• Carregando...
Covas (PSDB) e Boulos (Psol) vão disputar 2º turno em São Paulo
| Foto:

O prefeito Bruno Covas (PSDB), que tenta a reeleição, enfrentará Guilherme Boulos (Psol) no segundo turno das eleições municipais, em São Paulo. Com 99,92% das urnas apuradas, Covas fez 32,86% dos votos contra 20,24% de Boulos no primeiro turno, realizado neste domingo (15). Os números ainda podem sofrer pequenas alterações.

Covas fez um pronunciamento em que comemorou o resultado e fez um aceno para o eleitorado de centro para criar uma frente ampla no segundo turno. "É tempo de união", disse o prefeito. E acrescentou que o primeiro turno mostrou que os eleitores rejeitaram o radicalismo.

Boulos rebateu a fala de Covas: “Eu vi a declaração do Bruno de que a disputa seria da ponderação contra o radicalismo. A disputa não é essa, ele está errado, a disputa é da mesmice com a esperança.”

A apuração dos votos sofreu grande atraso por causa de uma falha técnica no supercomputador do Tribunal Superior Eleitoral. Diferentemente das eleições anteriores, a divulgação dos resultados não foi realizada pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), mas foi concentrada em Brasília.

Veja os números da apuração com 99,92% das urnas apuradas:

Mais uma vez, a capital paulista vai ser palco de um confronto entre tucanos e a esquerda. Mas, dessa vez, o adversário do PSDB não será o PT, mas o Psol. “Parece que não foi um bom negócio para o presidente Bolsonaro se meter na eleição em São Paulo”, comentou Covas, durante a apuração. “Não é só uma eleição, estamos falando do projeto de uma geração. Isso sinaliza o começo da derrota do bolsonarismo”, disse Boulos após a oficialização do resultado do primeiro turno.

Se a ida de Covas ao segundo turno era dada como certa pelas pesquisas, o desempenho de Boulos foi a grande surpresa da eleição paulistana. O candidato do Psol chega ao segundo turno mais forte que as previsões.

Na pesquisa Ibope do último sábado (14), ele aparecia em segundo lugar com 16% das preferências (veja metodologia abaixo), tecnicamente empatado, dentro da margem, com Celso Russomanno (Republicanos) e Márcio França (PSB), ambos com 13%.

Celso Russomanno fica fora do segundo turno

A campanha foi marcada pela escassez de debates, à exceção da última semana, quando os candidatos se enfrentarem em três oportunidades. O corpo a corpo também foi limitado por causa da pandemia.

Como ocorreu nas eleições municipais passadas, Celso Russomanno (Republicanos) largou a corrida como favorito, mas ao longo da campanha sua candidatura derreteu. Nem o apoio do presidente Bolsonaro serviu para que ele revertesse a situação.

Pelo contrário, o deputado federal e apresentador de TV chegou a esconder o presidente em algumas ocasiões. Segundo o Datafolha, Bolsonaro é rejeitado por 50% dos moradores da capital. A queda do candidato bolsonarista beneficiou Covas que tomou a dianteira no começo de novembro.

Acusações contra Covas não abalaram sua imagem 

O tucano usou o horário eleitoral - ele dispunha de cerca de 40% do tempo de rádio e TV - para defender sua administração e exaltar sua trajetória política e pessoal, como o enfrentamento de um câncer, a gestão da pandemia e o legado herdado do avô, o ex-governador tucano Mário Covas.

O prefeito evitou ainda colar sua imagem à do governador paulista João Doria, do mesmo partido, que tem alta rejeição entre os eleitores. Covas, que foi eleito vice-prefeito em 2016, herdou a administração em 2018, quando Doria abandonou o mandato para disputar o governo do estado e acabou se elegendo com o slogan “BolsoDoria”.

Acusações de irregularidades pairaram sobre a campanha de Covas, como as suspeitas de uso de dinheiro da prefeitura nos convênios das creches para beneficiar um grupo político ligado ao vice-prefeito, Ricardo Nunes (MDB). Os adversários tentaram ainda colar a imagem do prefeito a nomes da velha guarda tucana, como os ex-governadores Geraldo Alckmin e José Serra, envolvidos em escândalos de corrupção.

Boulos fez campanha surpreendente

Candidato à Presidência em 2018, Boulos soube explorar bem as redes sociais e sua campanha descontraída o aproximaram do eleitorado mais jovem. Professor e militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, ele escolheu como vice a ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, na época no PT e hoje do Psol.

Ao longo das semanas, Boulos escalou posições até empatar em segundo lugar nas pesquisas. Dialogando com os moradores das periferias e acusando o prefeito de representar a elite paulista, ele conseguiu abocanhar parte do eleitorado do PT. Já o Partido dos Trabalhadores apostou em Jilmar Tatto, ex-secretária na gestão de Fernando Haddad, mas o nome não empolgou a militância e não uniu a legenda.

Neste domingo (15), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a decisão do candidato Jilmar Tatto (PT) de se manter na disputa pela Prefeitura de São Paulo foi soberana. "Algumas pessoas fizeram um movimento sem depender da direção do partido. Alguns fizeram documento de adesão ao Boulos bem antes de a campanha começar. E nós temos de respeitar. A Gleisi [Hoffmann, presidente do PT] cumpriu o papel dela de presidenta do partido. Ela fez o que deveria fazer. Ela disse que dependeria apenas dele. O candidato disse que continuaria como candidato. Foi uma atitude correta dela e uma atitude soberana dele", disse o ex-presidente.

Lula se referiu ao encontro que Gleisi e Tatto tiveram na última terça-feira. Os dois conversaram sobre a possibilidade de o petista indicar voto útil em Guilherme Boulos. A negociação envolveria o apoio do Psol à candidata do PT à prefeitura do Rio, Benedita da Silva.

França não alavancou; Arthur do Val fez bom resultado

França, que chegou em terceiro lugar, tentou se promover como candidato experiente e moderado, capaz de unir a esquerda e acenando aos eleitores bolsonaristas. Ex-prefeito de São Vicente (SP), ele foi governador paulista por nove meses, em 2018, quando assumiu o cargo de Alckmin que abandonou o mandato para disputar a eleição presidencial. Seu crescimento nas pesquisas foi lento e constante, mas insuficiente para chegar ao segundo turno.

A disputa viu ainda a participação da deputada federal Joice Hasselmann (PSL), que tentou se promover como “direita racional”. Por causa dos atrasos na divulgação dos resultados, Joice usou as redes sociais para lançar suspeitas sobre a regularidade das eleições, mesmo sem apresentar provas de fraude.

Participaram do pleito também Levy Fidelix (PRTB) e o deputado estadual Arthur do Val (Patriota), conhecido no YouTube como Mamãe Falei. Impulsionado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), o candidato bateu na tecla da anticorrupção, da renovação política e da pauta liberal.

O candidato do Novo, Filipe Sabará, abandonou a competição após ter sido expulso do partido por inconsistências no currículo escolar e na declaração de bens.

Metodologia das pesquisas citadas

  • Sob encomenda da TV Globo e do jornal Folha de S. Paulo, o Datafolha ouviu 1.512 eleitores de São Paulo entre os dias 9 e 10 de novembro de 2020. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a identificação SP-05584/2020.
  • Sob encomenda da TV Globo e do jornal O Estado de S. Paulo, o Ibope ouviu 1.204 eleitores de São Paulo entre os dias 12 e 14 de novembro de 2020. O levantamento tem nível de confiança de 95%, e margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a identificação SP-09660/2020.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]