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Doações de campanha eleitoral podem ser feitas para candidatos ou ainda para diretórios regionais ou municipais dos partidos.
Doações de campanha eleitoral podem ser feitas para candidatos ou ainda para diretórios regionais ou municipais dos partidos.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Candidato a vereador em Matrinchã (Goiás), Paulo Perereca (PP) lidera o ranking de investimento de recursos próprios na campanha de 2020. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Perereca investiu R$ 3 milhões na própria candidatura. O valor declarado chama a atenção especialmente pelo tamanho da cidade: segundo o IBGE, Matrinchã tem apenas 4.414 habitantes. Sem contar o patrimônio que o próprio candidato declarou ao TSE, de R$ 51 mil.

O caso de Paulo Perereca é só mais um entre os tantos erros que os candidatos cometem ao declarar a entrada de recursos nas campanhas no sistema do TSE. Ele liderava o ranking em 28 de outubro, dia em que a reportagem da Gazeta do Povo verificou as informações, mas após a correção deve despencar no placar.

Outro candidato a vereador, Branco Araçatuba (PSL), que concorre no interior de São Paulo, por exemplo, estava entre os que mais investiram na própria campanha. O valor de R$ 600.060,00, porém, foi um erro de digitação. Alguns dias depois ele corrigiu a informação no sistema do TSE, para R$ 640,00.

Mas, quando é para valer mesmo, sem equívocos, o candidato que mais investiu na própria campanha até agora foi Fabiano Cazeca (Pros), que concorre à prefeitura de Belo Horizonte. O empresário destinou R$ 1,4 milhão de seu patrimônio para alavancar a candidatura – de acordo com a declaração ao TSE, ele tem R$ 5,5 milhões em bens. E esse é o único recurso que a campanha recebeu.

Cazeca ainda ajudou um oponente: ele doou R$ 20 mil à candidatura de Cabo Xavier (PMB), que também concorre à prefeitura de Belo Horizonte.

O segundo colocado no ranking do investimento de recursos próprios em campanha é o candidato a prefeito de Curitiba João Guilherme (Novo). Ele declarou ao TSE um total de R$ 13,2 milhões em bens, e destinou R$ 545 mil desse patrimônio à campanha.

É também em Minas Gerais que está o ocupante do terceiro lugar. O atual prefeito de Betim, Vittorio Medioli (PSD), já investiu R$ 500 mil em sua tentativa de reeleição – ele tem um patrimônio declarado de R$ 351,7 milhões. Além desse recurso, Medioli ainda recebeu R$ 210 mil da esposa e das duas filhas.

Os maiores valores geralmente vão para as campanhas a prefeito. Já no caso de vereador, os recursos próprios tendem a diminuir – o que não impede importantes investimentos. É o caso do vereador Aurélio Nomura (PSDB), que concorre mais uma vez à Câmara Municipal de São Paulo – ele está no Legislativo local há vários mandatos. Até agora, Nomura destinou R$ 200 mil para a candidatura.

Os maiores doadores e as maiores doações de campanha

Mas não é só de recursos próprios ou de fundo eleitoral que vive uma campanha. Desde 2015 é proibido o financiamento de campanhas eleitorais por empresas e, por isso, agora grande parte dos recursos são dos próprios candidatos e, especialmente, de doações de outras pessoas. Mas, ainda assim, há um limite, que é de 10% da renda bruta anual declarada pelo doador à Receita Federal no ano anterior ao pleito.

As doações para campanhas podem ser somente para um candidato ou para vários, ou ainda para os diretórios regionais ou municipais dos partidos – neste caso, a agremiação faz o direcionamento dos recursos.

Até 28 de outubro, o maior doador em 2020 era o empresário e ex-secretário de Desestatização do governo Bolsonaro, Salim Mattar. Ele destinou R$ 1.768.500,00 para 147 candidaturas de todo o Brasil. O maior agraciado foi o candidato a prefeito de Recife, Mendonça Filho (DEM), com R$ 200 mil. No segundo lugar está Rodrigo Marinho (Novo), que concorre a uma vaga de vereador em Fortaleza – ele recebeu R$ 50 mil. O terceiro é Fernando Holiday (Patriota), candidato à Câmara Municipal de São Paulo, com R$ 35 mil.

O segundo maior doador é o empresário Rubens Ometto, que já irrigou 20 campanhas com um total de R$ 1,67 milhão. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), que concorre à reeleição, recebeu R$ 200 mil. O segundo e terceiro mais agraciados foram os diretórios estadual e municipal do Cidadania em São Paulo, com R$ 180 mil e R$ 120 mil, respectivamente.

O empresário Eugenio Mattar, irmão de Salim Mattar, está na terceira colocação entre os maiores doadores. Ele destinou até agora R$ 1,2 milhão para cinco candidaturas, sendo que só o candidato a prefeito de Belo Horizonte, Rodrigo Paiva (Novo), recebeu R$ 1 milhão. Outros R$ 200 mil foram divididos igualmente entre Fernanda Pereira Altoé, Lucas Pitta, Marcela Ricardo e Cris Kumaira, todos candidatos a vereador pelo Novo na capital mineira.

As doações a terceiros também não estão imunes a erros de digitação, normalmente acrescentando zeros ao valor na hora da declaração. Até 28 de outubro, o maior doador era Cassio Ronan Estulano Caldas, que teria destinado R$ 28,6 milhões para uma única campanha, a do Professor de Assis (Avante), candidato a vereador em Candeias do Jamari, em Rondônia.

Candidato a vereador em Touros, no Rio Grande do Norte, Gilde Cajueiro (PP) era há alguns dias o que havia recebido o maior valor em doação: R$ 1.500.007,71. O recurso à campanha, doado por Raissa Felipe de Souza, foi posteriormente corrigido para R$ 1,5 mil.

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