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mulheres candidatas a prefeitura de porto alegre
Manuela DÁvila (PCdoB), Juliana Brizola (PDT) e Fernanda Melchionna (Psol): esquerda corre dividida em Porto Alegre.| Foto: Reprodução

Com o prefeito Nelson Marchezan (PSDB) em meio a um processo de impeachment, e um cenário com 13 candidatos, a eleição em Porto Alegre caminha para uma definição em segundo turno. A esquerda aposta nas mulheres para tentar conquistar a prefeitura no pleito desse ano, mas corre dividida.

A jornalista Manuela D’Ávila (PCdoB), de 39 anos, que foi candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad (PT) em 2018, disputa o cargo pela terceira vez, após as tentativas de 2008 e 2012 – quando ficou em terceiro e segundo lugar, respectivamente. Num movimento inédito e diferente de outras capitais, o Partido dos Trabalhadores (PT) não lançou candidatura própria e optou por formar chapa com Manuela. O vice é o ex-ministro petista Miguel Rossetto, que já foi candidato ao governo do Rio Grande do Sul em 2018.

"Nessa campanha teremos quatro candidatos que governaram a cidade nos últimos dez anos: o prefeito [Nelson Marchezan, PSDB], o vice-prefeito [Gustavo Paim, PP], o ex-prefeito [José Fortunati, PTB] e o ex-vice-prefeito [Sebastião Melo, MDB]. Se seguirmos sempre pelos mesmos caminhos, nós chegaremos nos mesmos lugares", afirmou Manuela, na convenção do partido que oficializou a candidatura.

PDT e PSB apostam na neta de Leonel Brizola; Psol lança Fernanda Melchionna

Assim como o Rio de Janeiro, Porto Alegre virou laboratório para uma aliança nacional entre PDT e PSB. Na capital fluminense, a candidata à prefeitura delegada Martha Rocha (PDT), 61 anos, montou uma chapa com o diretor de cinema Anderson Quack, do PSB.

A dobradinha se repete na capital gaúcha com a deputada estadual Juliana Brizola (PDT), 45 anos, e a funcionária pública e especialista em educação Maria Luiza Loose, a Malu, do PSB. É a primeira vez que uma chapa inteiramente feminina disputa a prefeitura de Porto Alegre. A coligação conta, também, com a Rede.

“As dezenas de parcerias e coligações PDT/PSB já estão fazendo um grande bem à política no país. Criamos uma nova alternativa de poder pela centro-esquerda, ‘sem ranço nem preconceito’”, escreveu, no Twitter, o deputado federal e presidente do PDT no Rio Grande do Sul, Pompeo de Mattos.

Mais que pela carreira política – ela foi secretária municipal e vereadora em Porto Alegre, e está no segundo mandato como deputada estadual do Rio Grande do Sul –, Juliana pode ter a candidatura turbinada pelo sobrenome que carrega. Ela conta, ainda, com a máquina partidária consolidada no estado.

O Psol também escolheu uma mulher. É a deputada federal Fernanda Melchionna, 36, conhecida pela pauta feminista e social. Em 2018, ela foi a mulher mais votada no estado. O vice na chapa é o ex-árbitro de futebol e comentarista de arbitragem Márcio Chagas da Silva, do mesmo partido. A coligação engloba também PCB e Unidade Popular.

Candidaturas podem fragmentar voto da esquerda em Porto Alegre, afirma especialista

Apesar de serem nomes fortes, todas essas candidaturas da esquerda podem fragmentar o voto progressista, de acordo com Rodrigo Stump Gonzalez, cientista político da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Se Psol, PDT e PT tivessem se unido, seria uma candidatura muito forte. A esquerda corre o risco de não chegar ao segundo turno se ficar brigando entre si”, avalia.

O cenário de fragmentação pode favorecer o próprio prefeito, apesar de o mandatário ter tido a imagem de bom gestor desgastada pela forma como lidou coma pandemia do novo coronavírus. O candidato do MDB, o advogado Sebastião Melo, 62 anos – derrotado por Marchezan no segundo turno em 2016 – também pode se beneficiar da divisão da esquerda.

Melo, que tem décadas de enraizamento nos movimentos de bairros, reconhece que a campanha deverá ser pautada principalmente por questões locais, com pouco engajamento ideológico, e que o presidente Jair Bolsonaro não deverá se envolver no pleito gaúcho – pelo menos no primeiro turno. Mas não esconde que irá buscar o voto do eleitorado mais conservador.

“A nossa aliança dialoga muito com as pautas do Bolsonaro. A questão do combate à corrupção para mim tem que ser permanente. Nós já dialogamos com a pauta da desestatização: os serviços não necessariamente precisam ser prestados pelo poder público”, afirma o candidato.

Sua agenda conta com um plano emergencial para a retomada da economia e ações de proteção social, como a ampliação do restaurante popular da capital. A chapa de Melo foi formada com o advogado e vereador Ricardo Gomes (DEM). A coligação, que conta também com Cidadania, Solidariedade, Democracia Cristã, PTC e PRTB, tem mais de 200 candidatos a vereador.

Há, porém, mais um fator a ser considerado: com o corpo a corpo limitado por causa da pandemia, candidatos mais jovens e hábeis com as ferramentas digitais podem sair na frente. “O fato de um candidato ter uma imagem reconhecida pelo público, por uma exposição nas mídias, facilita”, avalia Gonzalez, da UFRGS. Por isso, segundo ele, o rosto de Manuela e o sobrenome Brizola podem fazer a diferença nessa eleição.

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