheço ele há muito tempo. Foi deputado federal comigo, depois foi ser senador, prefeito do Rio de Janeiro", afirmou o presidente em uma de suas lives eleitorais.

Crivella não enfrentou apenas as "polêmicas" durante a campanha: para poder seguir na disputa, o candidato teve que ir à Justiça, já que havia sido declarado inelegível pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro. Em outubro, o candidato obteve uma liminar, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que permitiu a candidatura.

Mesmo assim, as pesquisas apontam que o candidato de Bolsonaro tem poucas chances de vencer. Levantamento do Datafolha, divulgado na quinta-feira (26), mostra que Crivella tem apenas 30% dos votos válidos, contra 70% do adversário, Eduardo Paes (DEM).

Vitória: PT sonha em voltar à prefeitura após oito anos

Prefeito de Vitória entre 2005 e 2012, João Coser (PT) enfrenta uma disputa equilibrada para voltar ao comando da capital capixaba. Última chance do PT em uma capital do Sudeste, o candidato tem encontrado dificuldades para consolidar a campanha.

No primeiro turno, Coser passou em segundo lugar com uma diferença de 1.201 votos para o terceiro colocado, Gandini (Cidadania). Na segunda parte da campanha, tem conseguido ficar mais próximo de Delegado Pazolini (Republicanos), mas ainda sem nenhuma garantia de que conseguirá prevalecer.

Segundo pesquisa Ibope de segunda-feira (23), Coser aparece com 47% das intenções de votos válidos, enquanto Pazolini tem 53%. Apesar de numericamente atrás, o candidato do PT está tecnicamente empatado com o adversário dentro da margem de erro do levantamento, de 4 pontos percentuais.

Belém: delegado apoiado por Bolsonaro disputa com candidato do Psol

Em 2018 pelo PSL, então partido do presidente Bolsonaro, Everaldo Eguchi (Patriota) tentou uma vaga de deputado federal, mas não conseguiu ser eleito. Dois anos depois, mudou de partido e tenta agora assumir a prefeitura de Belém. E ele não perdeu o apoio do presidente, que pediu votos ao candidato no primeiro turno.

Eguchi não se coloca como "candidato de Bolsonaro em Belém". Ao longo da campanha, disse várias vezes que compartilha das mesmas ideias do presidente, mas que não depende dele para conseguir se eleger. No segundo turno, no entanto, o alinhamento pode fazer a diferença.

Apesar de avançar para a disputa final, ele ficou atrás de Edmilson Rodrigues (Psol): 34,22% contra 23,06% dos votos válidos. No entanto, o jogo pode acabar virando no próximo domingo. Segundo pesquisa Ibope divulgada em 21 de novembro, Eguchi soma 48% dos votos válidos, contra 52% de Edmilson. Pela margem de erro de 4 pontos percentuais, os dois estão empatados tecnicamente.

Rio Branco: ex-PSL ganha apoio de Bolsonaro e caminha para vitória

O presidente Jair Bolsonaro ignorou a candidatura de Tião Bocalom (PP) no primeiro turno: não pediu votos nas lives nem no Facebook. Com a ida do candidato para o segundo turno com boa vantagem sobre a adversária Socorro Neri (PSB), no entanto, Bolsonaro decidiu demonstrar apoio.

Em vídeo ao lado do senador Márcio Bittar (MDB-AC), o presidente declarou estar apoiando o postulante do PP. “Olá prezado Bocalom, nesse segundo turno ‘tamo junto’. Boa sorte”, disse Bolsonaro.

Bocalom se filiou ao PP neste ano, exatamente para a disputa municipal. Na onda do bolsonarismo, em 2018 ele estava no PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu. Na época tentou ser deputado federal, mas não conseguiu se eleger. As ideias conservadoras, porém, mantiveram os dois alinhados.

Na disputa pelo segundo turno, as pesquisas indicam boa vantagem de Bocalom. Segundo levantamento do Ibope, divulgado na última sexta-feira (20), ele tem 70% das intenções de votos válidos, contra 30% de Socorro Neri.

Metodologia das pesquisas citadas na reportagem

Fortaleza

  • Sob encomenda da TV Verdes Mares, o Ibope ouviu 805 eleitores de Fortaleza entre os dias 21 e 22 de novembro de 2020. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a identificação CE-07611/2020.

Recife

  • Sob encomenda da TV Globo e do Jornal do Commercio, o Ibope ouviu 1.001 eleitores do Recife entre os dias 23 e 25 de novembro de 2020. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a identificação PE-04600/2020.

Rio de Janeiro

  • Sob encomenda da Folha de S. Paulo e da TV Globo, o Datafolha ouviu 1.148 eleitores do Rio de Janeiro entre os dias 24 e 25 de novembro de 2020. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a identificação RJ-03404/2020.

Vitória

  • Sob encomenda da TV Gazeta, o Ibope ouviu 602 eleitores de Vitória entre os dias 21 e 23 de novembro de 2020. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a identificação ES-05907/2020.

Belém

  • Sob encomenda da TV Liberal, o Ibope ouviu 602 eleitores de Belém entre os dias 18 e 20 de novembro. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 4 pontos percentuais. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a identificação PA-08277/2020.

Rio Branco

  • Sob encomenda da Rede Amazônica de Rádio e Televisão, o Ibope ouviu 602 eleitores de Rio Branco entre os dias 18 e 20 de novembro. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 4 pontos percentuais. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a identificação AC-06347/2020.
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