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Serginho do Posto fez denúncia após episódio envolvendo carro de som em Curitiba.
Vereador Serginho do Posto (DEM) mostra registro de denúncia feito à PF na sessão remota desta quarta-feira (11)| Foto: Reprodução/YouTube/Câmara Municipal de Curitiba

Um carro de som contratado pelo Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac) deu origem nesta terça-feira (10) a uma confusão que envolve quatro vereadores da cidade, três dos quais disputam a reeleição no pleito do próximo domingo (15). O episódio terminou na Superintendência da Polícia Federal (PF), no bairro Santa Cândida, onde os parlamentares registraram uma queixa de crime eleitoral.

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O veículo circulava por volta das 9 horas da manhã no bairro Cajuru, divulgando uma mensagem contra Serginho do Posto (DEM), Toninho da Farmácia (DEM) e Beto Morais (PSD), que tentam novo mandato, e Julieta Reis (DEM), que abriu mão da candidatura, mas cujo filho é candidato a uma cadeira no legislativo municipal.

O áudio que o carro de som anunciava transmitia a seguinte mensagem: “Olá, população. Os vereadores Serginho do Posto, Toninho da Farmácia e Julieta Reis estão envolvidos em um escândalo de nepotismo na Câmara. Não permita que usem o seu dinheiro para empregar parentes com altos salários. A distribuição de cargos é grave. E exigimos a perda do mandato e a devolução do dinheiro aos cofres públicos. E ainda tem o vereador Beto Moraes, acusado por compra de votos. Chega de impunidade.”

Os dizeres fazem referência a duas denúncias apresentadas pelo Sismuc e pelo Sismmac e que chegaram ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. As investigações sobre nepotismo cruzado contra Serginho, Toninho e Julieta ainda estão em andamento. As acusações são de que os parlamentares teriam indicado parentes para cargos comissionados e funções gratificadas no Executivo em troca de favores, como o apoio a projetos da atual gestão no Legislativo. Todos negam qualquer irregularidade. A apuração contra Moraes por compra de votos por meio de distribuição de brindes, por sua vez, foi arquivada.

Ao tomarem conhecimento da ação que ocorria no Cajuru, cabos eleitorais pararam o carro de som e chamaram a Guarda Municipal, que acabou conduzindo o motorista e o veículo para o 8º Distrito Policial, no Portão, para onde os quatro vereadores se deslocaram para acompanhar a ocorrência. Por entender tratar-se de questão eleitoral, o delegado encaminhou o caso para a PF, para onde vereadores, assessores, membros dos sindicados e advogados das duas partes se dirigiram. O episódio terminou por volta de 19h30, com o registro da denúncia e a liberação do carro e dos envolvidos.

Na manhã desta quarta-feira (11), Serginho do Posto levou o assunto à sessão da Câmara Municipal de Curitiba. “A pergunta que eu deixo hoje é: a quem interessa prejudicar o vereador que obteve o maior respeito com o dinheiro público da história desta Casa?”, disse ele, que foi presidente do Legislativo municipal anteriormente. “Isso é um atentado à democracia”, declarou.

“Por que essa perseguição? A mando de quem? Por que estão tentando me tirar do processo democrático e do processo eleitoral? Fica essa pergunta. Hoje está acontecendo comigo, mas pode acontecer com qualquer pessoa. Principalmente pessoas que estão a serviço do bem público, prestando com o maior denodo, com a maior responsabilidade, um mandato que me foi honrado pelos votos de confiança que a população curitibana me deu”, disse. “A partir de agora, esse crime eleitoral, com a ocorrência na Polícia Federal, terá outras tratativas.”

Julieta Reis falou na sequência, classificando o ocorrido no dia anterior como uma “ação antidemocrática”. “Contratar um carro de som para sair aí denegrindo a imagem de pessoas honestas, que trabalham pelo bem comum é uma atitude antipolítica”, afirmou. “Não podemos aceitar essas ações antidemocráticas e principalmente um crime eleitoral cometido por uma política rasteira.”

Toninho da Farmácia ressaltou que considera que o uso do carro de som pelos sindicatos trata-se de crime. “Nós, de forma alguma, votamos contra o cidadão curitibano. Votamos pela cidade de Curitiba, pela recuperação da cidade. Estão invertendo as coisas. Ninguém tem o direito de denegrir a imagem de ninguém. É um crime que estão cometendo.”

Outros vereadores, como Colpani (PSB), Osias Moraes (Republicanos) e Ezequias Barros (PMB), que não estiveram envolvidos nas denúncias, prestaram solidariedade aos colegas. “Me solidarizo com o vereador Serginho do Posto, porque também fiz parte daqueles verdadeiros heróis que, na oportunidade, votaram o ajuste fiscal forçosamente na Ópera de Arame”, disse Colpani. “Nós sabemos muito bem quem está por trás disso. Estamos sendo perseguidos, Serginho, Julieta, Pier [Petruzziello], os vereadores que participaram daquele verdadeiro ato de heroísmo, na minha opinião – porque veja como Curitiba está agora.”

O Sismmac, por sua vez, classificou o ato das campanhas dos vereadores como censura. “O carro de som só comunicava denúncias que já foram feitas, nada além do que é público. Entendemos que não é crime nenhum. Crime é nepotismo e compra de votos”, diz Wagner Batista, da direção do Sismmac. “Eles tentam esconder de todo modo. Parece que não querem nem provar que não fizeram.”

Na versão dos sindicalistas, houve truculência por parte dos cabos eleitorais. Segundo Batista, pessoas envolvidas nas campanhas se puseram na frente do carro, colocaram a mão pela janela do veículo e retiraram a chave da ignição à força. Em frente à delegacia, o diretor do Sismmac afirma ter sido agredido em duas ocasiões. A primeira quando fotografava os vereadores e teve o celular derrubado de sua mão, e a segunda enquanto conversava com advogados das entidades e teria sido golpeado na cabeça.

“Solicitamos uma representação por agressão, mas a guarda municipal e o policial militar que estavam lá liberaram ele, sem nem olharem o documento para ver quem era. Ele correu e nem sabemos o nome”, diz. “Solicitamos o registro da ocorrência, mas eles não quiseram incluir isso no BO do carro de som, então vamos voltar hoje [quarta-feira] para fazer um novo BO.”

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