• Carregando...
O ex-presidente Lula durante comício.
Ex-presidente Lula vai focar agendas de comícios no Sudeste| Foto: Ricardo Stuckert/PT

Os articuladores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiram quais serão os pilares da primeira fase da campanha petista, que começa nesta terça-feira (16) – data em que os candidatos oficialmente podem começar a pedir voto. Ao menos pelos próximos 30 dias, Lula deve focar em discursos voltados para os mais pobres, na busca do voto religioso e na tentativa de conter o crescimento do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Sul e Sudeste.

Na estratégia para conter o crescimento de Bolsonaro no segmento dos eleitores mais pobres, a campanha de Lula pretende emplacar a narrativa de que o pagamento de R$ 600 do Auxílio Brasil pelo governo tem "caráter eleitoreiro".

O objetivo dos aliados do ex-presidente é dizer que o reajuste feito por Bolsonaro está garantindo apenas até dezembro e que o ex-presidente vai manter o valor caso seja eleito.

"Não é uma crítica ao Auxílio Brasil, até porque nós aprovamos, nós votamos juntos [no Congresso], porque a nossa linha é o seguinte: o que beneficia o povo, ainda que seja feita de forma errada, nós vamos votar [a favor]. O que nós queremos é dizer e deixar claro é que esse auxílio do Bolsonaro ele está com data marcada para acabar e só aconteceu neste valor por conta da campanha eleitoral. Na realidade, por medo de Lula”, afirmou a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann.

Campanha trava batalha com Bolsonaro por auxílio de R$ 600

Na mesma estratégia, a campanha de Lula vai usar a influência do deputado André Janones (Avante-MG) nas redes sociais para emplacar esse discurso sobre o Auxílio Brasil. Janones abriu mão de sua candidatura à Presidência para apoiar o petista e, na semana passada, realizou uma live ao lado de Lula para afirmar que Bolsonaro vai acabar com o auxílio de R$ 600.

"Bolsonaro fez uma bobagem muito grande quando ele fez a PEC para criar o estado emergencial, para poder criar o auxílio emergencial. Ele disse que o auxílio emergencial era uma ajuda que ia sair de R$ 400 reais para R$ 600 até dezembro. Isso é o que está na lei. Isso é o que os deputados aprovaram e o que foi votado", disse Lula.

Em seguida, Lula emendou que “a única possibilidade” de o auxílio seguir seria com a eventual vitória dele nas eleições. "Enquanto não acabar a fome e a miséria não pode acabar o auxílio emergencial. Não há como tirar o benefício sem que a economia se recupere", disse.

Até o momento, o valor do Auxílio Brasil tem sido um dos principais embates entre a campanha de Lula com o presidente Bolsonaro. Apesar da PEC dos benefícios sociais garantir o pagamento de R$ 600 para o programa social até dezembro, Bolsonaro incluiu na sua proposta de governo a manutenção do valor a partir de 2023.

"O que eu já conversei com o Paulo Guedes [ministro da Economia], que eu não faço nada sem conversar com ele, sem conversar com o respectivo ministro: ‘PG, dá pra manter esses 600 a mais no ano que vem?’ Ele falou que dá, se fizer isso, isso e isso…”, disse o presidente, reafirmando: “Vai ser mantido os 600 reais de auxílio emergencial no ano que vem”, disse Bolsonaro em entrevista no podcast Cara a Tapa.

Campanha de Lula vai pregar contra intolerância religiosa  

Diante da consolidação do apoio do presidente Bolsonaro entre os evangélicos, a campanha do ex-presidente Lula pretende ampliar os discursos contra a intolerância religiosa. A estratégia ocorre depois que a primeira-dama Michelle Bolsonaro criticou o apoio que Lula tem recebido de representantes de religiões de matriz africana como a Umbanda e o Candomblé.

Na avaliação de integrantes do PT, o ex-presidente pode atrair o apoio de religiosos moderados diante da posição de aliados de Bolsonaro em relação aos demais segmentos religiosos. Nesta semana, por exemplo, a campanha petista começou a disparar peças publicitárias em que afirma que "Lula é cristão, nunca fechou nem vai fechar igrejas".

Batizada de "verdade na rede", a campanha tem como objetivo combater notícias falsas contra o petista. "Durante os governos do PT, a comunidade [religiosa] foi especialmente beneficiada por leis sancionadas por Lula. No primeiro ano de governo, ele sancionou a lei que permitiu que as igrejas e associações religiosas pudessem ter personalidade jurídica. Em 2009, instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus e, em 2010, outra lei sancionada por Lula criou o Dia Nacional do Evangélico. Um presidente que fez tanto pela comunidade evangélica no passado, e agora sofre com as notícias falsas espalhadas pelo bolsonarismo. Não é justo", diz o vídeo divulgado pela campanha.

Em outra frente, o pastor Paulo Marcelo, escalado pelo PT para dialogar com os evangélicos, sugeriu a realização de um grande culto pentecostal em São Paulo com lideranças evangélicas e que conte com a presença de Lula e de Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa petista. A avaliação interna é que é preciso que a campanha também use as propagandas de televisão para fazer um aceno a esse segmento.

Campanha de Lula vai tentar conter Bolsonaro no Sul e no Sudeste

Em outra frente, a campanha de Lula pretende trabalhar para conter o avanço de Bolsonaro nas regiões Sul e Sudeste. A expectativa do PT é promover uma série de agendas do petista ao lado de Geraldo Alckmin em estados como Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul ainda no mês de setembro.

Antes disso, a campanha vai focar as agendas de Lula no Sudeste, região que vai receber os três primeiros comícios da campanha. Depois de abrir a campanha no ABC Paulista, o petista vai realizar um comício no próximo dia 18 em Minas Gerais, outro em São Paulo no dia 20 e até o final do mês pretende ir ao Rio de Janeiro.

A avaliação interna é de que o ex-presidente precisa conter o crescimento que Bolsonaro vem registrando nessas regiões. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, levantamento de agosto da Quaest mostrou que o petista e Bolsonaro estão tecnicamente empatados. De acordo com a pesquisa, Lula tem 37% das intenções de votos, ante 35% de Bolsonaro. Os números representam um crescimento de 10 pontos percentuais para Bolsonaro desde o começo deste ano na região. Em janeiro, Lula tinha 39%, enquanto Bolsonaro aparecia com 25% entre os eleitores paulistas. 
Apesar disso, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirma que a campanha está otimista com o início da campanha. "Historicamente, é uma das campanhas que a gente entra mais bem posicionado", diz petista.

Metodologia de pesquisa citada na reportagem

O levantamento da Quaest, encomendado pelo banco Genial, ouviu 2 mil eleitores do estado de São Paulo entre os dias 5 e 8 de agosto. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-07655/2022.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]