Faltando pouco mais de dois meses para as eleições municipais, a pré-campanha em Cascavel, no Oeste paranaense, ainda anda morna nas redes sociais. No entanto, as postagens já dão pistas do comportamento dos candidatos, em termos de tons de discurso e alianças adotadas. É o que mostra um estudo do Instituto Pólis que analisou interações dos candidatos ao governo municipal do município no Facebook. O levantamento mostrou que a maior parte dos conteúdos publicados se refere a informações de utilidade pública.
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O trabalho considerou inicialmente os perfis de cinco pré-candidatos à prefeitura de Cascavel: o atual prefeito Leonaldo Paranhos (PSC), os deputados estaduais Coronel Lee (PSL) e Márcio Pacheco (PDT), o apresentador de TV Carlos Moraes (Avante) e o empresário Edgar Bueno (Pros). Foram então selecionadas até 100 publicações de cada um em uma contagem da mais recente até a mais antiga, limitado até 15 de março (caso não fosse atingida a contagem de 100 posts).
As pesquisadoras Carolina de Paula, Francieli Manginelli e Sandra Avi dos Santos, coordenadoras do estudo, fizeram um recorte temático, escolhendo a pandemia do novo coronavírus para a análise. Elas justificam a escolha por ser esse um tema central nos meios de comunicação e nas redes sociais ao longo dos últimos meses, além de ser pauta para debates nas eleições de 2020.
Assim, por meio de um software de raspagem de dados, entraram no universo da pesquisa todas as postagens com menção a “covid-19”, “covid”, “coronavírus”, “corona”, “vírus”, “quarentena”, “isolamento” ou “pandemia”. Já a escolha do Facebook para a análise ocorreu por tratar-se de uma rede social com o maior volume de conteúdo público nos perfis dos pré-candidatos.
De acordo com o levantamento, Paranhos fez 100 publicações sobre temas relativos à pandemia nos últimos dois meses. Coronel Lee levou cerca de seis meses para isso. Já Márcio Pacheco postou 59 vezes desde 15 de março, enquanto Carlos Moraes fez 12 posts. Como a quantidade de publicações de Bueno ao final dos filtros foi de apenas três, ele acabou ficando de fora das análises, uma vez que os dados seriam insuficientes para comparar seu comportamento com os dos demais.
O comportamento dos pré-candidatos foi avaliado sob três aspectos: perspectiva, nível federativo e engajamento. O primeiro diz respeito ao viés das publicações em relação a ações das atuais gestões, seja em nível municipal, estadual, federal ou internacional – de apoio, crítico ou apenas informativo.
O levantamento mostrou que a perspectiva informativa dominou as publicações analisadas entre três dos quatro pré-candidatos considerados. Apenas Carlos Moraes fez mais postagens críticas do que informativas.
“Essa tendência demonstra que os pré-candidatos fizeram uso da rede social como uma ferramenta para disseminar informações das mais variadas categorias (cuidados, dados, vacinas e permissões/proibições, por exemplos), se comportando então como um serviço de utilidade pública para seus seguidores”, explicam as coordenadoras do estudo.
Quando analisado o enfoque em relação ao nível federativo, cada candidato apresenta comportamentos particulares. Enquanto o atual prefeito Paranhos fez todas as publicações referentes à cidade de Cascavel, Lee concentrou suas manifestações principalmente no âmbito federal, uma vez que é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – mais até do que em nível de Paraná, apesar de ser deputado estadual.
Pacheco e Moraes discutem mais os temas de âmbito municipal, mas o segundo, embora tenha o menor volume de postagens, destaca-se por um posicionamento majoritariamente crítico, já na lógica da disputa eleitoral.
Em relação ao engajamento, métrica que expressa a soma de todas as interações de uma postagem (curtidas, compartilhamentos e comentários), Pacheco ficou à frente dos demais concorrentes. Ele teve quatro dos cinco posts com maior engajamento – o outro ficou com Paranhos.
Conclusões
“Em suma, percebemos que os pré-candidatos com cargos ativos (Paranhos, Pacheco e Cel. Lee) usaram sua rede social muito mais para uma prestação de conta de seus serviços”, explicam as coordenadoras do estudo. Carlos Moraes adota mais o tom de campanha, fazendo visitas e pontuando decisões do atual prefeito, a fim de levantar visibilidade para suas opiniões. Apesar disso, foi o que menos se manifestou a respeito do tema escolhido para o estudo.
Em uma análise à parte, o mesmo comportamento foi notado no perfil de Edgar Bueno, porém considerando também publicações não relacionadas à pandemia, já que também usou pouco suas redes para falar do tema.
As pesquisadoras destacam que em eleições municipais os eleitores tendem a priorizar discussões e temas ligados aos problemas da sua cidade – exatamente os assuntos que mais trouxeram engajamento para os pré-candidatos.
Confira o estudo do Instituto Pólis
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