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Ex-esposa de Jair e candidata a vereadora no Rio, Rogéria Bolsonaro recebeu R$ 100 mil do fundo eleitoral do Republicanos.
Ex-esposa de Jair e candidata a vereadora no Rio, Rogéria Bolsonaro recebeu R$ 100 mil do fundo eleitoral do Republicanos.| Foto: Divulgação

Faltando menos de um mês para as eleições municipais, Rogéria Bolsonaro, ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro e mãe do vereador carioca Carlos Bolsonaro, vem sendo privilegiada pela Executiva Nacional do Republicanos na distribuição dos recursos do fundo eleitoral. Rogéria disputa uma vaga na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e integrantes do partido acreditam que a ex-mulher do presidente tem potencial para alavancar votos de outras candidatas, que hoje não tem a mesma estrutura de Rogéria. A direção do partido, por sua vez, nega qualquer favorecimento à candidata.

Até o momento, o Republicanos repassou R$ 387 mil a candidatos a vereador no Rio. Boa parte desse valor está concentrado em duas candidaturas: as de Rogéria e da vereadora e secretária estadual de mulheres do partido, Tânia Bastos. Tânia já recebeu R$ 182 mil e luta pela reeleição. Rogéria, que não disputa uma eleição desde os anos 2000, R$ 100 mil. As demais 19 candidatas do Republicanos no Rio receberam ínfimos R$ 5 mil ou nem sequer foram contempladas com recursos públicos para as suas respectivas candidaturas.

Nem mesmo outros vereadores da sigla que buscam a reeleição na cidade carioca tiveram esse tratamento no ato da distribuição de recursos do fundo. O vereador Inaldo Silva recebeu R$ 50 mil da executiva nacional; João Mendes de Jesus, recebeu outros R$ 50 mil.

Por meio de nota, a sigla informou à Gazeta do Povo que adota como critérios de distribuição de recursos "obedecer estritamente o que determinou o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal: 30% no mínimo para candidaturas femininas e tantos por cento quantos existirem de candidaturas negras e pardas".

"A escolha é feita pela direção estadual – a nacional apenas repassa o que a estadual solicita – e repassa diretamente às candidaturas femininas para evitar que não haja descumprimento às determinações do TSE e STF", explicou o partido por meio de nota oficial.

Ex-esposa de Bolsonaro está entre as candidatas do partido que mais receberam recursos

Em todo o país, a candidatura de Rogéria Bolsonaro é a sexta mais aquinhoada com recursos públicos do fundo eleitoral pela Executiva Nacional do Republicanos. A sigla tem hoje 27,1 mil candidatos a vereador. Apenas as candidaturas de Maria Rosana da Silva (São Luís–MA); Carla Andrea Soares e Deisy Daniela de Barros (ambas em Contagem–MG); Carlinda Araújo (Guarulhos–SP) e de Tânia Bastos receberam aporte maior que a campanha de Rogéria Bolsonaro.

"Rogéria já foi vereadora por dois mandatos, tem experiência política e conhece a cidade do Rio de Janeiro profundamente. Acreditamos que ela será uma das candidatas mais bem votadas, por sua história e compromisso com o povo carioca", explicou o Republicanos sobre o investimento na candidatura dela.

Chamada de “Rosana da Saúde”, Maria Rosana da Silva foi a candidatura a vereador que recebeu o maior volume de recursos da Executiva Nacional do partido em todo o Brasil: R$ 300 mil. Porém, a escolha tem algumas explicações. A candidata recebeu as bênçãos da Igreja Universal, do vice-governador maranhense Carlos Brandão (que é o 3º vice-presidente da Executiva Nacional do Republicanos) e, de quebra, ainda tem beneficiado o candidato a prefeito pelo partido, Duarte Júnior. Pelo menos R$ 15,8 mil gastos por Rosana da Saúde foram com materiais gráficos que também incluem a divulgação da candidatura de Duarte Júnior.

Ao todo, o Republicanos afirma que vai aplicar em torno de R$ 10 milhões em candidaturas femininas no pleito de 2020, incluindo também as mulheres que disputam os cargos de prefeita ou de vice-prefeita.

Rogéria Bolsonaro é vista como “puxadora de votos” no Rio

Integrantes do Republicanos acreditam que Rogéria Bolsonaro pode vir a ser uma eventual “puxadora” de votos do partido, ao lado de Carlos Bolsonaro, que tenta a reeleição.

Rogéria tenta voltar a ter um cargo eletivo após uma disputa com o próprio filho, durante as eleições municipais de 2000. Na época, Carlos foi eleito com 16 mil votos e Rogéria teve 5 mil, perdendo a vaga na Câmara de Vereadores (ela fora eleita em 1992 e reeleita 4 anos depois). Naquele ano, Jair Bolsonaro proibiu Rogéria de utilizar o sobrenome “Bolsonaro” na campanha.

Desde que perdeu a vaga na Câmara, Rogéria passou por vários cargos comissionados na administração pública. Mais recentemente, foi nomeada assessora parlamentar do deputado estadual Anderson Moraes (PSL), na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Anderson é parlamentar ligado ao senador Flávio Bolsonaro.

Agora, ao contrário do que ocorreu em 2000, mãe e filho estão do mesmo “lado do balcão”. E Rogéria também tem o apoio do presidente. Nas redes sociais, Carlos pediu apoio à mãe e Rogéria também adotou o lema do presidente no início de sua campanha: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. A candidata também foi autorizada a utilizar a imagem de Bolsonaro nos santinhos e demais peças publicitárias.

Republicanos sonham em ter Jair Bolsonaro nas eleições de 2022

Por trás das questões familiares, integrantes do Republicanos admitiram em caráter reservado à Gazeta do Povo que ao dar maior suporte para Rogéria Bolsonaro eles tentam atrair o presidente para o partido, na disputa presidencial de 2022. Dos três filhos de Bolsonaro, dois já são filiados ao Republicanos: o vereador Carlos e o senador Flávio. Jair Bolsonaro está sem partido desde o final do ano passado, quando ele deixou o PSL após disputas internas pelo controle do fundo partidário.

Já de Flávio Bolsonaro, Rogéria Bolsonaro herdou a contadora Alessandra Cristina Ferreira de Oliveira, que atuou na campanha do senador em 2018, para ser a coordenadora financeira de sua campanha. Alessandra é uma das investigadas no caso Queiroz, suspeita de ter repassado parte de seu salário, quando era assessora de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), para o parlamentar no esquema da rachadinha.

Na campanha de Rogéria, Alessandra ficou responsável por prestar contas à Justiça Eleitoral, organizar contratos com gráficas e produtoras de conteúdo.

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